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16/07/2004 - 06h27

Vin Diesel vira herói solitário em ficção científica

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THIAGO STIVALETTI
free-lance para a Folha

Não é muito comum, mas acontece uma ou duas vezes por ano estrear um filme de ação com profundidade suficiente para limar os preconceitos que recaem sobre o gênero. Ninguém há de botar muita fé em Vin Diesel depois que ele se tornou sinônimo de filmes descerebrados como "Triplo X" e "O Vingador". Mas o fato é que, em "A Batalha de Riddick", que estréia hoje, ele dá seqüência ao filme que o revelou, "Eclipse Mortal" ("Pitch Black", disponível em DVD), um misto de aventura e terror que apontava um caminho melhor.

O responsável pela volta de Diesel ao bom cinema tem nome: David Twohy, diretor dos dois filmes, mais conhecido em Hollywood como roteirista de "Waterworld" e "O Fugitivo". Neste novo episódio da saga de Riddick, ele decidiu fazer uma seqüência completamente diferente do original. Trocou a aventura e o terror pela ação e a ficção científica, criando uma espécie de "Senhor dos Anéis" dark e intergaláctico.

O visual e os diversos cenários imponentes (todos construídos em tamanho real) impressionam mais que os da Terra Média. Em um universo dominado pelo Exército dos necromangers, o fugitivo Riddick vaga pelos planetas tentando escapar à conversão forçada. Como a perseguição nunca termina, ele percebe que só terá paz depois de enfrentar (e vencer) os atuais donos do mundo e, sem saber, concretizar assim uma antiga profecia. Para isso, vai buscar ajuda em diferentes planetas e encontrar pessoas do seu passado.

"Riddick" não deixa de ser um western futurista. Vin Diesel é o caubói solitário que carrega dentro de si a ambigüidade de ser bom e mal ao mesmo tempo; de lutar pela própria sobrevivência e com isso, sem querer, ajudar todo mundo à sua volta; de buscar apenas vingança e com isso se tornar o líder da nova era.

Também pode ser lido como filme anti-Bush. Os necromangers dominam o universo como os americanos dominam a Terra. Quem não se converte perde até a alma em uma das melhores cenas do filme: um comandante confronta humanos rebeldes e arranca o espírito de um deles com as próprias mãos.

Mas é, acima de tudo, uma história de ressonâncias shakespearianas --daí o elenco de apoio ser formado por veteranos do teatro clássico. Vaako (Karl Urban), braço direito do poderoso Lorde Marshal (Colm Feore), conspira para tomar o trono obedecendo as ordens da mulher, uma soberba Lady Macbeth vivida por Thandie Newton (de "O Assédio" e "Missão Impossível 2"). Há ainda a oscarizada Judi Dench (de "Shakespeare Apaixonado" e "Chocolate"), um ser etéreo que zela pelo cumprimento da profecia que levará Riddick ao poder.

Apesar de todos esses predicados, em Hollywood o que vale é fechar as contas e, nisso, o segundo episódio se deu mal. "Eclipse Mortal" havia rendido apenas US$ 39 milhões, mas foi feito com parcos US$ 23 milhões, ou seja, deu lucro. Já "A Batalha de Riddick" custou bem caro, mesmo para os padrões hollywoodianos (US$ 105 milhões) e rendeu só a metade (US$ 55 milhões no mercado americano). O final aberto deixa espaço para uma seqüência, mas é pouco provável que Riddick volte a batalhar. Vin Diesel vai ter que retomar o seu clone vulgar de James Bond.

Avaliação:

A Batalha de Riddick (The Chronicles of Riddick)
Produção: EUA, 2004
Direção: David Twohy
Com: Vin Diesel, Judi Dench, Thandie Newton
Quando: a partir de hoje nos cines Central Plaza, Interlagos e circuito

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