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06/02/2004
-
08h41
BRUNO GHETTI
da Folha de S.Paulo
O filme "Encantadora de Baleias", que estréia hoje no país, conta a história de Paikea, garota descendente de uma nobre linhagem da comunidade nativa maori, da Nova Zelândia. Ao nascer, a menina sobrevive a um parto difícil, em que morrem a mãe e o irmão gêmeo. É, então, rejeitada pelo avô por ser mulher. Só o tempo pode provar que Paikea é mesmo predestinada a se tornar líder de seu povo e levá-lo à redenção.
Tão poderosa quanto sua personagem parece ser a atriz que a interpreta. Keisha Castle-Hughes tem 13 anos, pouco mais de um metro e meio de altura e um só filme no currículo. Um só filme, mas também um grande feito: uma indicação para o Oscar de melhor atriz principal, justamente por sua estréia no cinema --é a pessoa mais jovem já indicada nessa categoria (até então era a francesa Isabelle Adjani, que tinha 20 anos ao ser indicada em 76 por "A História de Adèle H.").
A pequena Keisha nasceu em 1990 na Austrália, mas com um ano e meio de idade mudou-se para a Nova Zelândia. "Eu me considero totalmente neozelandesa", diz a garota, de sua casa em Auckland, em entrevista por telefone à Folha.
Ela conta que levou um grande susto ao saber que havia sido indicada para o Oscar. "Eu estava dormindo, eram três da manhã quando minha mãe me contou. Fiquei muito surpresa e chocada. Até hoje eu ainda me surpreendo ao lembrar que fui indicada", diz.
Keisha fala de uma maneira calma e gentil, com um jeito um pouco mais maduro do que se espera de uma menina de 13 anos. Mas, volta e meia, deixa transparecer sua recém-chegada adolescência, como quando, indagada sobre sua atriz predileta, responde de bate-pronto: "Julia Roberts! Seria um grande privilégio trabalhar com ela. Outro dia vi na TV uma entrevista em que lhe perguntaram o que a fazia chorar. Ela disse: o filme 'Encantadora de Baleias'. Quer dizer, meu Deus! Meu maior ídolo viu meu filme. Ela sabe que eu existo!", se empolga.
Ao falar de sua vida íntima, a garota abaixa o tom de voz e, quase monossilábica, responde que tem um namorado chamado Bradley, de 16 anos. "Ele ficou muito feliz por mim, mas não vai poder ir à festa do Oscar", diz, timidamente.
Quanto a Keisha, ela vai sim à cerimônia de 29 de fevereiro, na companhia da mãe. "Eu e minha mãe ainda estamos pensando no que vou vestir, tendo idéias, entrando em contato com alguns estilistas. Vamos ver o que acontece. Só digo que vai ser uma grande surpresa para a noite", promete.
Keisha diz conhecer o trabalho de suas concorrentes (as atrizes Diane Keaton, Samantha Morton, Charlize Theron e Naomi Watts), mas admite que não assistiu aos filmes pelos quais foram indicadas. "Nem quero assistir, pelo menos até a cerimônia do Oscar", confessa. "Não quero pensar que é uma competição. Só ficar pensando que fui indicada já é algo maravilhoso. Mesmo se não ganhar, não vou me importar. Mas se eu vencer, é claro, vai ser algo fantástico", ela diz, contando em seguida que não tem a menor idéia quanto a suas chances reais de arrebatar a estatueta dourada.
A garota revela que sempre pensou em ser atriz, mas que só depois de "Encantadora de Baleias" é que cogitou seguir a profissão. Keisha foi "descoberta" por Diana Rowan, a mesma diretora de elenco que descobriu outra precoce atriz da Nova Zelândia, Anna Paquin, que aos 12 anos ganhou o Oscar de atriz coadjuvante em 1994 pela atuação em "O Piano", de Jane Campion. "Ela [Diana Rowan] me encontrou na escola. Não estou certa, mas acho que ela procurava por um tipo de aparência específico [a mãe de Keisha tem ascendência maori], então me chamou para um teste. Aceitei, meio pensando 'ok, vamos ver no que dá'. E deu certo."
E deu mesmo certo. A menina diz que não quer deixar a Nova Zelândia, mas não descarta seguir carreira internacional. "Por enquanto só tenho os estudos como projeto", desconversa, ao ser indagada sobre novos trabalhos.
Antes de conceder a entrevista, Keisha se disse feliz em falar com um jornal brasileiro. "Não conheço muito sobre o país. Sei que tem muito café e que tem belas concorrentes nos concursos de Miss Mundo (risos). Certamente gostaria de conhecer o Brasil um dia." Se ela vier, tem tudo para ser bem recebida. Na 27ª Mostra BR de Cinema de São Paulo, "Encantadora de Baleias" foi eleito o melhor filme pelo júri oficial.
Sobre as filmagens, que duraram oito semanas, Keisha diz que contou muito com o auxílio da diretora, Niki Caro, sobretudo para as cenas mais dramáticas. "Sempre ensaiávamos antes de filmar. Nas cenas de choro, eu chorava mesmo. Niki me ajudava a trabalhar meus sentimentos para, na hora da cena, as lágrimas saírem com naturalidade", ela diz, e deixa claro: "As baleias [Keisha 'monta' sobre uma delas no filme] não eram de verdade; até as encalhadas na praia eram de látex e borracha, por isso não tive medo".
