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24/03/2004 - 08h01

Homenagem dos filhos faz Dorival Caymmi chorar

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PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Folha de S.Paulo

Dorival Caymmi chorou. À beira de completar 90 anos, o patriarca baiano da música brasileira recebe homenagem ímpar de seus filhos em "Para Caymmi de Nana, Dori e Danilo - 90 Anos".

É o filho do meio, Dori, 60, quem relata a reação do pai à audição do disco: "Ele adorou. Chorou, coisa que não acontece com meu pai. Disse 'vocês não viram, mas eu chorei'". "Mamãe disse que viu, confirmou", completa, referindo-se à matriarca Stella, 82.

O caso não é de tristeza, no entanto. Projetado pela filha mais velha, Nana, 62, o CD fecha foco nos sambas de Caymmi, sob repertório e arranjos predominantemente alegres.

"A idéia dos sambas veio porque é uma data de festa. Queria dar um presente a ele e a todos nós, uma coisa alegre, engraçada, dançável", define Nana.

Dori, encarregado dos arranjos, diz que o trabalho foi simples: "Foi um disco rápido, de reflexo, sem arranjos rebuscados".

O caçula, Danilo, 56, é o único a descrever certa resistência inicial. "Num primeiro momento, eu e Dori ficamos um pouco assustados. Mas isso passou quando vimos que os timbres de voz se destacavam uns dos outros."

A homenagem ao pai coincide com um disco em dupla com o médico pediatra, compositor e cantor Manu Lafer, "Patriota", que será lançado com shows hoje e amanhã, no Sesc Vila Mariana.

Danilo diz que não houve muito conflito ou discussão entre os irmãos: "Só houve uma flauta que não estava boa e foi tirada por mamãe. Ela sempre interfere muito, foi uma cantora importantíssima, que só não seguiu carreira".

Dori também diz que as discordâncias são leves e se resolvem com rapidez. "Pintam uns pegas de opinião às vezes, Nana é muito 'opinionada'. Danilo brinca que o nome do show vai ser 'Essa Porra Não Vai Dar Certo'", brinca.

É que a homenagem familiar terá desenlace no dia do aniversário de Caymmi, 30 de abril, no Canecão, no Rio. Dorival estará presente, mas não deve subir ao palco, segundo Dori.

"Ele anda mal, escuta mal e vê mal. As chances de levá-lo ao palco são mínimas, o médico não aconselha. Na verdade depende de mamãe. Se ela achar que pode...", diz Dori, remetendo de novo à influência de dona Stella.

No mais, vai lento o ritmo das homenagens a Caymmi. A EMI (ex-Odeon), casa em que ele gravou a maior parte de sua obra, promete a reedição de uma caixa de CDs de três anos atrás. A BMG (ex-RCA) aproveita o mote e lança a coletânea dupla "Mar e Terra", em que outros intérpretes cantam Caymmi.
 

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