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03/07/2004
-
03h11
CASSIANO ELEK MACHADO
da Folha de S.Paulo
Leia abaixo a entrevista com Marcelo De Polli, do Wunderblogs:
Folha - Na sua opinião, que características, além do fato de escreverem blogs e os ancorarem no Wunderblogs, unem os autores coligados no livro?
Marcelo De Polli - O site começou com um grupo de amigos que se encontrava com certa regularidade em São Paulo. O nosso vínculo foi, antes de tudo, a amizade.
Já forcei a cachola tentando abstrair as características que temos em comum. Até agora só achei duas: a ironia e a falta de respeito para com os ídolos culturais da moda.
Folha - Quando você começou a escrever blogs e por quê? Você já escrevia antes com freqüência? Como?
Marcelo De Polli - Comecei em novembro de 2002. Antes disso não tinha o hábito de escrever (o que não quer dizer que agora eu o tenha), porque tenho outro hábito que se sobrepõe àquele: sempre que tenho algo importante a dizer recorro à linguagem oral, a qual ainda me parece superior, pelo simples fato de que a linguagem escrita tenta sempre imitá-la.
Folha - Quais as principais vantagens e desvantagens do blog em relação a outros formatos, como diários, iluminuras, livros, apostilas, panfletos etc.?
De Polli - O blog permite que você misture todos os formatos citados. Eu mesmo já publiquei um livro com todos os contos do Kafka, em inglês.
Falando em gêneros literários, o mesmo vale. O blog permite que você se utilize de qualquer um, de acordo com o que passa pela sua cabeça naquela hora do dia. Além disso, parece-me que o post curto, bem pensado, tem seus atrativos próprios do ponto de vista literário.
Folha - Quantos posts vocês escreve em média a cada mês? Quanto tempo você gasta com os blogs? Quem é o mais prolífico dos Wunders? Quem é o mais conciso?
De Polli - Escrevo em média dois por mês. Gasto muito pouco tempo escrevendo, um tempo razoável lendo e muito tempo cuidando da parte técnica do site. A coroa do mais prolífico será dividida entre o mozart e o Dante. A do menos prolífico, entre mim e o Felipe.
Folha - Além dos blogs, você escreve alguma forma de ficção? Com que características?
De Polli - Sim, em meu talão de cheques.
Folha - Como selecionou o material para o livro "Wunderblogs.com"?
De Polli - Praticamente não selecionei, porque meu blog já é muito pequeno. Mas saíram logo de cara os posts que eram baseados em citações de outros textos ou links para outros sites.
Folha - Qual o perfil do leitor dos blogs Wunder? Quem são os 'inimigos' do Wunder?
De Polli - A resposta para as duas perguntas é a mesma: todos os que quiserem. Servimos bem para servir sempre.
Folha - O que você pensa da literatura contemporânea brasileira?
De Polli - Até que ela me dê um bom motivo para pensar nela, seguirei não fazendo isso.
Folha - Quem são seus "modelos" intelectuais e literários?
De Polli - A Bíblia, São Basílio, São João Crisóstomo, São João Damasceno, Aristóteles, Husserl, Eric Voegelin, Shakespeare, J. D. Salinger, Tom Wolfe, Alexandre Soares Silva.
Folha - O escritor Marçal Aquino disse ontem, em debate no Sesc Anchieta, de São Paulo, que "todos os escritores hoje são de esquerda". Comente.
De Polli - Sim, deve ter sido o primeiro a dizer isso esta semana. Declarações como essa são de uma arrogância fora do comum, pois equivalem a tomar o que se conhece pela totalidade do que existe.
O que me surpreende, acima de tudo, é que esse tipo de coisa costume ser dito com alegria. Pois, pergunto, que vantagem há em reduzir o universo cultural a apenas uma facção política? Que troca de idéias pode resultar disso? Quem se alegra com isso não é um artista, é um militante.
Folha - Os autores do Wunderblogs são muitas vezes chamados de direitistas, conservadores etc. O que você pensa disso? Quem é, na sua opinião, o mais conservador e/ou reacionário dos 11 autores reunidos no livro?
De Polli - Considero "direitista" um termo péssimo, porque está comumente associado ao nazismo, que nada mais é que um socialismo racista ou seja, um movimento de esquerda. Já "conservador" é algo que eu seria de bom grado, se ainda houvesse algo para ser conservado. E não sei quem é o maior de todos, mas espero sinceramente que seja eu.
Folha - Existe direita (ou termo equivalente) inteligente aqui ou fora do país hoje em dia? Exemplos?
De Polli - Certamente. No Brasil, Olavo de Carvalho e J. O. de Meira Penna. Fora do Brasil a lista é grande e certamente esquecerei alguém importante, mas, de memória: Thomas Sowell, David Horowitz, Gary North, Bob Wallace, Karen De Coster, Brent Bozell, Walter Williams e Jesse Ogden, sendo que este último é um aluno de high school.
Folha - Quais dessas características você acha que tem seu blog: pessimismo, otimismo, bom humor, mau humor, misticismo, moralismo, anglofilia, "antibrasileirismo", liberalismo, catolicismo, cristianismo, classicismo, ironia, passadismo.
