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14/08/2004
-
08h56
FELIPE CHAIMOVICH
crítico da Folha
Morreu a natureza-morta? "Still Life/Natureza-Morta" afirma o contrário. A coletiva, que está em cartaz na galeria de arte do Sesi, cria painel comparativo do exercício atual do gênero na arte contemporânea da Grã-Bretanha e do Brasil.
Tanto instituições londrinas, como a Tate Modern, quanto paulistanas, como o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), têm montado recentemente exposições segundo os critérios acadêmicos tradicionais.
A curadoria divide a mostra em cinco temas da natureza-morta que ainda permaneceriam hoje: recipientes ou "bodegones", objetos de desejo, comida, flores e a morte ou "vanitas".
À direita da entrada, destaca-se o "Sem Título Mas com Amor" (1990), de Ernesto Neto. A interpretação das formas abstratas do artista como "bodegones" identifica na obra uma figura, apesar do nome neutro da peça.
A categorização do abstrato como natureza-morta repete-se com a inclusão do cubo de vidro com fumaça congelada (1998), de Shirley Paes Leme, da instalação "Verde Mais Azul Igual Ciano" (2001), de Anna Barriball, da acumulação de canudos "Marrom e Negro" (2003), de Pazé, e da escultura construtiva "Galo e Touro" (2001), de Gary Webb.
As cenas de interior são outro gênero confundido na mostra com a natureza-morta. A "Carambola" (2002), de Márcia Xavier, recria o jogo de bilhar sem caçapas.
Duas bolas amarelas e outra vermelha ficam sobre veludo verde circular que cobre o fundo de um cilindro metálico. A parede interna do volume é espelhada, gerando anamorfoses das esferas coloridas conforme caminhamos ao redor. Por outro lado, "Natureza-Morta" (1998), de Dolven, figura objeto consagrado do tema da exposição: o vídeo exibe a seqüência invertida de pintor que retira delicadamente tinta branca de uma tulipa vermelha.
A "Brasiliana 9" (1969), de Antônio Henrique Amaral, as "Uvas Selecionadas" (1981), de Patrick Caulfield, e o "Nabo" (2001), de Guto Lacaz, retomam os tradicionais legumes e frutas.
Os recipientes d'água também foram incluídos. Em "Belle (Época Áurea da Refrigeração)" (2000), de Jane Simpson, um conjunto de três mesinhas empilháveis sobrepõe-se a um motor de refrigeração ligado; no topo, um abajur plástico e uma salva de metal acumulam flocos de gelo.
A classificação da arte atual conforme categorias acadêmicas parece conservadora. Mas a clara adequação de muitas das obras a gêneros clássicos recoloca inesperadamente o contemporâneo na trilha das regras.
Avaliação:
Still Life/Natureza-Morta
Onde: galeria de arte do Sesi (av. Paulista, 1.313, Cerqueira César, região central, tel. 3146-7405; site: www.sesisp.org.br)
Quando: de ter. a sáb., das 10h às 20h; e dom., das 10h às 19h; até 7/11
Quanto: entrada franca
Coletiva mostra arte atual como acadêmica
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crítico da Folha
Morreu a natureza-morta? "Still Life/Natureza-Morta" afirma o contrário. A coletiva, que está em cartaz na galeria de arte do Sesi, cria painel comparativo do exercício atual do gênero na arte contemporânea da Grã-Bretanha e do Brasil.
Tanto instituições londrinas, como a Tate Modern, quanto paulistanas, como o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), têm montado recentemente exposições segundo os critérios acadêmicos tradicionais.
A curadoria divide a mostra em cinco temas da natureza-morta que ainda permaneceriam hoje: recipientes ou "bodegones", objetos de desejo, comida, flores e a morte ou "vanitas".
À direita da entrada, destaca-se o "Sem Título Mas com Amor" (1990), de Ernesto Neto. A interpretação das formas abstratas do artista como "bodegones" identifica na obra uma figura, apesar do nome neutro da peça.
A categorização do abstrato como natureza-morta repete-se com a inclusão do cubo de vidro com fumaça congelada (1998), de Shirley Paes Leme, da instalação "Verde Mais Azul Igual Ciano" (2001), de Anna Barriball, da acumulação de canudos "Marrom e Negro" (2003), de Pazé, e da escultura construtiva "Galo e Touro" (2001), de Gary Webb.
As cenas de interior são outro gênero confundido na mostra com a natureza-morta. A "Carambola" (2002), de Márcia Xavier, recria o jogo de bilhar sem caçapas.
Duas bolas amarelas e outra vermelha ficam sobre veludo verde circular que cobre o fundo de um cilindro metálico. A parede interna do volume é espelhada, gerando anamorfoses das esferas coloridas conforme caminhamos ao redor. Por outro lado, "Natureza-Morta" (1998), de Dolven, figura objeto consagrado do tema da exposição: o vídeo exibe a seqüência invertida de pintor que retira delicadamente tinta branca de uma tulipa vermelha.
A "Brasiliana 9" (1969), de Antônio Henrique Amaral, as "Uvas Selecionadas" (1981), de Patrick Caulfield, e o "Nabo" (2001), de Guto Lacaz, retomam os tradicionais legumes e frutas.
Os recipientes d'água também foram incluídos. Em "Belle (Época Áurea da Refrigeração)" (2000), de Jane Simpson, um conjunto de três mesinhas empilháveis sobrepõe-se a um motor de refrigeração ligado; no topo, um abajur plástico e uma salva de metal acumulam flocos de gelo.
A classificação da arte atual conforme categorias acadêmicas parece conservadora. Mas a clara adequação de muitas das obras a gêneros clássicos recoloca inesperadamente o contemporâneo na trilha das regras.
Avaliação:
Still Life/Natureza-Morta
Onde: galeria de arte do Sesi (av. Paulista, 1.313, Cerqueira César, região central, tel. 3146-7405; site: www.sesisp.org.br)
Quando: de ter. a sáb., das 10h às 20h; e dom., das 10h às 19h; até 7/11
Quanto: entrada franca
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