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12/01/2004 - 08h21

Metal sofre mutações, mas continua seduzindo adolescentes

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GUILHERME WERNECK
da Folha de S.Paulo

Uma hipótese científica sugere que um meteoro pode ter acabado com a vida dos dinossauros na Terra. Nenhum fenômeno físico, porém, conseguiu dar cabo dos dinossauros do heavy metal. Passam os anos, o metal sofre mutações, mas uma coisa não muda: o fascínio que o universo metaleiro, com suas quase infinitas subdivisões, exerce sobre os adolescentes, principalmente os garotos.

Um exemplo está nos dez melhores discos do ano, segundo votação dos leitores do Folhateen na internet. Entre os nacionais, entrou o Angra. Entre os internacionais, há espaço tanto para o nu-metal do Linkin Park quanto para os veteranos do Iron Maiden.

"O heavy metal fica vivo porque é uma música de muita energia, em que tudo vai ao extremo. Ou o vocal é o mais agudo possível ou o mais gutural. A guitarra é muito rápida ou tem uma afinação bem grave. Ir ao extremo é uma coisa de adolescentes, que querem atingir a última fase do videogame ou tocar o mais rápido possível. Quando comecei a tocar, fui atrás dos guitarristas mais rápidos", diz Kiko Loureiro, 31, guitarrista do Angra, que vê uma renovação incessante no público. "Nos shows, o que a gente vê é uma garotada de 13 a 20 anos."

Já para o vocalista do Shaman, Andre Matos, 32, a imaginação está por trás dessa perenidade. "Acho que o encanto, desde a época em que eu era um garoto, está no fato de o metal lidar muito com o imaginário e de ter um lado lúdico. Desde Black Sabbath e Deep Purple, as bandas escrevem muito sobre fatos épicos, temas heróicos e mitologia", conta.

Andre diz que o Shaman atrai gente de todas as idades, mas deve enfrentar um desafio no próximo sábado (17/1), quando abrirá o show para o Iron Maiden, no estádio do Pacaembu, em São Paulo. Quem quiser ir, os ingressos custam de R$ 50 a R$ 120 (informações pelo tel. 0/ xx/11/6846-6000). Antes, o Iron toca na sexta (16/1) no Claro Hall, no Rio (informações pelo tel. 0/xx/21/2430-0751).

Forja do metal

Tanto o virtuosismo quanto o imaginário mítico já estavam presentes na demoníaca trindade do metal. Black Sabbath, Led Zeppelin e Deep Purple são as pedras fundamentais do gênero, que lançaram as bases da cultura metaleira na virada dos anos 60 para os 70.

Principalmente nos precursores, outro tema igualmente forte é a transgressão, que aparecia de duas formas: na glorificação da velocidade, simbolizada pela estrada, e no sexo, com uma forte carga machista. É explorando essas temáticas que o metal ganha força até sofrer um impacto que iniciaria sua subdivisão em infinitos gêneros.

Muitos metaleiros da velha-guarda não gostam de assumir, mas o punk, sobretudo a ideologia do "faça você mesmo", pôs o metal de pernas para o ar.

É na Inglaterra, sob o impacto dos punks, que surge o movimento batizado de NWOBHM (New Wave of British Heavy Metal), que acelera e dá peso à matriz blueseira do metal dos anos 70, e vai ainda mais fundo nos temas históricos e ocultistas. A banda mais importante e duradoura dessa época é o Iron Maiden, que deixou duas impressões indeléveis na cultura pop: o monstro Eddie e a figura do virtuoso que rompe limites, encarnada pelo baixista Steve Harris.

Bandas como Motörhead, Saxon, a anglo-australiana AC/DC e algumas mais antigas, como o Judas Priest, se alinharam à energia do NWOBHM para formar o som que passa na cabeça da maioria das pessoas quando se fala em metal.

Da veia macabra do NWOBHM, nasceram bandas como o Venom, cujo álbum "Black Metal" (82) definiu um estilo, com suas letras mórbidas/satânicas e muito peso e velocidade. Essas duas últimas características foram associadas, mais tarde, ao thrash metal de bandas como Metallica e Anthrax. Já a morbidez e o ocultismo são fontes do death metal de hoje, cujo maior celeiro é a Escandinávia.

Do lado pop, surgiram bandas de muito sucesso, mas que tiveram de conviver com a pecha de hair metal, como Poison e Bon Jovi. Elas tinham em sua raiz uma linha do hard rock americano, que passa por Kiss, Van Halen e Mötley Crüe. No meio do caminho, indo fundo no hard rock e experimentando um sucesso de massa, surge o Guns N" Roses.

Nos anos 90, além de inúmeros subgêneros, o metal passa a conviver com os híbridos que desembocam no nu-metal. Bandas como Korn, Deftones, Linkin Park e Slipknot, incorporam o rap e a eletrônica, desafiam os fãs mais tradicionais, mas ganham uma legião de garotos que, fatalmente, acabam fazendo o caminho de volta até a demoníaca trindade.

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