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15/04/2004 - 08h25

Editoras universitárias e cristãs viram donas do pedaço na Bienal

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CASSIANO ELEK MACHADO
da Folha de S.Paulo

Nem Record, nem Rocco, nem Companhia das Letras. Nem Harry Potter, nem Paulo Coelho, nem Sidney Sheldon. As editoras mais "badaladas" e os grandes best-sellers não são os maiorais na Bienal do Livro de São Paulo, que chega hoje à sua 18ª edição.

Na geopolítica do maior evento editorial do país, que deve ser inaugurado hoje por um inédito trio Lula, Geraldo Alckmin e Marta Suplicy, os verdadeiros donos do pedaço são as menos lembradas editoras universitárias, cristãs e de livros escolares.

Os três segmentos têm os maiores estandes da feira, pelo segundo ano consecutivo instalada no Centro de Exposições Imigrantes.

Desta vez o maior latifúndio tem uma série de novidades. A Imprensa Oficial do Estado de São Paulo abocanhou 932 metros quadrados e chamou para seu espaço uma fila de "convidados". Nessa área ficarão a Associação Brasileira das Editoras Universitárias, a Associação Brasileira de Imprensas Oficiais e, novidades de 2004, uma série de ONGs e a TV Cultura, que produzirá um programa diário sobre o evento.

"A Bienal acaba priorizando editoras comerciais. Não deu nenhuma condição especial para segmentos que normalmente não teriam condições de participar. Estamos tentando cobrir esse papel que a Bienal não cumpre", afirma Hubert Alquéres, presidente da Imprensa Oficial.

A instituição aproveita o evento organizado pela Câmara Brasileiro do Livro para levar ao palco outra novidade. Já tradicional parceira de editoras na publicação de livros, a Imprensa Oficial paulista se lança como editora solo.

Os dois primeiros pacotes da casa serão a coleção Aplauso, série de biografias de artistas brasileiros de teatro, cinema e TV, como Anselmo Duarte, Cleyde Yáconis e Ruth de Souza, e o selo Imprensa Social, coleção de livros feitos em parcerias com ONGs, como o Geledés, a Andi e até a Unesco.

Outra das "gigantes desconhecidas" no ringue da Bienal, a Associação Brasileira das Editoras Cristãs também chega à 18ª edição da feira "subsidiando". Se a Imprensa Oficial convidou sem cobrar ou com preços mais suaves uma série de parceiros, como 52 editoras universitárias da Abeu, a instituição cristã também sublocou partes de seus 740 metros quadrados por valores totais bem pequenos para o mercado.

Segundo o diretor executivo da Abec, Whaner Endo, algumas editoras chegaram a pagar R$ 500 para exibirem seus livros.

"Achamos que a Bienal é um espaço importante para exibirmos nosso trabalho, que não têm espaço na mídia. Um autor como Rick Warren [autor de 'Uma Vida com Propósitos', editora Vida] já vendeu 80 mil exemplares em menos de um ano, e só falam de Lya Luft", diz Endo.

O diretor da Abec, que concentra basicamente editoras evangélicas, diz que o segmento certamente terá outra vez o maior best-seller da Bienal, não menos, não mais, que a Bíblia. "É o maior best-seller desde Gutenberg", brinca.

O maior "rebanho", porém, não é das cristãs. Editoras como Saraiva (dona do terceiro estande da Bienal, com 420 metros quadrados), Ática, Scipione, Moderna e FTD é que recebem tradicionalmente mais visitas: são as editoras de livros infantis e escolares, sempre no caminho das centenas de milhares de crianças que enformigam os corredores da Bienal (para quem quiser escapar disso, aqui vai a dica: dias 19, 20, 22 e 23, das 10h às 17h, são os períodos oficiais de visitação escolar).

Presidente da Abrelivros, maior instituição de editoras didáticas e afins, Wander Soares diz que o segmento não cogita um "a união faz a força", o agrupamento em blocos, como fazem as cristãs ou as universitárias. "Seria preciso um pavilhão à parte."

Soares diz que, mesmo para essas editoras, que normalmente lançam títulos muito consumidos pela criançada (o quinteto de ouro dos infanto-juvenis brasileiros estará presente na Bienal: Ziraldo, Ruth Rocha, Ana Maria Machado, Maurício de Souza e Lygia Bojunga Nunes, que abre amanhã a série de palestras Salão de Idéias), a feira não traz lucros imediatos. "Ninguém espera retorno financeiro na Bienal. O importante é o lucro institucional."

Para a Câmara Brasileira do Livro, organizadora do evento, a história é um pouco diferente. O investimento total na Bienal está em torno dos R$ 14 milhões e, no final do dia 25 de abril, quando termina o evento, a caixa registradora da instituição deverá contar com cerca de R$ 15 milhões.

O fato de ter tirado do programa duas das suas atrações "instituicionais" não deve atrapalhar a estratégia. A Bienal não terá, como nas edições anteriores, a cerimônia de entrega do Prêmio Jabuti, transferida para setembro (as cristãs, por sua vez, fazem seu "Jabuti", o 13º Prêmio Abec, no dia 17). A entidade também não divulgará seu tradicional balanço do mercado editorial, feito em parceria com o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), o que deve acontecer em maio.

A projeção inicial do mercado não é nada animadora. Mesmo entre as "gigantes" da Bienal, a previsão é de que a pesquisa traga números desanimadores. Endo, da Abec, diz que 2003 representou um "grande baque" para as cristãs. Elas, e as demais editoras, seguem à espera de milagres.

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