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da Folha de S.Paulo
O filme "Encantadora de Baleias", que estréia hoje no país, conta a história de Paikea, garota descendente de uma nobre linhagem da comunidade nativa maori, da Nova Zelândia. Ao nascer, a menina sobrevive a um parto difícil, em que morrem a mãe e o irmão gêmeo. É, então, rejeitada pelo avô por ser mulher. Só o tempo pode provar que Paikea é mesmo predestinada a se tornar líder de seu povo e levá-lo à redenção.
Tão poderosa quanto sua personagem parece ser a atriz que a interpreta. Keisha Castle-Hughes tem 13 anos, pouco mais de um metro e meio de altura e um só filme no currículo. Um só filme, mas também um grande feito: uma indicação para o Oscar de melhor atriz principal, justamente por sua estréia no cinema --é a pessoa mais jovem já indicada nessa categoria (até então era a francesa Isabelle Adjani, que tinha 20 anos ao ser indicada em 76 por "A História de Adèle H.").
A pequena Keisha nasceu em 1990 na Austrália, mas com um ano e meio de idade mudou-se para a Nova Zelândia. "Eu me considero totalmente neozelandesa", diz a garota, de sua casa em Auckland, em entrevista por telefone à Folha.
Ela conta que levou um grande susto ao saber que havia sido indicada para o Oscar. "Eu estava dormindo, eram três da manhã quando minha mãe me contou. Fiquei muito surpresa e chocada. Até hoje eu ainda me surpreendo ao lembrar que fui indicada", diz.
Keisha fala de uma maneira calma e gentil, com um jeito um pouco mais maduro do que se espera de uma menina de 13 anos. Mas, volta e meia, deixa transparecer sua recém-chegada adolescência, como quando, indagada sobre sua atriz predileta, responde de bate-pronto: "Julia Roberts! Seria um grande privilégio trabalhar com ela. Outro dia vi na TV uma entrevista em que lhe perguntaram o que a fazia chorar. Ela disse: o filme 'Encantadora de Baleias'. Quer dizer, meu Deus! Meu maior ídolo viu meu filme. Ela sabe que eu existo!", se empolga.
Ao falar de sua vida íntima, a garota abaixa o tom de voz e, quase monossilábica, responde que tem um namorado chamado Bradley, de 16 anos. "Ele ficou muito feliz por mim, mas não vai poder ir à festa do Oscar", diz, timidamente.
Quanto a Keisha, ela vai sim à cerimônia de 29 de fevereiro, na companhia da mãe. "Eu e minha mãe ainda estamos pensando no que vou vestir, tendo idéias, entrando em contato com alguns estilistas. Vamos ver o que acontece. Só digo que vai ser uma grande surpresa para a noite", promete.
Keisha diz conhecer o trabalho de suas concorrentes (as atrizes Diane Keaton, Samantha Morton, Charlize Theron e Naomi Watts), mas admite que não assistiu aos filmes pelos quais foram indicadas. "Nem quero assistir, pelo menos até a cerimônia do Oscar", confessa. "Não quero pensar que é uma competição. Só ficar pensando que fui indicada já é algo maravilhoso. Mesmo se não ganhar, não vou me importar. Mas se eu vencer, é claro, vai ser algo fantástico", ela diz, contando em seguida que não tem a menor idéia quanto a suas chances reais de arrebatar a estatueta dourada.
A garota revela que sempre pensou em ser atriz, mas que só depois de "Encantadora de Baleias" é que cogitou seguir a profissão. Keisha foi "descoberta" por Diana Rowan, a mesma diretora de elenco que descobriu outra precoce atriz da Nova Zelândia, Anna Paquin, que aos 12 anos ganhou o Oscar de atriz coadjuvante em 1994 pela atuação em "O Piano", de Jane Campion. "Ela [Diana Rowan] me encontrou na escola. Não estou certa, mas acho que ela procurava por um tipo de aparência específico [a mãe de Keisha tem ascendência maori], então me chamou para um teste. Aceitei, meio pensando 'ok, vamos ver no que dá'. E deu certo."
E deu mesmo certo. A menina diz que não quer deixar a Nova Zelândia, mas não descarta seguir carreira internacional. "Por enquanto só tenho os estudos como projeto", desconversa, ao ser indagada sobre novos trabalhos.
Antes de conceder a entrevista, Keisha se disse feliz em falar com um jornal brasileiro. "Não conheço muito sobre o país. Sei que tem muito café e que tem belas concorrentes nos concursos de Miss Mundo (risos). Certamente gostaria de conhecer o Brasil um dia." Se ela vier, tem tudo para ser bem recebida. Na 27ª Mostra BR de Cinema de São Paulo, "Encantadora de Baleias" foi eleito o melhor filme pelo júri oficial.
Sobre as filmagens, que duraram oito semanas, Keisha diz que contou muito com o auxílio da diretora, Niki Caro, sobretudo para as cenas mais dramáticas. "Sempre ensaiávamos antes de filmar. Nas cenas de choro, eu chorava mesmo. Niki me ajudava a trabalhar meus sentimentos para, na hora da cena, as lágrimas saírem com naturalidade", ela diz, e deixa claro: "As baleias [Keisha 'monta' sobre uma delas no filme] não eram de verdade; até as encalhadas na praia eram de látex e borracha, por isso não tive medo".
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