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26/06/2004 - 09h11

Ana Cristina Cesar simboliza geração

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da Folha de S.Paulo

Nem tudo era militância política na Geração 77. Uma das predileções do "braço cultural" da juventude dos anos Geisel era a poesia. Não exigia meios, pegava carona na cultura "subversiva" do mimeógrafo, circulava de mão em mão em revistas e edições alternativas e até aglutinava algum público em sessões de leitura.

O fenômeno ocorreu país afora, mas coube à carioca (que mais parecia uma inglesa) Ana Cristina Cesar ficar como uma espécie de símbolo literário da geração. Sua sofisticação intelectual, a qualidade de sua aventura poética e as circunstâncias trágicas de sua morte (suicidou-se em outubro de 1983) compuseram a personagem misteriosa e encantadora.

Ana detestava a grossura da cultura de esquerda que extraía do engajamento conteudístico seu principal valor, em detrimento da qualidade estética das obras. Causava-lhe enjôos a inclinação naturalista de alguns escritores e artistas, sempre dispostos a besuntar a arte de povo, pregar para convertidos e trombetear o futuro redentor do socialismo. Gostava de Caetano Veloso, Baudelaire e Stephane Mallarmé. Não trocaria alguns versos de Jorge de Lima e Manuel Bandeira por toda a obra de Ferreira Gullar e não perdia um capítulo da novela "O Astro", de Janete Clair --o bastante para qualquer comunista arquivá-la na pasta dos "alienados".

Em "A Ditadura Encurralada", Ana, maníaca por diários, pontua a narrativa de Gaspari sobre a Geração 77 com suas notas: "Teve época em que eu piamente acreditei que bastava ter opiniões de esquerda para ser de esquerda. A ideologia vinha primeiro. É a política alucinatória". Ela manteve ligações pessoais com militantes estudantis da época e participou do jornal "O Beijo", idealizado pelo jornalista Julio Cesar Montenegro, no qual havia alguns responsáveis pelo "Avesso", da USP, citado no livro.

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