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12/06/2004
-
03h15
INÁCIO ARAUJO
crítico da Folha
Uma coisa que só faz mal ao cinema (ou ao espectador, em todo caso) são os filmes sobre artistas. Tivemos há alguns anos um dedicado a Camille Claudel. Depois foi a vez de Pollock (o mais suportável deles) e Rembrandt. Agora mesmo entrou em cartaz "A Moça com Brinco de Pérola", sobre Vermeer. Na televisão passa hoje o filme dedicado a Frida Kahlo, "Frida".
No caso dos pintores a coisa costuma ser mais grave do que na dos escultores, porque o filme sempre procura demonstrar que naquela época a verdadeira luz era a que os pintores utilizavam. Isso nos lança num esforço fotográfico intenso e vão, pois o máximo que se conseguirá é imitar a luz do pintor.
Frida Kahlo não chega a ser uma vítima feroz desse último vício, talvez pelo fato de sua personalidade importar mais do que sua pintura. Mas essa não é a única desgraça que se abate sobre os pintores biografados.
A trajetória artística de Frida existe a partir de um grave acidente que a deixou imobilizada por tempo suficiente para, ao se recuperar, sair de cama pintando. Foi, pessoalmente, batalhadora política, mulher liberada e, de passagem, mulher de Diego Rivera.
É o figurino para a desgraça cinematográfica. Parece "Meu Pé Esquerdo" --essas histórias edificantes de pessoas que superam a desgraça e se tornam ainda mais fortes graças a ela. A trajetória rebelde de Frida torna-se trajetória exemplar --ou seja, o sentido de sua atitude se inverte.
Se em "Frida" algo foge desse modelo confortável é, sem dúvida, a interpretação de Salma Hayek, um desses casos de atriz mexicana que impõe talento, personalidade e beleza, tudo de um golpe só. Mas ela não consegue tudo. Seria bom começar, urgente, um movimento contra esse tipo de filme que, no melhor dos casos, resultam acadêmicos.
FRIDA
Quando: hoje, às 21h, no HBO
Especial
Arquivo: veja o que já foi publicado sobre Frida Kahlo
Quem vai nos livrar dos filmes de pintores?
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crítico da Folha
Uma coisa que só faz mal ao cinema (ou ao espectador, em todo caso) são os filmes sobre artistas. Tivemos há alguns anos um dedicado a Camille Claudel. Depois foi a vez de Pollock (o mais suportável deles) e Rembrandt. Agora mesmo entrou em cartaz "A Moça com Brinco de Pérola", sobre Vermeer. Na televisão passa hoje o filme dedicado a Frida Kahlo, "Frida".
No caso dos pintores a coisa costuma ser mais grave do que na dos escultores, porque o filme sempre procura demonstrar que naquela época a verdadeira luz era a que os pintores utilizavam. Isso nos lança num esforço fotográfico intenso e vão, pois o máximo que se conseguirá é imitar a luz do pintor.
Frida Kahlo não chega a ser uma vítima feroz desse último vício, talvez pelo fato de sua personalidade importar mais do que sua pintura. Mas essa não é a única desgraça que se abate sobre os pintores biografados.
A trajetória artística de Frida existe a partir de um grave acidente que a deixou imobilizada por tempo suficiente para, ao se recuperar, sair de cama pintando. Foi, pessoalmente, batalhadora política, mulher liberada e, de passagem, mulher de Diego Rivera.
É o figurino para a desgraça cinematográfica. Parece "Meu Pé Esquerdo" --essas histórias edificantes de pessoas que superam a desgraça e se tornam ainda mais fortes graças a ela. A trajetória rebelde de Frida torna-se trajetória exemplar --ou seja, o sentido de sua atitude se inverte.
Se em "Frida" algo foge desse modelo confortável é, sem dúvida, a interpretação de Salma Hayek, um desses casos de atriz mexicana que impõe talento, personalidade e beleza, tudo de um golpe só. Mas ela não consegue tudo. Seria bom começar, urgente, um movimento contra esse tipo de filme que, no melhor dos casos, resultam acadêmicos.
FRIDA
Quando: hoje, às 21h, no HBO
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