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13/08/2004 - 07h18

Gilberto Gil remodela sucessos no show "Eletracústico"

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PEDRO ALEXANDRE SANCHES
SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo

Tal como no tempo tropicalista em que propunha a incorporação do rock'n'roll à tradição musical brasileira, Gilberto Gil volta a embaralhar mundos dispersos no show "Eletracústico", que estréia hoje prometendo um duelo de percussões acústicas e eletrônicas.

Se o artista de 1968 era inventor em conquista de espaço, hoje o músico-ministro da Cultura segue risca já trilhada por jovens como Chico Science, Fernanda Porto, Marcelo D2. De pai da invenção, torna-se filho de seus filhos.

Diz que seu novo show é modesto: menos ambicioso, portanto, que o projeto de lei que sob suas asas vem causando confusões culturais e políticas. "É simples, bastante reduzido, com uma dimensão sonora moderada", diz.

Sob essa concepção, reuniu os percussionistas Gustavo di Dalva e Marcos Suzano, o guitarrista Sérgio Chiavazzoli, o acordeonista e tecladista Cícero Assis, e só.

A dimensão de provocação ainda resiste, no entanto. Gil diz que se apropriou do título "Eletracústico" por inspiração de um músico erudito de que não recorda o nome. "Ele se queixava, num artigo contrariado, de essa música eletrônica de festa ser chamada de música eletrônica. Defendia a concepção eletracústica erudita contra usos populares abastardadores. Aí me ocorreu chamar o show de 'Eletracústico'", explica.

Promete conceder essa dupla face a ícones de seu repertório como "Aquele Abraço" (69), "Expresso 2222" (72), a black power "Refavela" (77), "Toda Menina Baiana" (79), "A Novidade" (86) etc., e também a clássicos de Luiz Gonzaga e John Lennon, Chico Buarque ("A Rita") e Bob Marley.

Exercendo dupla jornada musical e governamental, o rebelde que galgou o poder contraria o mito da preguiça baiana. A metáfora sobre seu dia-a-dia surge ao comentar a contrariedade da Globo em relação a um projeto de lei regulador, antimonopolista: "Elegi acordar cedo para trabalhar, quando poderia contemplar a preguiça, ficar na cama até as 11h. A regulação me contraria, o espartano contraria o hedonista. Todos fazemos regulação natural em nossas vidas, criando espaço ético para o outro".

Por falar em ética, o que diria o ministro aos que vêem sua dupla jornada como algo reprovável, antiético? Diria talvez o que diz ao comentar conflitos de campo ético que rondam o governo Lula: "É necessária uma reconsideração moral e ética. A pletora de novas questões postas sobre a mesa humana demanda novas posturas éticas, flexibilização de visões, um pouco mais de variedade e um pouco menos de verdade".

Para exemplificar, pede socorro à garotada: "Prender estudantes das universidades que baixam música pela internet pareceu à sociedade mundial uma exorbitância, antiético em última análise. É necessário que o justo meio se mova, saia da rigidez do centro".

Hoje à noite, sobem nesse palco-palanque eletracústico o músico e o ministro. A novidade veio dar à praia, posicione-se.

ELETRACÚSTICO. Show de Gilberto Gil. Onde: DirecTV Music Hall (av. Jamaris, 213, Moema, tel. 0/xx/11/6846-6040). Quando: hoje e amanhã, às 22h, e dom., às 20h. Quanto: de R$ 40 a R$ 80.

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