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06/06/2004 - 06h41

Roteiro de Stewart Home tem palestras e lançamento

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DIEGO ASSIS
da Folha de S.Paulo

Músico, videomaker, romancista, jornalista, crítico e, inevitavelmente, artista, Stewart Home (ou Karen Eliot, Monty Cantsin, Luther Blissett, você escolhe) é um produto direto do punk inglês do final da década de 1970.

À idéia de que qualquer um poderia montar uma banda, máxima do "do it yourself" que reinava na época, Home adicionou a de que "qualquer um pode se tornar um artista". "Basicamente, acho que se você convencer o poder cultural de que o que você faz é arte então aquilo se torna arte", explica Home. "Havia duas formas de eu entrar: uma era bater na porta de uma galeria de arte comercial, participar de exposições e deixar os críticos escreverem sobre o meu trabalho, enquanto eu me concentrava em produzir objetos para vender. E a outra era escrever a minha própria história."

Familiarizado com os textos da esquerda italiana e dos comunistas holandeses e alemães, decidiu "testar" a sua teoria promovendo um verdadeiro assalto à cultura dominante, tomando parte em um movimento que, em suas próprias palavras, era um "prefixo e um sufixo sem conteúdo", o neoísmo. É preciso endurecer, mas sem perder a piada:

"Queremos chegar a uma situação em que todos percebam todos os aspectos de sua humanidade, que são físicos, emocionais, intelectuais, e o humor não pode ser excluído. Uma revolução que não é divertida não será boa para mim nem para ninguém".

Assim, por meio de sua revista "Smile", ajudou a divulgar os manifestos neoístas, os festivais de apartamento, os festivais do plágio e, principalmente, a Greve da Arte, idéia que "roubou" deliberadamente do alemão Gustav Metzger e que sugeria aos artistas de Londres que parassem de produzir por um período de três anos, entre 1990 e 1993.

Ainda que o impacto tenha sido limitado --o próprio Home diz hoje que não acreditava que a paralisação fosse de fato ocorrer--, restaram como parte de sua "obra", os próprios textos que criticavam ou defendiam sua proposta publicados em revistas underground da época.

Os escritos estão sendo publicados agora no Brasil pela editora Conrad, que, em 1999, já havia publicado seu livro mais famoso, "Assalto à Cultura", um apanhado crítico sobre as principais vanguardas do século 20 que ajudaram a formatar o neoísmo.

A obra, que, com pouco mais de 15 mil exemplares vendidos na Inglaterra, é considerada o "best-seller" de Home, vem sendo usada como livro de cabeceira de diversos jovens artistas e ativistas antiglobalização. "Tem gente que me diz que algumas dissertações de mestrado, geralmente de alunos de arte, são verdadeiros plágios dos meus textos. Eles provavelmente têm coisas melhores a fazer do que se preocupar em escrever dissertações bobas", relativiza.

"Buceta", seu romance mais recente, também será publicado pela editora Pressa, com tradução de Graziela Kunsch. O romance, construído a partir do plágio e da repetição de cenas de sexo, narra as desventuras do protagonista em busca das mil primeiras mulheres com quem teve relações.

Estas e uma dezena de outras reproduções de obras de Home podem ser vistas até a próxima quarta no 8º Cultura Inglesa Festival.

Duas palestras "1001 maneiras de reencenar a morte da vanguarda", uma amanhã em São Paulo e outra na quarta-feira no Rio, também fazem parte do roteiro de Home pelo país.

"Basicamente o que vou falar é sobre como usei esse conhecimento sobre vanguardas para me configurar como um artista, sem ter nunca passado por uma escola de arte", conclui.

1001 MANEIRAS DE REENCENAR A MORTE DA VANGUARDA. Palestra de Stewart Home. Em São Paulo: amanhã, às 19h30. Onde: EXO experimental org. (r. Bela Cintra, 532A, região central, tel. 0/xx/11/3237-4615). Quanto: entrada franca. No Rio de Janeiro: qua., às 19h. Onde: Instituto de Arte da UERJ --Universidade Estadual do Rio de Janeiro (r. Ipê, 550, prédio da Reitoria, Campus do Fundão, tel. 0/xx/21/2598-1653). Quanto: entrada franca.

UM ESPAÇO PARA A CONTRACULTURA INGLESA. Exibição do vídeo "Pornô", de Graziela Kunsch, e acervo de obras de Stewart Home. Quando: hoje, das 10h às 16h, e de seg. a qua., das 9h às 19h. Até 9/6. Onde: Centro Brasileiro Britânico (r. Ferreira de Araújo, 741, Pinheiros, SP, tel. 0/xx/11/ 3819-4120). Quanto: entrada franca.

MANIFESTOS NEOÍSTAS/GREVE DA ARTE. Coletânea dos principais textos do movimento neoísta e sobre a Greve da Arte (1990-1993). Lançamento: Conrad Editora. Preço: R$ 22 (216 págs.).

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