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29/02/2004 - 07h48

Desempenho excepcional de Sean Penn é chance de reconhecimento

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PEDRO BUTCHER
Crítico da Folha de S.Paulo

Dos europeus, Sean Penn não tem do que se queixar. Ele já levou o prêmio de melhor ator nos festivais de Berlim ("Os Últimos Passos de um Homem", 1996), Cannes ("Loucos de Amor", 1997), e Veneza ("21 Gramas", 2003). Mas o cinema americano ainda lhe deve seu reconhecimento máximo. Seria justo e lógico, portanto, que o Oscar de melhor ator deste ano fosse para Sean Penn por seu desempenho excepcional em "Sobre Meninos e Lobos", de Clint Eastwood. Mas, ainda assim, a premiação é incerta.

Penn é um "bad boy" do cinema americano, o bicho-papão em potencial de uma cerimônia conservadora e (tentativamente) à prova de imprevisibilidades como a do Oscar. Um dos poucos atores americanos que não escondem suas opiniões, ele não tem a aura de proteção politicamente correta do casal Susan Sarandon-Tim Robbins. Em 2002, visitou o Iraque para se declarar antiguerra. De volta aos Estados Unidos, sob uma saraivada de críticas, pagou anúncio de página inteira no "New York Times" e estampou nele uma carta contra Bush. Para completar, evita cerimônias do Oscar, apesar das três indicações. "Você é convidado para ser figurante de um mau programa de TV e é visto aplaudindo filmes que provavelmente despreza. No fim das contas, eu me sinto socialmente desconfortável em participar do Oscar." Tudo indica, no entanto, que Penn estará na festa de domingo, "em respeito a Clint Eastwood".

Mas o fato é que Sean Penn é um gigante do cinema, um ator que mais cedo ou mais tarde será reconhecido sob pena do vexame histórico. Como Jimmy Marcus, o pai desesperado de "Sobre Meninos e Lobos", ele se confirma do tamanho de Marlon Brando. Há uma cena particularmente antológica em que seu personagem narra o sentimento de desamparo do dia em que saiu da prisão e se viu sozinho diante da filha pequena, na mesa do café da manhã.

Mas, se o sentimento geral de "chegou a vez de Sean Penn" for soterrado por temores políticos, é bem possível que um ator mais jovem e quase tão talentoso leve o prêmio. Jude Law é o que há de mais energético no frio "Cold Mountain", carregando o filme de Anthony Minghella nas costas. É um inglês interpretando um americano (coisa que os acadêmicos costumam adorar) e um candidato à estrela de grande porte --o que ele custou, mas enfim reconheceu: "Houve um período em que negava a realidade da minha situação. Acho que há uma espécie de modéstia nos ingleses que torna difícil se conformar à vida de estrela. A perspectiva do sucesso é sempre assustadora", disse.

Correndo por fora, ainda, há o nada desprezível desempenho à la Buster Keaton de Bill Murray em "Encontros e Desencontros". Econômico, melancólico e por vezes hilário, Murray tem ainda a vantagem dos comediantes que se revelam "grandes atores" no drama. Seu discurso ao receber o Globo de Ouro de melhor ator de comédia, no mês passado, foi de fina ironia. Ele dedicou o prêmio aos colegas da categoria "melhor ator de drama", em geral segregados e pouco valorizados!

Com "Independent" e "Le Monde"

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