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25/07/2004
-
07h35
da Folha de S.Paulo
Uma das razões para a diminuição do interesse pelos programas policiais está na ampliação da oferta de outras formas de jornalismo, que, em vez de só explorar a violência, oferece aos habitantes dessas áreas informações sobre serviços e dá voz a suas reivindicações. Outro fator está na teledramaturgia, que passou a "abraçar" temas dessa realidade.
Essa é a opinião da advogada Luciana Guimarães, diretora de projetos do Instituto Sou da Paz. Ela cita como exemplo a série "Cidade dos Homens" (Globo), criada por Fernando Meirelles ("Cidade de Deus"), que mostra a vida de dois garotos de uma favela do Rio, e o seriado "Turma do Gueto" (Record), ambientado na periferia da Grande São Paulo.
"Os moradores das periferias deixavam claro que assistiam a esse tipo de programa 'trash' porque era a única oportunidade de encontrar a realidade deles na TV. Hoje isso mudou."
Ela considera positiva a diminuição de espaço do "Cidade Alerta" e "Brasil Urgente". "Eles contribuem para o clima de medo e não para que tenhamos bons diagnósticos da violência, que possam pautar políticas eficazes de segurança."
Em sua opinião, esses telejornais usam como "desculpa" a suposta cobertura da realidade. "A violência é uma questão muito séria para ser tratada com irresponsabilidade."
Guimarães vê ainda outra razão para a crise do "mundo cão" na TV. "O desemprego passou a ser um terror ainda maior que a violência para a população. É um assunto que tirou a falta de segurança do foco central", afirma a advogada.
O sociólogo Laurindo Lalo Leal, diretor da ONG TVer e membro da campanha Quem Financia a Baixaria é contra a Cidadania, afirma que as emissoras não reduziram os tempos dos telejornais policiais por "altruísmo". "As redes perceberam que o telespectador está cansando dessa fórmula. Mais que isso, sentiram pressão de anunciantes, que já evitam patrocinar programas que afrontam a dignidade das pessoas e criam um clima de pânico."
Na avaliação do sociólogo, a "gritaria" dos apresentadores pode dar fôlego à violência. "Há o risco de que influencie principalmente jovens sem raízes, que podem buscar se impor ou elevar a auto-estima através da violência."
Para Lalo Leal, a campanha Quem Financia a Baixaria é contra a Cidadania teve forte influência na decisão das emissoras. "O grande acerto desse projeto foi ter focado em quem anuncia em televisão. Recebemos várias manifestações de anunciantes dizendo que passariam a ter mais cautela na hora de escolher que programas irão patrocinar", diz Lalo Leal.
A campanha irá agora criar comitês estaduais, a fim de pressionar anunciantes regionais. "Fora esses telejornais policiais, há muitos programas locais na mesma linha, até mais sensacionalistas."
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Emissoras reduzem espaço de telejornais policiais
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"Periferia hoje se vê em outros programas", diz advogada
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Uma das razões para a diminuição do interesse pelos programas policiais está na ampliação da oferta de outras formas de jornalismo, que, em vez de só explorar a violência, oferece aos habitantes dessas áreas informações sobre serviços e dá voz a suas reivindicações. Outro fator está na teledramaturgia, que passou a "abraçar" temas dessa realidade.
Essa é a opinião da advogada Luciana Guimarães, diretora de projetos do Instituto Sou da Paz. Ela cita como exemplo a série "Cidade dos Homens" (Globo), criada por Fernando Meirelles ("Cidade de Deus"), que mostra a vida de dois garotos de uma favela do Rio, e o seriado "Turma do Gueto" (Record), ambientado na periferia da Grande São Paulo.
"Os moradores das periferias deixavam claro que assistiam a esse tipo de programa 'trash' porque era a única oportunidade de encontrar a realidade deles na TV. Hoje isso mudou."
Ela considera positiva a diminuição de espaço do "Cidade Alerta" e "Brasil Urgente". "Eles contribuem para o clima de medo e não para que tenhamos bons diagnósticos da violência, que possam pautar políticas eficazes de segurança."
Em sua opinião, esses telejornais usam como "desculpa" a suposta cobertura da realidade. "A violência é uma questão muito séria para ser tratada com irresponsabilidade."
Guimarães vê ainda outra razão para a crise do "mundo cão" na TV. "O desemprego passou a ser um terror ainda maior que a violência para a população. É um assunto que tirou a falta de segurança do foco central", afirma a advogada.
O sociólogo Laurindo Lalo Leal, diretor da ONG TVer e membro da campanha Quem Financia a Baixaria é contra a Cidadania, afirma que as emissoras não reduziram os tempos dos telejornais policiais por "altruísmo". "As redes perceberam que o telespectador está cansando dessa fórmula. Mais que isso, sentiram pressão de anunciantes, que já evitam patrocinar programas que afrontam a dignidade das pessoas e criam um clima de pânico."
Na avaliação do sociólogo, a "gritaria" dos apresentadores pode dar fôlego à violência. "Há o risco de que influencie principalmente jovens sem raízes, que podem buscar se impor ou elevar a auto-estima através da violência."
Para Lalo Leal, a campanha Quem Financia a Baixaria é contra a Cidadania teve forte influência na decisão das emissoras. "O grande acerto desse projeto foi ter focado em quem anuncia em televisão. Recebemos várias manifestações de anunciantes dizendo que passariam a ter mais cautela na hora de escolher que programas irão patrocinar", diz Lalo Leal.
A campanha irá agora criar comitês estaduais, a fim de pressionar anunciantes regionais. "Fora esses telejornais policiais, há muitos programas locais na mesma linha, até mais sensacionalistas."
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