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15/02/2004 - 03h28

Cunhado de Edir Macedo é 10% do faturamento anual da Band

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DANIEL CASTRO
Colunista da Folha de S.Paulo
LAURA MATTOS
da Folha de S.Paulo

Por trás dos investimentos alardeados por Record e Bandeirantes neste início de ano, há uma silenciosa "guerra santa".

De um lado, o bispo Edir Macedo e sua Igreja Universal do Reino de Deus pretendem aplicar US$ 30 milhões na Record ao longo de 2004, com novas contratações e novelas. Do outro, o missionário R.R. Soares --seu cunhado e ex-parceiro-- tornou-se um dos principais pilares financeiros das mais recentes apostas da Band.

Desde 2003, um contrato garante ao evangélico pregação no horário nobre. Valido até 2007, renderá à Band cerca de R$ 100 milhões --alívio significativo em meio à crise do mercado publicitário. A verba anual de Soares representa ao menos 10% do faturamento da Band (que em 2003 foi de R$ 250 mi). É mais do que as Casas Bahia --maior anunciante da TV-- gastam no canal.

Com esse dinheiro, a Band teve fôlego para dar novos ares à programação. Em 2003, "roubou" o apresentador José Luiz Datena da Record e, neste ano, anunciou a contratação de dois globais de peso: a diretora Marlene Mattos e o jornalista Carlos Nascimento.

Procurada, a Record não quis se manifestar sobre o assunto. A Band, por meio de sua assessoria, relativizou o "peso" de Soares: "O que faz a emissora crescer é o conjunto das 24 horas de sua programação e o faturamento que essa grade proporciona".

O bispo da Record e o missionário da Band fundaram juntos, em 1977, a Igreja da Bênção (rebatizada de Universal do Reino de Deus, hoje com 10 mil templos no Brasil). Foi quando conseguiram espaço na TV Tupi e criaram o conceito de "telepastor" no país.

Após três anos, um desentendimento rompeu a sociedade entre Soares e Macedo, irmão de sua mulher. Romildo Ribeiro (R.R.) Soares fundou, então, a Igreja Internacional da Graça de Deus, que hoje tem quase mil templos no Brasil e representantes nos EUA, no Japão e em Portugal. Possui ainda canal de TV no MS.
A Band foi seu maior "gol" na busca por exposição. "Estou bem servido agora", diz Soares, que viajou na quarta para uma "turnê" de um mês pelos EUA.

O evangélico "bate palmas" para as novas contratações da rede. "Eles estão quebrando a máfia do mercado, trazendo pessoal inteligente. E isso ajuda todo mundo, desperta a concorrência."

Com voz calma e pausada, sua marca na "telepregação", sai pela tangente ao falar sobre sua participação nessa "retomada" da Bandeirantes. "A meu ver, eles acertaram em cheio em me colocar lá, pelo menos para ter uma opção de programa à noite."

Coordenador da Igreja Universal no Congresso Nacional, o deputado federal Bispo Rodrigues (PL-RJ) afirma que o dinheiro de Soares ajudará a Band até ela "sair do sufoco". "É um lucro limpo, sem agência de publicidade no meio." Ele, no entanto, diminui o papel do missionário na visível recuperação da concorrente. "Ajuda, claro. Mas a Band também fechou um contrato de R$ 20 milhões com a Petrobras no final de 2002 e usa essa verba até hoje."

Para Soares, a competição entre Band e Record é "uma coisa bonita" e não reflete uma disputa religiosa entre ele e Edir Macedo.

Rodrigues também diz não ver na corrida por audiência uma "guerra santa". "Não há nem concorrência por fiéis", afirma.
 

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