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03/10/2000 - 04h26

Cavalera se nomeia embaixador do Brasil

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CLAUDIO JULIO TOGNOLLI, da Folha de S.Paulo

Enganam-se os que acreditam no velho axioma do show business segundo o qual o êxtase não repete os seus mitos. Pelo menos é o que pensa Max Cavalera, ex-Sepultura e hoje líder supremo da banda Soulfly. Na última sexta-feira, falando com exclusividade à Folha de Kansas (Meio-Oeste dos EUA), Max informou que o recém-lançado álbum da banda, "Primitive", vendeu em dois dias 30 mil cópias -o que o primeiro CD, de 1998, levou
uma semana para atingir.

Urdindo estratagemas profissionais a cada minuto da conversa e, talvez, com alguma dificuldade para invocar nomes próprios, Max está eufórico: o novo CD, lançado no último dia 26 em Los Angeles, ganhou três estrelas e meia das quatro previstas pela revista "Rolling Stone". Mas é taxativo: apesar do sucesso, não virá tocar no Rock in Rio, em 2001.

"Eu gostaria, até porque recebi convite dos meus amigos dos Deftones para descer com eles para aí, que devem tocar no festival. Mas, justamente no dia do rock pesado, nós vamos estar tocando no Festival Big Day Out, na Austrália." Max não parece preocupado com o fato de possivelmente ter de tocar no Rock in Rio no mesmo dia do Sepultura, de seu irmão Igor Cavalera. "Qual o problema com isso? Somos duas bandas de renome internacional e nos damos muito bem. Não veria nenhum problema em dividir o palco com o Sepultura", dispara.

Max Cavalera fala como quem está vivendo entre chamas crepitantes, rápido, plural, incessante. Encontra, também rapidamente, metáforas arbitrárias para descrever o que vive agora com tamanha explosão do CD do Soulfly. "A banda é um vulcão em erupção a cada minuto. O Soulfly atingiu um nível de perfeição que eu buscava há muitos anos... Sabe, eu sempre me pergunto o porquê de as bandas que surgiram com o Sepultura, como o Slayer e Megadeth, nunca terem conseguido estourar na MTV. Por que apenas o Metallica? A resposta é que eles sempre souberam misturar os estilos, coisa que o Korn e o Limp Bizkit fazem muito bem agora. O Soulfly é a melhor mistura de estilos que já vi."

Acossado pela nostalgia -e sabedor de que o hoje dilatadíssimo império de fãs deixado pelo Sepultura consome tudo o que venha da grife Cavalera-, Max avalia que é hora de apostar na miscigenação musical. "Olha, temos de misturar, só misturando os estilos é que se avança. Quem disse que esse tipo de coisa não tem aceitação? Você sabe qual é a sensação de ver 3.000 gringos cantando "Tribe", do Sepultura, em português, que era uma homenagem ao reinado de Zumbi? É uma sensação incomparável!"
Talvez tenha sido por todo esse elixir do apocalipse (encontrado na mistura de tudo o que há no rock), que Max Cavalera fez questão de colocar em "Primitive" tudo o que sua mão pôde alcançar além das baquetas. E, quando se fala nisso, leia-se Sean Lennon, 24, filho de John Lennon e dono de uma música melodiosa, mas atrabiliária, colérica e repleta daquilo chamado nos EUA de "patchwork" -aqui mais conhecido como colcha de retalhos. "Eu estava indo tocar na Austrália, em janeiro do ano passado. Entramos no avião e bem ao meu lado estava Sean Lennon. Ele logo veio me falar um oi e disse que era meu fã... Duas semanas depois, eu estava no Japão e ele apareceu para ver o nosso show. Ficamos amigos, muito amigos, e ele canta em "Primitive" a faixa "Son Song"."

Mas, sustenta, o melhor de tudo isso é o fato de ele ter se tornado o embaixador do Brasil que sempre quis ser. "Meu pai, Grazziano Cavalera, era cônsul italiano no Brasil. Morreu em 1979. Em 1980, quando vi o show do Queen no estádio do Morumbi (SP), eu disse: "Vou ser embaixador, seguindo a tradição do meu pai". Hoje platéias do mundo todo me conhecem. Consegui. Por isso, em todos os discos do Soulfly, está escrito "Dedicado a Deus". Sou um dos maiores embaixadores do Brasil no exterior."

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