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11/03/2004 - 08h21

Celular já pode transmitir TV ao vivo; redes temem concorrência

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DANIEL CASTRO
colunista da Folha
LAURA MATTOS
da Folha de S.Paulo

Telefone celular para falar "alô" é coisa do passado. Depois de virar máquina fotográfica e internet, o aparelho está se transformando agora em televisor portátil. Os modelos de última geração que começam a chegar às lojas do Brasil já trazem a possibilidade de assistir à televisão em tempo real.

Até julho, as principais operadoras de telefonia móvel prometem exibir pequenos programas e até mesmo a programação integral --e ao vivo-- de emissoras. Vão antecipar neste ano parte do que a TV digital --que empacou no país-- prometia: multiplicar a audiência com os telespectadores em ônibus, carros etc.

As redes de TV estão preocupadas com a nova tecnologia. Temem que grupos internacionais de telefonia passem a concorrer com elas por meio dos celulares. O objetivo é ocupar o mais rápido possível o lugar de produtoras de conteúdo de vídeo para telefone móvel e ampliar a parceria com as teles. No Congresso, a empreitada é evitar que uma futura regulamentação --hoje inexistente-- dessa transmissão seja desfavorável às redes.

A Globo trata do tema de forma estratégica e prioritária e está à frente das concorrentes em estudos de convergência. A própria diretora-geral, Marluce Dias da Silva, lidera as discussões sobre o casamento.

"A gente tem estudado muito o celular porque ele é uma mídia prática, próxima ao usuário. O telespectador o tem à mão enquanto assiste à TV", afirma Carla Affonso, diretora da Endemol Globo, filial brasileira da multinacional que criou o "Big Brother".

O "reality show" é atualmente o que mais bem explora no Brasil as possibilidades de interação, como as votações por meio do formato SMS (mensagens curtas).

Marcelo Duarte, diretor do Departamento de Desenvolvimento Comercial da TV Globo, diz que o mesmo esquema de interatividade do "BBB" deverá ser adotado para o Campeonato Brasileiro, "Fama", "Mais Você" e "Caldeirão do Huck". Segundo ele, a próxima edição de "BBB" deverá ter transmissão de vídeo por celular. Isso já existe na Inglaterra e na Finlândia, com edições das cenas mais engraçadas, as maiores brigas ou clipe com os beijos.

A TIM exibiu em São Paulo, na semana passada, transmissão ao vivo de redes de TV, batizado de "video streaming". Na Itália, a empresa vende desde o fim de 2003 um pacote com oito canais: três da RAI (a líder do país) e opções segmentadas, como MTV e um de finanças. Custa 1 euro/dia (cerca de R$ 3,5), mas a tendência é a cobrança por minuto de uso.

No Brasil, o TIM Mobile TV deve chegar até o fim do semestre. Segundo Michael Martin, gerente de produto da operadora, há negociações com as redes brasileiras para a distribuição de conteúdo. "A TIM vai disponibilizar TV ao vivo no celular. O que será transmitido não está fechado."

A Oi fechou na semana passada negociação com a Bandeirantes para a distribuição de conteúdo dos canais pagos BandNews e BandSports. Serão boletins com notícias e informações esportivas. A Vivo --que oferece por downloads trailers de filmes e imagens de ruas congestionadas de SP-- lança em dois meses serviço de transmissão em tempo real de TV. A Claro também se prepara para distribuir TV e filmes.

A imagem no celular tem definição razoável, mas um pequeno "delay" (atraso) em relação à convencional, o que tende a ser superado. Outra experiência, feita na Espanha pela Telefónica, é distribuição de literatura por celular.

Os primeiros modelos aptos à convergência devem chegar ao Brasil com custo de pelo menos R$ 1.500, valor alto para os padrões brasileiros. Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações, há no país quase 47 milhões de aparelhos móveis (26% da população), sendo que 36,1 milhões (20%) são pré-pagos e 10,7 milhões (6%), pós-pagos. Além disso, ainda não se sabe o preço a ser cobrado pelo serviço. Quanto, por exemplo, pagaríamos para ver no celular o capítulo da novela das oito ou a final do Brasileirão?

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