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20/07/2004 - 05h17

Casa noturna da Moóca fecha as portas depois de 16 anos

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ANDRÉ BARCINSKI
free-lance para a Folha

A festa de encerramento da casa noturna Overnight, realizada no último sábado, não foi muito diferente de centenas de outras festas promovidas pelo famoso clube da Moóca nos últimos 16 anos: quente, barulhenta e animada.

Apesar da vibração de seus freqüentadores, que não pararam de dançar e gritar por um minuto sequer, havia no ar um evidente clima de tristeza. Acima da cabine do DJ, uma faixa, escrita à mão, expressava o sentimento de todos: "Aqui é a nossa casa, a música não pode parar".

"Estou muito triste, como dono e como freqüentador da casa", dizia um dos sócios da Overnight, Carmo Crunfli, 44 ("na noite desde os 12"). "A Over sempre foi a minha menina dos olhos, e só quem trabalha aqui sabe o esforço que fizemos para mantê-la aberta, apesar dos prejuízos financeiros."

Inaugurada em 1988, a Overnight ajudou a popularizar a música eletrônica em São Paulo. Todos os grandes DJs brasileiros passaram por lá: Marky, Mau Mau, Patife, Renato Lopes, além de astros estrangeiros como Sasha e Bad Company. Mas o DJ mais identificado com a Overnight é Andy, 28, residente da casa desde 1992 e um verdadeiro ídolo local.

Na noite de sábado, Andy mal conseguia andar pela casa. Ele foi agarrado, abraçado e beijado; jovens pediam autógrafos e fotos; outros simplesmente o interpelavam para agradecer pelas boas lembranças.

O público da Overnight, consciente de que aquela seria uma noite especial, fez o que não fazia há tempos --lotou a casa. Mais de 1.600 pessoas abarrotaram o local, de parede a parede. "Antigamente, isso aqui era lotado assim todo fim de semana", lembra Andy.

O DJ culpa o apartheid social de São Paulo pela derrocada da casa. "As pessoas parecem que têm medo de ir à zona leste. O 'moderno', hoje, é ir ao Itaim ou à Vila Olímpia. É uma pena, porque a música eletrônica está muito carente de lugares na cidade. Com exceção de Lov.e, D-Edge, A Lôca e Manga Rosa, não existem mais clubes dedicados à música eletrônica. Hoje só tem clubes de playboy, que se importam com tudo, menos com a música."

A programação da noite incluiu três DJs que fizeram história na Overnight: Grace Kelly Dum, Dabolina, e o próprio Andy. Os três se revezaram tocando músicas que marcaram os 16 anos da casa, de Prodigy a Underworld, de Inner City a Altern 8.

Andy fez uma seleção das músicas que marcaram as várias fases da Overnight, tocando pop (Prince, Eurythmics), rock (Siouxsie and the Banshees, Tom Tom Club), além de clássicos de New Order, Soft Cell e outros. Daí pulou para a house music, o jungle e o hardcore, chegando, enfim, ao drum'n'bass, estilo que o consagrou como DJ.

E como ficam os órfãos da Overnight? "Eu vou atrás do Andy", diz Antonio Marcos, 31, freqüentador da casa desde 1991. "Aonde ele for, eu vou atrás."

Especial
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