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26/02/2004 - 14h41

Oscar já premiou fracassos de crítica e público no passado

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MARC LAVINE
da France Presse, em Hollywood (EUA)

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas premia neste domingo o que considera terem sido os maiores destaques do cinema em 2003, mas a instituição nem sempre foi famosa por reconhecer seus maiores talentos.

Quando os cerca de 3.000 membros da Academia premiarem seus favoritos neste domingo nenhum dos agraciados com a estatueta dourada gostará de ser lembrado como uma das "ovelhas negras" premiadas por Hollywood.

Muitas vezes, movidos por um excessivo sentimentalismo ou seduzidos por uma boa campanha de publicidade, os membros da Academia votantes acabaram elegendo alguns que atualmente são considerados verdadeiros "horrores" do cinema.

"A Academia já premiou filmes péssimos como 'Sonhos do Passado' ('Save the Tiger', 1971) e 'Temporada de Caça' ('Affliction', 1998)", revelou à France Presse o especialista em Oscar Tom O'Neil. "A Academia quis fazer um tributo a James Coburn e Jack Lemon [que atuavam em 'Sonhos do Passado'] e assim foi", explicou.

Mistérios

Nenhum especialista em cinema, por exemplo, entende como o filme "Aeroporto" ("Airport", 1970), sobre uma tragédia aérea, obteve dez indicações ao Oscar e recebeu uma estatueta.

O ator Burt Lancaster foi muito franco quando soube da indicação do filme "Aeroporto", no qual foi protagonista.

"Não sei porque foi indicado. É o pior lixo que já se fez!", indignou-se.

O musical "O Fantástico Dr. Dolittle" ("Dr. Dolittle", 1967), considerado pela maioria dos especialistas um dos filmes mais entediantes e bobos que o cinema já produziu, obteve nove indicações e levou um Oscar, apesar de ter recebido críticas terríveis.

Uma brilhante campanha dirigida aos membros da Academia deu um empurrão para que o filme "Álamo" ("The Alamo", 1961), considerado "um capricho" de John Wayne, conseguisse sete indicações. O filme acabou ficando com o prêmio de Melhor Som.

"Os votantes se movem pelo talento em si, mas também há outros elementos, como a imagem e o sentimentalismo", explicou Anthony Mora, fundador de uma empresa especializada na "fabricação" de estrelas.

"A campanha publicitária é muito importante. É como uma eleição. Sabemos às vezes como chegar ao coração dos votantes [da Academia]", disse Mora.

Fracassos premiados

O épico western "Dança com Lobos" (1990), de Kevin Costner, não poderia ter tido piores crítica e bilheteria. Mas saiu da festa com sete dos 12 Oscars que disputava, entre eles o de Melhor Filme e Melhor Diretor para Costner.

Outro azarão de Kevin Costner, "Waterworld - O Segredo das Águas" (1995), um dos maiores fracassos do cinema americano, foi indicado em três categorias. Para alívio dos cinéfilos, Costner saiu de mãos abanando.

Os especialistas acreditam que muitas vezes o Oscar acaba sendo um prêmio de consolação.

"No Oscar não só conta realmente qual é o melhor filme do ano ou quem é o melhor ator ou atriz, é muito subjetivo", disse O'Neil.

"[A Academia] não só premia o melhor filme, mas também olha quem ainda está dentro do clube, quem não, e quem se deve compensar este ano por trabalhos anteriores não reconhecidos", acrescentou.

A lenda-viva Elizabeth Taylor foi a primeira a se surpreender ao receber o Oscar de Melhor Atriz pelo filme "Disque Butterfield 8" ("Butterfield 8", 1960).

Ela não foi a única. Pouco depois, os especialistas concordaram que este Oscar recompensava a atriz que saiu sem o prêmio apesar da excelente interpretação em "Gata em Teto de Zinco Quente" ("Cat On a Hot Tin Roof", de 1958). O prêmio de Melhor Atriz daquele ano ficou com Susan Hayward, que caiu no esquecimento, assim como o filme "Quero Viver" ("I Want to Live!"), que lhe rendeu o Oscar.

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