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06/06/2004 - 06h28

"Arte pública acaba sempre retransformada", diz Stewart Home

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DIEGO ASSIS
da Folha de S.Paulo

Reza um dos lemas dos neoístas que "o peso morto da história nos oprime com mais eficiência do que a maioria dos políticos reacionários poderia imaginar em seus sonhos de perfeição burocrática". A reportagem da Folha tentou confrontar o radical Stewart Home com monumentos mais contemporâneos, como o Instituto Tomie Ohtake.

Impressionado com as formas modernas e o colorido rosa-choque do edifício projetado pelo arquiteto Ruy Ohtake, Home desabafou: "O capitalismo tem que se apoiar em fatos reais --ainda que apresente soluções falsas. Os seres humanos gostam de beleza. E o que é isso se não belo?".

A empolgação durou pouco. Só até ser informado que a obra havia sido orçada em cerca de R$ 10 milhões e financiada pelos laboratórios farmacêuticos Aché.

"Provavelmente eu não ficaria feliz em saber a história dessa companhia, o que ela faz para o controle da poluição, por exemplo. Mas, mesmo se não poluir, talvez aumentar os salários fosse um modo mais nobre de gastar todo esse dinheiro. Uma companhia química não faz caridade, faz propaganda. E que fantástica peça de propaganda isso é!", retificou.

Destruição da arte

Longe de qualquer definição possível de monumental, escondidinha, perdida no calçadão da avenida Paulista, uma caixa de madeira foi o que mais chamou a atenção do neoísta inglês no passeio pela cidade. Instalada há semanas entre as ruas Ministro Rocha Azevedo e a Padre João Manoel, a instalação montada por um artista anônimo simulava um cativeiro, com um boneco acorrentado e algumas pichações em seu interior, que incluíam "corrupção", "chacina" e "seqüestro".

Simulava. Exposta à chuva e às variações de humor dos transeuntes tudo o que restava da obra na última quinta era a caixa de madeira, agora toda grafitada e "reaproveitada" pelo público.

"Seria legal se eu pudesse ter visto isso antes. Mas assim é a arte pública, sempre sendo retransformada em alguma outra coisa. Quando você coloca objetos na rua, eles tendem a não durar. As pessoas não gostam e destroem. Querem tentar viver numa ilusão e a peça pode soar ofensiva para quem está passando. É um risco que se corre e algo com que a cultura tem de se acostumar."

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