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04/08/2004 - 08h29

Cia. Livre faz estudo público sobre Arena

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VALMIR SANTOS
da Folha de S.Paulo

Com estimados 99 lugares, ombro a ombro, no atual palco semicircular, de 4 m de "diâmetro", o teatro de Arena Eugênio Kusnet, mais famoso endereço da estreita e curta rua Teodoro Baima, quase na bifurcação da avenida Ipiranga com a rua da Consolação, pode levar incautos a descrer de sua dimensão histórica.

Mas foi assim, fisicamente diminuto, se comparado aos edifícios modernos da região, que esse espaço do centro paulistano entrou para a história do teatro brasileiro, como será esmiuçado a partir de hoje no estudo público "Cia. Livre Conta Arena 50 Anos".

São três vertentes. Depoimentos de artistas que protagonizaram papéis importantes no palco e nos bastidores do Arena (sempre às quartas-feiras). Palestras e debates com pesquisadores e teóricos das artes cênicas (às terças, quinzenalmente).

E, por fim, a leitura dramática de antologia composta por nove peças, justamente no espaço que deu vez e voz para o autor nacional a partir do final dos anos 50 (às quartas, quinzenalmente).

Cabe ao diretor José Renato, 78, o depoimento de abertura do evento, hoje à noite.
Ele estava entre os atores da Escola de Arte Dramática (à época ainda não vinculada à USP), como Geraldo Matheus, Sérgio Sampaio e Emílio Fontana, que criaram a companhia Teatro de Arena.

O formato circular de palco e platéia foi uma introdução do professor e crítico Décio de Almeida Prado (1917-2000), que fez chegar aos alunos um livro americano sobre o assunto.

A disposição em arena, que remonta à origem universal do teatro na Grécia Antiga, serviu como luva às produções de baixo custo e à valorização do texto como que ao pé do ouvido do espectador.

Semi-arena

Em 1º de fevereiro de 1955, uma loja vazia da Teodoro Baima foi transformada oficialmente no Teatro de Arena, com a estréia de "A Rosa dos Ventos", do belga Claude Spaak (1904-90), dirigida por Renato, que já vinha de montagens com sua cia. desde 1953.

Aquele formato em arena foi transformado, ao longo dos anos, em semi-arena. Não se sabe ao certo como se deu a transição, exemplo de curiosidade que pode ser detalhada nos depoimentos.

Para lembrar esses 50 anos, a serem completados em fevereiro de 2005, retornam ao Arena 28 atores, diretores e dramaturgos. Alguns deles: Gianfrancesco Guarnieri, Augusto Boal, Milton Gonçalves, Lima Duarte, Nelson Xavier, Chico de Assis, Miriam Mehler, Paulo José e Izaías Almada, este que também imprimiu retrospectiva desse meio século no recém-lançado "Teatro de Arena", pela coleção Paulicéia da editora Boitempo.

No campo da reflexão, haverá oito encontros. Entre os convidados, estão Maria Thereza Vargas, Fernando Peixoto, Theo Barros, José Miguel Wisnik, Alexandre Matte, Iná Camargo Costa, Luiz Fernando Ramos, Amélia Hamburguer e os atores Renato Borghi e José Celso Martinez Corrêa, que encerrarão o ciclo com o tema "O Oficina Cont(r)a Arena".

Paralelamente à programação, a cia. Livre vai entrevistar outras personalidades que também fizeram história no Arena. Tudo será documentado em CD-ROM.

O projeto tem patrocínio da Petrobras (R$ 299 mil) e parte de recursos do Programa de Fomento ao Teatro, para o qual a cia. Livre foi contemplada e montará "Arena Conta Danton", baseado em "A Morte de Danton", do alemão Georg Büchner (1813-37), com direção de Forjaz, que estréia no próximo 11 de setembro.

Formada em 1999, a Cia. Livre ("Um Bonde Chamado Desejo", "Toda Nudez Será Castigada") é a bola da vez na ocupação do Arena, em 2004, teatro mantido pela Funarte.

Em tempo: Eugênio Kusnet (1898-1975), cujo nome batiza o Arena, foi o ator russo que chegou ao Brasil em 1927, trabalhou também com o Oficina e por aqui ajudou a disseminar o método Stanislavski de interpretação.

CIA. LIVRE CONTA ARENA 50 ANOS
Coordenação:
Cibele Forjaz, Isabel Teixeira e Vadim Nikitin. Abre hoje, às 20h, com depoimento de José Renato
Onde: teatro de Arena Eugênio Kusnet (r. Teodoro Baima, 94, SP, tel. 0/xx/11/ 3256-9463)
Quando: pague quanto quiser
Quando: todas as segundas (leituras) e quinzenalmente às terças (debates) e quartas (depoimentos), sempre às 20h. Na próxima seg,. dia 9/ 11, será lida a peça "Eles Não Usam Black-Tie" (1958), de Gianfrancesco Guarnieri. Até 29/11

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