De Polli - Pessimismo, bom humor, liberalismo, cristianismo, classicismo, ironia, passadismo.
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da Folha de S.Paulo
Leia abaixo a entrevista com Marcelo De Polli, do Wunderblogs:
Folha - Na sua opinião, que características, além do fato de escreverem blogs e os ancorarem no Wunderblogs, unem os autores coligados no livro?
Marcelo De Polli - O site começou com um grupo de amigos que se encontrava com certa regularidade em São Paulo. O nosso vínculo foi, antes de tudo, a amizade.
Já forcei a cachola tentando abstrair as características que temos em comum. Até agora só achei duas: a ironia e a falta de respeito para com os ídolos culturais da moda.
Folha - Quando você começou a escrever blogs e por quê? Você já escrevia antes com freqüência? Como?
Marcelo De Polli - Comecei em novembro de 2002. Antes disso não tinha o hábito de escrever (o que não quer dizer que agora eu o tenha), porque tenho outro hábito que se sobrepõe àquele: sempre que tenho algo importante a dizer recorro à linguagem oral, a qual ainda me parece superior, pelo simples fato de que a linguagem escrita tenta sempre imitá-la.
Folha - Quais as principais vantagens e desvantagens do blog em relação a outros formatos, como diários, iluminuras, livros, apostilas, panfletos etc.?
De Polli - O blog permite que você misture todos os formatos citados. Eu mesmo já publiquei um livro com todos os contos do Kafka, em inglês.
Falando em gêneros literários, o mesmo vale. O blog permite que você se utilize de qualquer um, de acordo com o que passa pela sua cabeça naquela hora do dia. Além disso, parece-me que o post curto, bem pensado, tem seus atrativos próprios do ponto de vista literário.
Folha - Quantos posts vocês escreve em média a cada mês? Quanto tempo você gasta com os blogs? Quem é o mais prolífico dos Wunders? Quem é o mais conciso?
De Polli - Escrevo em média dois por mês. Gasto muito pouco tempo escrevendo, um tempo razoável lendo e muito tempo cuidando da parte técnica do site. A coroa do mais prolífico será dividida entre o mozart e o Dante. A do menos prolífico, entre mim e o Felipe.
Folha - Além dos blogs, você escreve alguma forma de ficção? Com que características?
De Polli - Sim, em meu talão de cheques.
Folha - Como selecionou o material para o livro "Wunderblogs.com"?
De Polli - Praticamente não selecionei, porque meu blog já é muito pequeno. Mas saíram logo de cara os posts que eram baseados em citações de outros textos ou links para outros sites.
Folha - Qual o perfil do leitor dos blogs Wunder? Quem são os 'inimigos' do Wunder?
De Polli - A resposta para as duas perguntas é a mesma: todos os que quiserem. Servimos bem para servir sempre.
Folha - O que você pensa da literatura contemporânea brasileira?
De Polli - Até que ela me dê um bom motivo para pensar nela, seguirei não fazendo isso.
Folha - Quem são seus "modelos" intelectuais e literários?
De Polli - A Bíblia, São Basílio, São João Crisóstomo, São João Damasceno, Aristóteles, Husserl, Eric Voegelin, Shakespeare, J. D. Salinger, Tom Wolfe, Alexandre Soares Silva.
Folha - O escritor Marçal Aquino disse ontem, em debate no Sesc Anchieta, de São Paulo, que "todos os escritores hoje são de esquerda". Comente.
De Polli - Sim, deve ter sido o primeiro a dizer isso esta semana. Declarações como essa são de uma arrogância fora do comum, pois equivalem a tomar o que se conhece pela totalidade do que existe.
O que me surpreende, acima de tudo, é que esse tipo de coisa costume ser dito com alegria. Pois, pergunto, que vantagem há em reduzir o universo cultural a apenas uma facção política? Que troca de idéias pode resultar disso? Quem se alegra com isso não é um artista, é um militante.
Folha - Os autores do Wunderblogs são muitas vezes chamados de direitistas, conservadores etc. O que você pensa disso? Quem é, na sua opinião, o mais conservador e/ou reacionário dos 11 autores reunidos no livro?
De Polli - Considero "direitista" um termo péssimo, porque está comumente associado ao nazismo, que nada mais é que um socialismo racista ou seja, um movimento de esquerda. Já "conservador" é algo que eu seria de bom grado, se ainda houvesse algo para ser conservado. E não sei quem é o maior de todos, mas espero sinceramente que seja eu.
Folha - Existe direita (ou termo equivalente) inteligente aqui ou fora do país hoje em dia? Exemplos?
De Polli - Certamente. No Brasil, Olavo de Carvalho e J. O. de Meira Penna. Fora do Brasil a lista é grande e certamente esquecerei alguém importante, mas, de memória: Thomas Sowell, David Horowitz, Gary North, Bob Wallace, Karen De Coster, Brent Bozell, Walter Williams e Jesse Ogden, sendo que este último é um aluno de high school.
Folha - Quais dessas características você acha que tem seu blog: pessimismo, otimismo, bom humor, mau humor, misticismo, moralismo, anglofilia, "antibrasileirismo", liberalismo, catolicismo, cristianismo, classicismo, ironia, passadismo.
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