Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
01/04/2004 - 19h48

Monique Gardenberg não vê "Budapeste" como filme

Publicidade

MARCELO BARTOLOMEI
Editor de entretenimento da Folha Online

A cineasta Monique Gardenberg, 45, não acha que o sucesso do livro "Budapeste", o novo livro de Chico Buarque, justifique filmar a história.

O livro, que foi lançado em agosto e já vendeu 135 mil exemplares no Brasil, seria mais exercício literário do que cinema para a diretora, que lança "Benjamim", também de Chico Buarque, nesta semana em 25 salas de cinema do país.

Leia trechos da entrevista com a diretora:

Divulgação
A diretora Monique Gardenberg (dir.), com Raymond Rebetez; veja fotos de "Benjamim"
Folha Online - Você pretende filmar o novo livro de Chico, "Budapeste"?

Monique -
Engraçado, mas eu não consigo imaginar o "Budapeste" como filme. Todo mundo falava isso do "Benjamim", e eu questionava. Ele tem a vida dele aqui no Brasil com aquela mulher, uma coisa que não rola muito entre eles. Daí ele vai para lá e encontra a Kriska, tem uma história com ele e tem a história dos autores anônimos nos dois lugares, tanto no Brasil quanto lá. O trabalho dele é maravilhoso, de "ghost-writer". Eu não sei se vira filme. Acho que é muito mais um exercício de linguagem, é literário. Ele brinca com a gente, dá um nó na cabeça.

Folha Online - Vocês já conversaram sobre isso?

Monique -
No dia em que a gente foi filmar o clipe, em que ele participou, eu ouvi ele dizendo que tinha gente querendo fazer o "Budapeste" e eu disse a ele que não enxergava a história num filme. Mas depois vou conversar com ele para saber o que ele pensa sobre isso. O "Budapeste" tem um vazio muito grande, muito mais que o "Benjamim", tem uma ausência que lembra o "Passageiro Profissão Repórter", do Antonioni. Não consigo enredar essa história.

Às vezes tem tanta coisa do Chico que você não pode filmar porque senão ninguém vai acreditar. Aquela roleta russa em Budapeste ninguém vai acreditar. No livro você vai descrevendo, mas no filme é muito mais simples.

Para fazer o "Benjamim", por exemplo, a gente teve uns três jantares para discutir o movimento final do filme. O Chico achava que o movimento era muito mais complexo. Ele queria que eu fizesse uma cena que eu não poderia fazer no cinema. Este tipo de discussão é muito legal. Ele olhava para mim assustado. E eu dizia: Não pode, Chico. Isso no cinema vai ficar enorme.

Folha Online - "Benjamim" foi exibido em Sundance. Há planos para fazer carreira internacional?

Monique -
Exibi em Sundance no ano passado. Eu gostaria de ir para um festival na Europa. Estamos aguardando para ir para Veneza. Eu sempre escolho os lugares de festivais --que eu não tenho tanta paciência-- de acordo com minha vontade pessoal. Queria ir para Veneza para viver aquilo de novo porque foi lá que foi exibido meu primeiro curta, "O Diário Noturno". Está rolando uma nostalgia. Quis voltar a Sundance, onde eu passei o "Jenipapo" e agora voltei com "Benjamim". Há a possibilidade de ir a San Sebastián também.

Folha Online - Qual seu próximo projeto?

Monique -
Eu queria tocar adiante a idéia da "Mensageiras", história que se passa em Varsóvia durante a ocupação e que fala do fato de algumas meninas judias que não tinham aparência tipicamente judias, segundo as definições dos nazistas. Eu quero retomar. Elas usam o próprio preconceito que os nazistas criaram para agir como pessoas de ligações do lado de fora e de dentro do gueto. É maravilhoso. Elas assumem uma dupla personalidade, tem a ver com a capacidade de representar, para viver ou morrer diante do inimigo alemão ou do pior inimigo que era o polonês anti-semita. É uma história incrível e que ninguém conhece. Nos livros de história, isso virou nota de rodapé. Pesquisei muito e fui reconstruindo estas histórias.

Fiz um primeiro tratamento que, depois de cinco anos, eu reli no ano passado. Achei super didático. Eu estava totalmente contaminada pela pesquisa, queria contar cada coisa que eu havia lido. Estou pedindo ajuda ao Bráulio Mantovani para ver se ele topa. Espero que ele tope.

Folha Online - Pretende fazer algo no Brasil?

Monique -
Não de cinema. Estou lendo textos, tentando descobrir alguma coisa. Tive um convite da Silvia Buarque e da Renata Sorrah, para eu dirigir um texto de um autor norueguês chamado John Fosse, uma peça chamada "Um Dia de Verão". Ela é toda de poemas. Achei que tinha a ver comigo e topei. É um desafio porque vamos montar algo muito mais próximo da declamação do que do teatro. Vou tentar trabalhar as três coisas: o cinema, o teatro e a poesia, dando margem a todas elas, misturando um pouco.

Leia mais
  • "É preciso desrespeitar a obra literária", diz diretora de "Benjamim"
  • Paulo José "vence" Parkinson e Cleo Pires estréia no cinema
  • Crítica: Filme de Monique Gardenberg gera encanto retardado
  • "Benjamim" revela o cinema para Cleo Pires

    Especial
  • Veja fotos do filme "Benjamim", de Monique Gardenberg
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página