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03/03/2004 - 04h29

Análise: Na Band, Marlene se revela por inteiro

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ESTHER HAMBURGER
especial para a Folha

"Tia Marlene" --para usar o tratamento sugerido por Vivi, ela também nova estrela das manhãs paulistanas-- começou o ano para valer na Band. Depois de dois meses de preparação, a poderosa ex-empresária de Xuxa e diretora de núcleo da Globo inicia a temporada pós-carnavalesca com fôlego.

Com ela, fica em evidência a função do diretor-produtor forte, profissional responsável por imprimir um conceito de programação, expresso ao longo da grade de uma emissora.

O dia na Band unida começa leve com receitas, babado e saúde. A barra vai pesando ao longo da tarde para culminar em obscenidade grotesca no fim da noite.

Dissociada da "rainha dos baixinhos", que ajudou a criar, e sem o consolidado aparato global, Marlene Mattos vai se revelando de corpo inteiro. Há um esforço de agilidade, visível na presença constante do logo "ao vivo" no canto direito da tela. Apresentadores se colocam ao lado dos cidadãos, na denúncia de violações cotidianas de direitos.

Tudo em um tom de informalidade. Datena caminha pelo estreito corredor que conduz ao estúdio, se aproxima da câmera e, em primeiríssimo plano, com o rosto ligeiramente inclinado, assume um ar confessional para dividir com os telespectadores o peso de conduzir um programa como o "Brasil Urgente".

Astrid, Datena, Vivi e Gilberto Barros têm em comum Marlene. Sob a nova direção "artística", a Band procura construir uma cumplicidade com o telespectador, baseada em um misto de intimidade e agressividade.

Os apresentadores encarnam "gente como a gente". Eles aparentam nervosismo diante das câmeras, são família, torcem para seus ídolos, fofocam, improvisam. Ficam indignados com a incompetência de uma autoridade ou com o erro de uma empresa. São ligeiramente conservadores.

Marlene conduz um mix curioso da agilidade do jornalismo com a informalidade e a redundância típicas da fofoca da vizinha. Não há grandes vôos de conteúdo. Nem pretensão de originalidade. Há um profissionalismo que opera no registro duvidoso do que se imagina como sendo o padrão mediano.

Esther Hamburger é antropóloga e professora da ECA-USP
 

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