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19/04/2004 - 10h10

Silvio Santos encontra Zé Celso no teatro Oficina

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da Folha de S.Paulo

Depois de mais de duas décadas de conflitos, o empresário e apresentador de TV Silvio Santos e o diretor José Celso Martinez Corrêa se reuniram ontem, no teatro Oficina, em São Paulo. Eles conversaram sobre projeto do shopping que o Grupo Silvio Santos pretende construir em terreno de sua propriedade em torno do teatro, no bairro do Bexiga.

"O encontro foi extraordinário, mágico, é uma coisa que há 25 anos eu sonho", afirmou o diretor, que pela primeira vez se avistou com o empresário.

Folha Imagem

José Celso Martinez e Silvio Santos reúnem-se no teatro Oficina
Da reunião também participaram o senador Eduardo Suplicy, acompanhado de seu filho, o cantor Supla, e o psicanalista Contardo Calligaris, colunista da Folha de S.Paulo.

O encontro foi intermediado por Suplicy, que telefonou ao empresário, dono da rede de TV SBT, na última sexta, um dia após a publicação, na Folha de S.Paulo, de coluna em que Contardo Calligaris propunha em carta aberta a Silvio Santos que ele conversasse com Zé Celso e fizesse uma visita ao teatro. Silvio Santos manifestou a Suplicy o interesse em conhecer o Oficina, e a reunião foi marcada.

O empresário chegou ao teatro desacompanhado, às 17h. Foi recebido por integrantes do grupo teatral, que cantaram músicas do espetáculo "O Homem 2".

Zé Celso contou um pouco da história do grupo e apresentou o teatro a Silvio Santos. Depois encaminharam-se para o mezanino do Oficina, onde Zé Celso detalhou seu projeto de construir um anfiteatro para grandes peças populares, espécie de "universidade popular do teatro".

O diretor teatral enfatizou não se opor a iniciativas de desenvolvimento do bairro do Bexiga e disse não ver contradições entre o projeto do Grupo Silvio Santos e a manutenção do Oficina. O grupo de Zé Celso entregou a Silvio Santos um projeto de expansão do teatro que prevê a utilização dos terrenos que o shopping e o centro de diversões ocupariam, numa tentativa de conciliar as duas propostas. O trabalho foi desenvolvido pela arquiteta Cristiane Cortilio. Silvio Santos afirmou que o levaria para sua equipe avaliar a viabilidade do projeto.

"Os Sertões" e água-de-coco

A reunião durou cerca de uma hora. O empresário tomou água-de-coco, recebeu uma edição de "Os Sertões", de Euclydes da Cunha, com dedicatória escrita pelo diretor, e deixou a promessa de que voltariam a se encontrar.

Ao final da visita, o grupo Oficina cantou para Silvio Santos samba dos anos 70 da escola carioca Vila Isabel cuja letra diz: "Eu sou o teatro brasileiro/Da vida o espelho verdadeiro". Silvio Santos escutou até o fim e foi acompanhado por aplausos do grupo até sua saída do teatro.

"Se nas suas próximas apresentações vocês cantarem com tanto carinho, terão o maior sucesso", declarou Silvio Santos.

"Ele achava que a disputa era exclusivamente pela preservação do teatro. Foi recebido pelo elenco todo, agradeceu e ficou impressionado", disse Zé Celso.

"Outra dimensão"

No final, o diretor fez uma avaliação positiva do encontro. "O Silvio veio sozinho, sem paranóia, chegou na hora, isso é importantíssimo. Estávamos nos preparando para recebê-lo de corpo aberto, de alma aberta. Fui caminhando com ele e mostrando os buracos que existem no fundo do teatro, e os atores ficaram o tempo todo se concentrando. Estou orgulhosíssimo, os atores conseguiram manter uma atmosfera zen, tântrica", disse ele.

Segundo Zé Celso, foi dito a Silvio Santos que o grupo pretende fazer um "teatro dedicado à cultura brasileira antropofágica, e que já estamos preparados para isso. Ele se surpreendeu. Quis saber quanto custa o projeto. E o convidei para atuar", contou. Para ele, "a partir de hoje, mudou a relação" com Silvio Santos.

"Vi nele uma pessoa de carne e osso e, por trás do homem em que existe só comércio, vi uma outra dimensão, muito contagiante, muito talentosa. Esse encontro pode ser uma revolução na cultura de São Paulo", disse.

Para o senador Suplicy, o encontro foi entre "duas pessoas de genialidade e talento". E considerou o episódio "uma experiência de "serendipity" [dom de fazer descobertas felizes, por acaso]".
 

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