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01/03/2004 - 12h42

Academia de Hollywood premia dois de seus atores mais rebeldes

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da France Presse, em Hollywood

Hollywood respirou com calma ontem porque dois de seus artistas considerados mais rebeldes e engajados, Sean Penn e Tim Robbins, ambos premiados com o Oscar, fizeram poucos comentários políticos durante a cerimônia, realizada em pleno período eleitoral e em meio da polêmica sobre a Guerra do Iraque.

Mas, diante dos jornalistas reunidos num salão próximo ao local onde era realizada a principal cerimônia do cinema americano, Robbins, vencedor na categoria Melhor Ator Coadjuvante, apresentou algumas posições políticas e críticas ao governo do presidente George W. Bush.

"Votem. Envolvam-se no processo. Estimulem as pessoas a votar", afirmou o ator. "Estou seguro que muitas pessoas [da Academia] que votaram em mim não concordam com minhas opiniões políticas", destacou, entre risadas.

Indicado duas vezes para o Oscar, esta é a primeira vez que a Academia premia o ator, que chegou a ser considerado "um traidor da pátria", assim como sua esposa e também atriz, Susan Sarandon, principalmente por se oporem abertamente à Guerra do Iraque.

"É muito significativo para mim receber este Oscar neste momento. Nunca imaginei que poderia receber um prêmio assim, já que escreveram tantas coisas negativas sobre mim e Susan [Sarandon] por sermos contrários à Guerra do Iraque", explicou Robbins.

Mas, no palco do Teatro Kodak, o ator limitou-se a focalizar seu discurso nas vítimas de abuso físico e sexual.

"No filme interpreto o papel de uma vítima de abuso e violência. Se você é uma delas, digo que não há vergonha ou fraqueza em procurar ajuda ou aconselhamento. É uma das coisas mais fortes que você pode fazer para interromper o ciclo da violência", acrescentou.

O ator ganhou o Oscar pelo filme "Sobre Meninos e Lobos" ("Mystic River"), no qual interpreta um homem que foi violentado sexualmente durante sua infância e na fase adulta é acusado de ter assassinado a filha de um velho amigo (Sean Penn).

"Às vezes é uma das coisas mais difíceis de fazer, mas é a mais importante maneira de frear o ciclo, porque o mais terrível de tudo isso é que este tipo de crime se repete de geração em geração", declarou Robbins aos jornalistas.

Além disso, ele agradeceu ao diretor Clint Eastwood, seus colegas e à Sarandon, a quem descreveu como "a melhor amiga que um homem pode ter".

O combativo e "ex-bad boy" hollywoodiano Sean Penn, que ganhou o prêmio de Melhor Ator por "Sobre Meninos e Lobos", foi ainda mais recatado.

Penn, que chegou a viajar ao Iraque para conhecer a opinião dos iraquianos sobre a guerra, limitou-se a agradecer a Eastwood, à sua mulher, a atriz Robin Wright, e a seus filhos.

"Se há algo que sabemos sobre os atores é que a noção de 'melhor' não existe nesta profissão", disse o ator.

"Isto se comprova com os grandes atores que competiam comigo neste prêmio", acrescentou.

A cerimônia desse ano foi transmitida pela primeira vez com um atraso de cinco segundos, e não ao vivo como de costume.

A rede de televisão ABC, encarregada da transmissão do evento, adotou esta medida para evitar um escândalo similar ao protagonizado pela cantora Janet Jackson, que exibiu seu seio para milhões de telespectadores durante a última final da Liga Nacional de Futebol Americano (Superbowl).

O presidente da Academia, Frank Pierson, manifestou sua oposição à medida e insistiu várias vezes que não haveria nenhum tipo de censura sobre os discursos dos artistas vencedores.

Sobre Hollywood pairava o temor de que se repetissem cenas como as do ano passado, quando o diretor de documentários Michael Moore lançou fortes críticas contra o presidente americano por iniciar a Guerra do Iraque, o que lhe fez receber a mesma quantidade de aplausos e vaias.

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