Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
29/07/2004 - 04h03

Retrospectiva de Rosana Palazyan exige compaixão

Publicidade

FELIPE CHAIMOVICH
crítico da Folha

"O lugar do sonho" é mostra ilusionista. Reúne 24 peças dos últimos dez anos de Rosana Palazyan no Centro Cultural Banco do Brasil.

O ilusionismo é técnica moralizante. O artista declara-se baseado em fatos ao criar sua obra, aumentando a crença do público na verossimilhança da narrativa artificial. Interpretações parciais são apresentadas como realidade.

As etiquetas identificatórias da exposição fazem reiterada referência à base real das cenas figuradas sobre tecido, barrado e brinquedos: "Bélgica, 1996", "Imagens de Jornais", "Entrevista com Adolescentes Internados em Instituições por Infringirem as Leis".

No saguão do edifício, o visitante encontra um confessionário de madeira lavrada. Entra sozinho no compartimento central, senta-se e lá é fechado por um guia da instalação. Dentro, ouve gravações de depoimentos sobre medo ligado à morte de familiares através das janelas confessionais.

Predominam imagens que editam episódios histórias de violência e morte. O tema da infância é recorrente, seja no tosco bordado sobre lençol de bebê com babados "Mãe e Filho" (1996), ou em "L.C.P. (Falecido)" (1998).

A galeria do segundo andar abriga três conjuntos heterogêneos. As cenas tridimensionais em miniatura de "Uma História que Você Nunca Esqueceu?" (2004) concentram a tensão num dos incidentes descritos no bordamento da barra circundante. A instalação "àpara Valéria, Luciana, Patrícia, Maia, Mônicaà" (2000/04) inclui dezesseis pingentes pontiagudos e coloridos, com nomes femininos e dizeres, produzidos por adolescentes detidas. Nos seis retratos a lápis intercalados com espelhos, jovens mascarados sobrepõem-se a frases como: "é assim que eu vou ficar com o tempo que vou passar aqui, vou ficando velho".

Porém algumas soluções plásticas independem das citações. "Um Pedido para Estrela Cadente" (2000/04) ocupa sala escura com balões de gás encostados ao teto e desenhados com tinta fluorescente. Brilham sob luz negra, tal como o chão de pedriscos brancos sobre o qual caminhamos. Podem ser lidos puxando-se para baixo os cordões amarrados nas pontas.

A compaixão é requisitada a cada passo para o envolvimento com a bem montada retrospectiva. Mas na saída nos aguarda a volta à Praça da Sé.

Avaliação:

O Lugar do Sonho
Onde:
Centro Cultural Banco do Brasil (r. Álvares Penteado, 112, centro, SP, tel. 0/ xx/11/3113-3600)
Quando: ter./dom., 10h/21h; até 7/9
Quanto: entrada franca

Especial
  • Arquivo: veja o que já foi publicado sobre Rosana Palazyan
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página