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28/01/2004 - 08h13

Poesia concreta ganha "passarela" de TVs na SPFW

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CASSIANO ELEK MACHADO
da Folha de S.Paulo

Enquanto dentro das salas da Bienal passeiam as gazelas da Fashion Week, em um de seus corredores o desfile é de poemas.

"Vestidos" com animações de última moda, com trilhas sonoras compostas especialmente para acompanhar suas passadas, 12 textos de oito poetas mostrarão suas curvas no evento do parque Ibirapuera.

"Street Wall" é o nome do projeto, concebido pela encenadora Daniela Thomas, batizado pelo poeta Augusto de Campos e "curado" pela artista plástica e poeta Lenora de Barros.

A palavra "wall", muro, vem de "videowall" (aqueles agrupamentos de TVs que formam um grande televisor quadrado). A novidade é indicada pelo termo "street". As animações de poemas serão exibidas em uma fileira horizontal de monitores, como uma rua.

Apesar do sotaque inglês, de "walls", "fashions", "streets" e "weeks", é poesia das mais paulistanas a que desfilará pela passarela de 25 metros de televisores.

São concretistas, neoconcretistas ou parentes espirituais da concretude os poetas que terão animações no "Street Wall".

Do "power trio" original, Haroldo e Augusto de Campos e Décio Pignatari foram pinçados dois poemas cada um, desde os da primeira fase do movimento --"LIFE" (1957), de Décio, "nascemorre" (1958), de Haroldo, e "cidade/ city/cité" (1963), de Augusto-- até um mais recente "crisantempo", que Haroldo de Campos, morto há um ano, fez em 1998.

Completam o quadro o também velha-guarda Ronaldo Azeredo, que cede seu "velocidade" (1957), e os "herdeiros" Walter Silveira (com dois trabalhos), João Bandeira, Lenora de Barros e Arnaldo Antunes, que tem em seu "Máximo Fim", de 2000, o poema mais recente.

"Cada poema recebeu um tratamento visual diferente", conta Lenora de Barros. "Em alguns fizemos um trabalho só tipográfico; em outros, entram imagens, como cenas de carros no fundo do poema 'cidade'."

Este, o poema mais "urbano" da mostra, é o que mais se aproxima da idéia original. "Street Wall" seria, inicialmente, uma coletânea de poemas urbanos, conceito que se engancharia no aniversário paulistano. Assim como as cidades, que crescem desordenadas, o projeto também transbordou.

Grima Grimaldi, videomaker que trabalhou em parceria com Lenora, diz que o resultado final continuou "urbano". "Olhar os poemas andando por essas telas é como alguém em um ônibus vendo a cidade passar na janela."

Já experimentado em trabalhos como esses, que ele chama de "poesia visual" --e que Augusto de Campos batiza de "verbivocovisuais"--, Grimaldi diz que o grande desafio foi o novo formato, de não mais do que 1 m de altura e 25 m de extensão. "Cheguei a refazer animações de poemas mais de 15 vezes."

Completando o núcleo de "Street Wall" está o músico Cid Campos, que fez os "tratamentos sonoros" das criações.

"Meu trabalho é uma musicalização da poesia, compor em cima dela, para ela, fazer desde samplers de vozes até cantar sobre os poemas", explica Campos.

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