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17/06/2004
-
09h01
LÚCIA VALENTIM RODRIGUES
da Folha de S.Paulo
Carlos Reichenbach estava com 25 anos. Escrevia artigos com conteúdo libertário para jornais e dirigia episódios de filmes na Boca do Lixo quando foi convidado a dirigir um longa, o primeiro de sua carreira, para ser estrelado pelo cantor Ronnie Von e concorrer com o então recém-lançado "Roberto Carlos a 300 Quilômetros por Hora" (71), de Roberto Farias.
Feito para explorar os filmes do gênero de corrida de carros, "Corrida em Busca do Amor" teve sua produção atribulada desde o início. "Eu tinha só meio roteiro, porque o resto ia depender de uma corrida real em Amparo e não sabíamos o que ia acontecer. Acabaram me dando liberdade total para mexer no roteiro, que usei para fazer uma sátira ao gênero, elevando tudo o que havia de meloso e ruim à máxima potência", relembra Reichenbach.
Próximo ao começo das filmagens, Ronnie Von desistiu de participar por causa do cachê. "Mas eu já estava contratado e tinha inventado tanto que não podia mais ser demitido", brinca.
Faltou de tudo durante a feitura do filme, a começar pelo roteiro, que era escrito à noite para ser rodado na manhã seguinte. "Eu perguntava ao meu assistente que atores tínhamos para gravar, e ele dizia: "Nenhum".
Então a gente entrava no filme. Depois, faltava carro. Como fazer um filme de corrida sem carro? Então o filme continuava com a gente correndo", conta o diretor, que interpretou um cientista por falta de ator. "Precisei pintar a barba de branco para parecer mais velho. Se fosse hoje, não ia precisar disso."
Nas lembranças, guarda espaço para um elogio especial a Sylvio Renoldi: "Os carros saem no rally em Amparo, capotam em Interlagos, dão cavalo-de-pau em Serra Negra, e tudo parece o mesmo lugar. Fez uma montagem incrível".
Definido por Reichenbach como um "filme para a molecada", ele não desdenha o trabalho antes de "Filme Demência" e "Alma Corsária". "Valeu por uma faculdade inteira de cinema. E dá para perceber nele as características dos meus futuros filmes. Subvertíamos tudo, era uma farra!"
O filme era considerado perdido até o ano passado, quando o pesquisador Archimedes Lombardi descobriu que possuía uma cópia integral, adquirida numa feira no Bexiga por R$ 80.
EM BUSCA DO AMOR - Exibição do filme de Carlos Reichenbach, seguida de debate com o diretor, Marcelo Lyra e Sérgio Rizzo
Quando: hoje, às 20h
Onde: Espaço Cultural 2001 Vídeo (av. Sumaré, 1.744, tel. 3873-2017)
Quanto: grátis (retirar ingressos com uma hora de antecedência)
Especial
Arquivo: veja o que já foi publicado sobre Carlos Reichenbach
Aos 59, Reichenbach vê filme de seus 25 anos
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da Folha de S.Paulo
Carlos Reichenbach estava com 25 anos. Escrevia artigos com conteúdo libertário para jornais e dirigia episódios de filmes na Boca do Lixo quando foi convidado a dirigir um longa, o primeiro de sua carreira, para ser estrelado pelo cantor Ronnie Von e concorrer com o então recém-lançado "Roberto Carlos a 300 Quilômetros por Hora" (71), de Roberto Farias.
Feito para explorar os filmes do gênero de corrida de carros, "Corrida em Busca do Amor" teve sua produção atribulada desde o início. "Eu tinha só meio roteiro, porque o resto ia depender de uma corrida real em Amparo e não sabíamos o que ia acontecer. Acabaram me dando liberdade total para mexer no roteiro, que usei para fazer uma sátira ao gênero, elevando tudo o que havia de meloso e ruim à máxima potência", relembra Reichenbach.
Próximo ao começo das filmagens, Ronnie Von desistiu de participar por causa do cachê. "Mas eu já estava contratado e tinha inventado tanto que não podia mais ser demitido", brinca.
Faltou de tudo durante a feitura do filme, a começar pelo roteiro, que era escrito à noite para ser rodado na manhã seguinte. "Eu perguntava ao meu assistente que atores tínhamos para gravar, e ele dizia: "Nenhum".
Então a gente entrava no filme. Depois, faltava carro. Como fazer um filme de corrida sem carro? Então o filme continuava com a gente correndo", conta o diretor, que interpretou um cientista por falta de ator. "Precisei pintar a barba de branco para parecer mais velho. Se fosse hoje, não ia precisar disso."
Nas lembranças, guarda espaço para um elogio especial a Sylvio Renoldi: "Os carros saem no rally em Amparo, capotam em Interlagos, dão cavalo-de-pau em Serra Negra, e tudo parece o mesmo lugar. Fez uma montagem incrível".
Definido por Reichenbach como um "filme para a molecada", ele não desdenha o trabalho antes de "Filme Demência" e "Alma Corsária". "Valeu por uma faculdade inteira de cinema. E dá para perceber nele as características dos meus futuros filmes. Subvertíamos tudo, era uma farra!"
O filme era considerado perdido até o ano passado, quando o pesquisador Archimedes Lombardi descobriu que possuía uma cópia integral, adquirida numa feira no Bexiga por R$ 80.
EM BUSCA DO AMOR - Exibição do filme de Carlos Reichenbach, seguida de debate com o diretor, Marcelo Lyra e Sérgio Rizzo
Quando: hoje, às 20h
Onde: Espaço Cultural 2001 Vídeo (av. Sumaré, 1.744, tel. 3873-2017)
Quanto: grátis (retirar ingressos com uma hora de antecedência)
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