Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
09/04/2004 - 05h08

Galãs globais conquistam público e patrocínio nas Paixões de Cristo

Publicidade

LAURA MATTOS
da Folha de S.Paulo

Adolescentes gritavam, histéricas, e quase ninguém escutou quando Jesus, na cruz, olhou aos céus e disse: "Perdoai-os, Senhor, eles não sabem o que fazem".

A cena, obviamente, não ocorreu há quase 2.000 anos, na longínqua Jerusalém. Foi em 1998, aqui mesmo no Brasil, na cidade de João Pessoa. O "crucificado" era Eduardo Moscovis, o primeiro galã da Globo a interpretar Jesus na encenação da Paixão de Cristo da Paraíba. Um ano antes, no espetáculo mais tradicional do país, em Nova Jerusalém (PE), Fábio Assunção havia inaugurado a mania do "Jesus-global-bonitão".

Tantos anos e celebridades depois, as duas mais badaladas encenações do país vivem hoje o "milagre da multiplicação" de público, patrocínio e repercussão.

Em Nova Jerusalém, a 180 quilômetros de Recife (PE), Thiago Lacerda é o Cristo 2004, num espetáculo de R$ 3 milhões. São 400 pessoas na produção, 450 figurantes, 700 figurinos, 860 refletores, e por aí vai. A apresentação é particular, com ingressos de R$ 35 e R$ 40.

Encenada pela primeira vez em 1951, a Paixão pernambucana trocou atores locais por celebridades nacionais quando o público girava em torno de 40 mil, número baixo para o custo do evento.

A aposta foi em Assunção, então nova estrela da Globo. O público saltou para nada menos que 70 mil. A média foi mantida nos anos seguintes, com Luciano Szafir, Marcello Anthony e Herson Capri.

Mais do que platéia, esses "Cristos superstars" levaram holofote ao remoto município. E, claro, não faltou patrocinador.

Neste ano, novidade na Hollywood nordestina: turistas que se hospedarem na Pousada da Paixão poderão atuar no espetáculo como figurantes. E topar com Thiago Lacerda, hospedado no local, no restaurante Recanto da Ceia ou na sauna Termas de Herodes. A "aventura" (duas diárias em quarto duplo) sai por R$ 1.800.

Isso não é incômodo, garante à Folha de S.Paulo Thiago Lacerda, Jesus pela quarta vez (recentemente atuou também na peça "O Evangelho segundo Jesus Cristo") e futuro são Paulo, no longa do padre Marcelo. "Trato de desmitificar as coisas. As pessoas reconhecem isso e me tratam normalmente", disse, por telefone, poucos antes da apresentação de quarta. O cachê segue outra lógica: "É proporcional ao nível do trabalho, à minha notoriedade e à capacidade que tenho de divulgar o evento".

Em João Pessoa, Vladimir Brichta, um dos "sem-camisa" da novela "Kubanacan" (2003), estréia como Jesus. Na capital paraibana, os globais dobraram o público. Atualmente são cerca de 20 mil pessoas na encenação gratuita, organizada pela prefeitura e governo estadual. "Os globais também facilitam o patrocínio. O patrocinador quer saber quem vem para liberar a verba", diz o coordenador, Antônio Alcântara.

Ele teve de aprender a lidar com a tietagem. "Na primeira vez, deixamos o Moscovis só na cruz. As meninas se concentraram lá e gritaram o tempo todo. Agora, o ator aparece em vários palcos. As Marias Madalenas estão de plantão!"
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página