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13/04/2004 - 16h21

Golpe de 64 ganha as prateleiras da Bienal do Livro de São Paulo

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CARLA NASCIMENTO
da Folha Online

Os 40 anos do golpe militar de 1964 serão tema de boa parte dos lançamentos da Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que começa nesta quinta-feira (15), no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo.

O período do governo militar (1964-1985) será assunto explorado em biografias, estudos, romances, relatos e reportagens em lançamentos e reedições que pretendem chamar a atenção do público que circular pelos corredores da feira.

Entre os destaques estão duas biografias: uma sobre o ex-presidente João Goulart e outra sobre o marechal Humberto de Alencar Castello Branco.

"Jango: Um Perfil (1945-1964)", de Marco Antônio Villa, lançamento da Editora Globo, é o primeiro volume de uma série especial sobre os 40 anos do golpe de 64.

Reprodução
O livro "Jango: Um Perfil (1945-1964)"
O livro reconta a trajetória de João Goulart, começando pela descrição da proximidade política e pessoal de Jango com Getúlio Vargas. Villa se detém em cada um dos anos que levaram Jango à presidência, fazendo inclusive um retrato do breve governo de Jânio Quadros, quando Jango, então seu vice-presidente, surpreendeu-se, durante viagem a alguns países socialistas, ao descobrir que havia se tornado presidente da República.

O livro revê muitos fatos históricos, entre eles a viagem de Che Guevara ao Brasil e Jango conclamando as donas de casa a fiscalizar o tabelamento de preços lançado pelo governo como medida de combate à inflação.

O livro segue uma ordem cronológica cujo ponto decisivo é o golpe militar de 1964 e traz dois cadernos de fotografias que complementam o texto. O volume apresenta ainda longa bibliografia e índice onomástico para guiar o leitor que se interessar por uma pesquisa mais pontual.

Já a biografia de Castello Branco chega com o selo da Editora Contexto sob o título "Castello: A Marcha para a Ditadura", do jornalista e escritor Lira Neto.

Reprodução
O livro "Castello: A Marcha para a Ditadura"
O livro conta a vida e as relações com o poder do primeiro presidente do governo militar. A obra convida o leitor a penetrar nos bastidores e aponta as contradições do homem que, amparado pelo discurso democrático, liderou o movimento que levou o Brasil a ser governado por militares durante 20 anos.

Um livro sobre regimes autoritários e seus principais personagens chegam ao público pela Bertrand Brasil com o lançamento de "Tiranos - De Hitler a Pol Pot: Os Homens que Ensangüentaram o Século 20".

Relançamentos

Aproveitando a ocasião, as editoras também pretendem relançar vários títulos sobre o assunto.
A Globo volta a colocar em destaque "Autópsia do Medo, Vida e Morte do Delegado Sérgio Paranhos Fleury" e "Eu, Cabo Anselmo", ambos de Percival de Souza; "Memórias do Esquecimento", de Flávio Tavares; e "Mulheres Que Foram à Luta Armada", de Luiz Maklouf Carvalho.

Vinte e três anos depois de sua primeira edição, "Tirando o Capuz", de Álvaro Caldas, volta no final deste mês às livrarias, agora com o selo da Garamond. Editado pela primeira vez ainda durante o período militar, em 1981, o livro contou com revisão do autor e teve seu texto ampliado.

"O Ato e o Fato", de Carlos Heitor Cony, originalmente publicado em 1964, também ganhará nova edição da Objetiva. A obra de Cony reúne uma série de crônicas nas quais o autor capta a mistura de euforia, covardia e medo que pairava no ar na época.

Já a Ediouro leva à Bienal a nova edição de "Visões do Golpe - A Memória Militar de 64". Escrita por Maria Celina D' Araújo, Gláucio Ary Dillon Soares e Celso Castro, o livro é resultado de um conjunto de 12 entrevistas com oficiais que articularam o golpe e participaram do regime.

Nesta linha de publicações, a Companhia das Letras dá destaque a "Vozes do Golpe", lançado recentemente e que reúne relatos pessoais e duas histórias de ficção sobre o golpe militar de 1964.

Em quatro narrativas inéditas, Carlos Heitor Cony, Luiz Fernando Veríssimo, Zuenir Ventura e Moacyr Scliar relembram o clima da época.

Em "A Revolução dos Caranguejos", Cony relembra a atuação da imprensa durante o ano do golpe e conta as perseguições que sofreu. Zuenir Ventura, em "Um Voluntário da Pátria", rememora os acontecimentos que precipitaram o golpe. A narrativa de ficção escrita por Moacyr Scliar, "Mãe Judia", conta a história de uma senhora que enlouqueceu depois do desaparecimento do filho, envolvido com grupos guerrilheiros. Já Luís Fernando Veríssimo compõe, em "A Mancha", a história de um homem de meia-idade, ex-prisioneiro do regime.

"Riso da Agonia: Uma História em Forma de Romance" lança mão da ficção para contar um pedaço importante da história do Brasil. Escrita por Plínio Cabral e editada pela Escrituras, essa crônica romanceada descreve a época com humor.

América Latina

Obras sobre regimes militares em todo o continente latino-americano são a aposta de algumas editoras. Um dos títulos mais vendidos no Uruguai, "O Furgão dos Loucos", chega ao Brasil pela Editora Garçoni. A obra traz um relato do jornalista Carlos Liscano, preso aos 23 anos por ser militante de um movimento guerrilheiro. Em seu relato, Liscano conta o que viveu durante os 13 anos que passou nos porões do regime.

Editada pela FGV em 2000, a obra "Democracia e Forças Armadas no Cone Sul", organizado por Maria Celina Soares D'Araújo e Celso Castro, relata experiências dos países sul-americanos que viveram sob regimes militares e a inserção destes na nova ordem democrática.

Lançado pela Geração Editorial em 2001, o livro "Diáspora - Os Longos Caminhos do Exílio", escrito pelo jornalista José Maria Rabêlo e por sua mulher Thereza Rabêlo, traz o relato de quem testemunhou e sobreviveu à três golpes militares: no Brasil, no Chile e na Bolívia.

A 18ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo acontece entre os dias 15 e 25 deste mês, no Centro de Exposições Imigrantes (altura do km 1,5 da rodovia dos Imigrantes). Das 10h às 22h. Mais informações pelo tel. 0/xx/11/4689-3100.
 

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