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26/06/2004 - 08h09

Seis décadas de Ianelli são registradas em livro

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CAUÊ ALVES
free-lance para a Folha

Para os que acreditam que um bom artista é aquele que domina o desenho, os retratos de Arcângelo Ianelli dos anos 40 irão agradar. Mas sua monumental obra vai além do mero domínio técnico. Após um período de cerca de 20 anos ligado à figuração, Ianelli, 81, se despojou de elementos naturalistas e encaminhou-se, nos anos 60, para a abstração.

Com lançamento previsto para hoje, a partir das 11h, na Pinacoteca de São Paulo, o livro "Ianelli" é resultado de uma pesquisa de dois anos e meio. A edição, com amplo material iconográfico, apresenta um panorama de sua produção e uma cronologia feita por sua neta, a escritora Mariana Ianelli. O livro traz ainda textos de Paulo Mendes de Almeida, José Roberto Teixeira Leite, Eduardo Rocha Virmond, Juan Acha e prefácios de Emanuel Araújo e Fábio Magalhães. Mesmo após problemas de saúde no final de 2002, o artista acompanhou de perto o projeto editorial coordenado pela sua filha Katia Ianelli.

Em ensaio publicado no livro, o pintor é considerado um autodidata, apesar de ter freqüentado por curto período aulas particulares com Colette Pujol, em 1942, e o ateliê de Waldemar da Costa, em 1944. Segundo Teixeira Leite, prevaleceu seu temperamento, que desde o início procurou "soluções pessoais" e insistiu em "seguir rumo próprio".

Na década de 50, o artista integrou o Grupo Guanabara ao lado de Manabu Mabe, Tikashi Fukushima e Wega Nery. Num processo gradual, a partir de sua obra anterior e sem mudanças bruscas e inconseqüentes, abandonou definitivamente a representação em 1961. Continuou a desenvolver sua pesquisa abstrata e geométrica num período em que essa já não era a tendência dominante. Cada passo e conquista possui refinada sabedoria pictórica. Como define Almeida: "Ele é o contrário da biruta, sempre dócil às variações do vento, o contrário da borboleta, que vai de flor em flor...".

Ao receber o Prêmio de Viagem ao Exterior, em 1964, Ianelli realizou exposições em diversos países da Europa. Por volta de 1968, seus quadros apresentam grafismos e pincelada mais matéricas. A cor, sóbria e com predominância de tons terrosos, é interceptada por gestos mais descontraídos.

A partir dos anos 70, sobreposições de cores e formas geométricas dominam suas obras. Telas vibrantes, compostas basicamente por triângulos e quadriláteros, foram associadas ao concretismo. Nesse período, o artista abandona o uso da tinta a óleo, por recomendação médica, e passa a pintar com têmpera, o que lhe permite explorar transparências e a leveza de tons foscos.

Nos anos 80 em diante, Ianelli prossegue com sua pesquisa cromática e tende para o abandono da forma com limites definidos. A obtenção de uma cor pura e luminosa é simultânea à eliminação da linha. Seu trabalho celebra o triunfo da sensibilidade, mas sem deixar de lado o rigor de sua pesquisa.

Premiado com a retrospectiva "60 Anos de Pintura", realizada em 2003 na Pinacoteca, Ianelli não pára de surpreender. Após a série "Vibrações", dedicou-se à escultura como se a praticasse desde a juventude. As formas de mármore, sinuosas e sensuais, dialogam diretamente com sua pintura. Ativo e em plena maturidade, Ianelli atingiu como poucos um elevado grau de simplicidade.

IANELLI
Coordenação editorial:
Katia Ianelli e Alfredo Aquino
Quanto: R$ 100 (274 págs.)
Lançamento: hoje, das 11h às 14h, na Pinacoteca (pça. da Luz, 2, SP)

Especial
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