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10/01/2004 - 07h44

Homenagens lembram centenário de Lamartine Babo

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IRINEU FRANCO PERPETUO
free-lance para a Folha

Embora digam que, no Brasil, o ano só começa depois do Carnaval, já estão em andamento as comemorações do centenário de um de nossos principais carnavalescos, o carioca Lamartine Babo, nascido em 10 de janeiro de 1904.

No CCBB-RJ, começou no último dia 6, com apresentação de Eduardo Dusek e Soraya Ravenle, a série "Lamartine em Revista". Com espetáculos até dia 27, sempre às terças, a homenagem ao compositor, morto em 1963, terá ainda apresentações de Léo Jaime, Pedro Miranda e o grupo Arranco de Varsóvia, entre outros.

Em São Paulo, também no CCBB, e com apresentações igualmente às terças, as "Horas Lamartinescas" têm início no próximo dia 13, com Língua de Trapo e Jica y Turcão e participação especial de Ângela Maria. Agendada até 3 de fevereiro, a série terá ainda aparições de Maria Alcina, Mário Manga e Maurício Pereira.

Em 18, 19 e 20 de fevereiro, no Sesc Ipiranga, o produtor Heron Coelho estréia o musical "Por Lamartine ... Babo", estrelando Maria Alcina, e com participação especial da cantora e atriz Fabiana Cozza. Utilizando elementos teatrais e fazendo a produção do autor de "Serra da Boa Esperança" dialogar com as estéticas do modernismo e da tropicália, o espetáculo deve excursionar pelas unidades do Sesc do interior paulista.

Além disso, o pesquisador carioca Suetônio Soares Valença pretende finalizar, em abril, "Lamartine Babo Carnaval, Teatro de Revista, Rádio", versão revista e ampliada de "Tra la lá: Lamartine Babo", biografia de 382 páginas, incluindo catálogo geral da obra, discografia e apresentação do compositor e caricaturista Nássara (1910-1996), que foi lançada pela Funarte em 1981 e, posteriormente, reeditada em 1989.

"Trabalhar com música popular é difícil, porque as fontes não têm aquele rigor acadêmico, não estão nas bibliotecas: a gente tem que pesquisar em jornais e fazer entrevistas", diz Suetônio. "Meu livro era a trajetória individual de Lamartine Babo. No volume que estou preparando agora para o centenário, sua silhueta vai aparecer destacada, mas sobre o pano de fundo do Rio de Janeiro de sua época, e os três veículos de sua produção musical: o Carnaval, o teatro de revista e o rádio".

Ainda sem editora definida, e com prazo de lançamento previsto para novembro, a obra pretende caracterizar Babo como personagem-chave na construção do imaginário carioca. "Acho que ele era único na questão do humor. Suas letras eram muito raras, muito engraçadas, e acabaram formando esse espírito carioca que forjou o Rio de Janeiro, no imaginário do Brasil e do exterior, como lugar de vida alegre."

Embora seja identificado com o Rio, Babo viajou para o Rio Grande do Sul e Minas Gerais, e tinha uma ligação com São Paulo que surpreendeu Suetônio. O biógrafo conta que, em 1926, ele esteve em São Paulo com a Companhia Negra de Revistas, integrada por atores negros. "Mário de Andrade estava escrevendo 'Macunaíma' nesta época, e precisava de informações sobre ritos afro-brasileiros; por conselho do crítico Antônio Bento, foi visitar a companhia, e o resultado é a cena de macumba que aparece em seu livro."

Mais tarde, em 1935, a convite da Prefeitura de São Paulo, que resolvera investir no Carnaval local, Babo volta à Paulicéia e participa de um concurso, no qual ouve a marchinha "Preto e Branco", com letra de Silvino Neto e música de Lírio Panicali. Em 1946, Babo compõe hinos para os 12 clubes que integravam a liga carioca de futebol; ele se lembra da marchinha e, pedindo permissão aos autores, utiliza sua melodia no hino do Fluminense. "O hino do tricolor carioca tem música de um paulista, filho de italianos", diz Suetônio.

Ele estima a produção do autor girando em torno de 300 a 350 obras. Suas criações dos anos 20, para teatro de revista, estão disponíveis em partitura, mas ainda carecem de registro fonográfico.

O Babo dos anos 20 foi, então, bastante influenciado pelo foxtrote, pelo charleston e pela música do cinema norte-americano da época. "Ele não fazia versões porque não sabia inglês, mas realizou algumas adaptações de bastante sucesso de músicas americanas."

LAMARTINE EM REVISTA - A cada terça um diferente espetáculo
Onde: CCBB-RJ (r. 1º de Março, 66, RJ, 0/xx/21/3808-2020)
Quando: ter., às 12h30 e às 18h30 (até 27/1)
Quanto: R$ 6

HORAS LAMARTINESCAS - A cada terça um diferente espetáculo
Onde: CCBB-SP (r. Álvares Penteado, 112, SP, tel. 0/xx/ 11/3113-3651)
Quando: ter., às 13h e às 19h30 (até 03/2)
Quanto: R$ 6

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