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01/03/2004 - 09h43

Rapper faz disco sem gravadoras nem distribuidoras

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GUILHERME WERNECK
da Folha de S.Paulo

Enquanto fabricantes de discos --incluindo aí multinacionais e independentes-- perdem espaço para a pirataria e para a música on-line, o estilo "do it yourself" (faça você mesmo) ganha cada vez mais adeptos e rende bons lançamentos.

Um dos mais legais dessa onda de produção caseira e distribuição totalmente independente é "Financeiramente Pobre", do rapper paulistano Slim Rimografia, 25.

Para conseguir fazer o seu primeiro disco, Slim usou uma estratégia pouco usual. Depois de deixar um emprego, pegou o dinheiro de indenização do INSS e o investiu todo na produção do disco. Comprou um computador para fazer a música e contou com os amigos para preparar as fotos e o encarte do CD.

Com o disco pronto, Slim chegou até a procurar selos independentes. "Mas ninguém quer lançar um álbum de cara. Recebi ofertas para entrar com as músicas em coletâneas, mas eu não queria. Resolvi fazer tudo sozinho", diz.

A solução foi não prensar o disco em uma fábrica, mas fazer todo o trabalho de forma caseira. Ele grava o disco no computador, um amigo faz o silk screen e ele mesmo embala. A distribuição é de mão em mão em shows ou em lojas do centro de São Paulo.

"Com a grana que eu tinha fiz 50 cópias. Quando vendi tudo, peguei o dinheiro e fiz mais cem e assim por diante. Já fiz 600", diz.

Dá para argumentar que um disco feito em casa pode não ter a mesma qualidade de um gravado em estúdio. Não é o caso de "Financeiramente Pobre". As 17 faixas do disco são muito bem produzidas, e a criatividade supera a tecnologia. O mais surpreendente é que Slim mal tinha domínio do computador quando fez o disco e começara a produzi-lo havia pouco mais de um ano.

"Comecei no hip hop com o grafite e depois fiz uma oficina de MC. Eu não fazia produção. Ficava em casa pensando e escrevendo, até que senti que precisava ter um computador. No primeiro mês com a máquina, não saía nada. Sem condições. Mas um amigo dava os toques e aí eu comecei", conta o rapper, que assina sozinho a produção de 15 faixas do álbum.

E não é uma produção qualquer. "Financeiramente Pobre" é rico em texturas e samples e, mais do que calcado na batida linear do rap, é cheio de suingue. E essa manemolência acomoda perfeitamente a rima ácida, mas bem-humorada, de Slim.

"Faço um hip hop bem diferente, com uma produção mais trabalhada. Isso porque as minhas influências são mais a bossa nova, a MPB, o jazz e o samba." Uma declaração que faz lembrar Andre 3000, do "hypado" Outkast, que advoga que não há mais novidade no rap.

Os pontos altos de "Financeiramente Pobre" são justamente essa produção mais solta e o fato de o disco ser todo conceitual, tratando das desventuras de um aspirante a rapper sem dinheiro.

"Penso no disco como um livro, como uma história. Por isso eu fui muito chato na hora de escolher as músicas e a seqüência delas no álbum", diz Slim.

Um destaque do disco é "Falido", um rap dançante, mais próximo do humor do carioca De Leve do que da rima sisuda dos Racionais.

"Financeiramente Pobre" é vendido a R$ 15. Para conseguir uma cópia, basta escrever para slimrimografia@hotmail.com.
 

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