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20/08/2004
-
07h01
SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S.Paulo
Para o bem e para o mal, "Super Size Me", o controvertido filme de Morgan Spurlock, é o "Fahrenheit 11 de Setembro" da indústria de fast food e a (conseqüente? é o que defende o filme) epidemia de obesidade dos EUA.
Para o bem porque se trata de assunto controverso, que as grandes corporações de Hollywood evitam por motivos óbvios: da fast food vendida nas entradas das salas de exibição vem parte importante do faturamento do negócio cinematográfico.
Para o mal porque, assim como a irresistível lambada fílmica que Michael Moore dá na Era Bush, tem momentos importantes de manipulação. Um emblema desse esquema de distorcer a verdade com objetivo "nobre" não está no filme. É um fac-símile da carta que Spurlock manda para o McDonald's pedindo entrevista.
Está no site australiano (www.mcdonalds.com.au) da rede e é um primor de enrolação. "Estou impressionado com o trabalho realizado pelo McDonald's juntamente de suas franquias para produzir e oferecer alternativas saudáveis para os clientes. (...) Como mencionei no telefonema, estamos fazendo um filme que abre a porta para o exame mais honesto e complexo desta questão até agora e acredito que seu envolvimento mostrará o que as pessoas já estão testemunhando: que o McDonald's está comprometido com o futuro saudável da América".
O que se vê, no entanto, é um diapasão de um lado só, que pode ser resumido assim: por 30 dias, o diretor resolve só se alimentar no McDonald's, fazendo as três refeições em alguma loja da rede. Contrata três médicos para acompanhá-lo. O resultado é ganho de peso, estouro nos níveis de colesterol, sintomas depressivos, baixa na libido e problemas no fígado, que ganha "consistência de um patê", como diz um dos médicos.
Ele prova sua tese: só se alimentar de hambúrgueres, sorvetes e refrigerantes faz mal. De quebra, consegue bons momentos, como quando mostra o calculado apelo junto às crianças que essas redes têm. Não é pouco, mas não é muito mais do que isso.
Uma coisa é certa: manipulativo ou não, depois de assistir a este documentário é provável que você passe a sentir eriçamento de pêlos da próxima vez que ouvir a indefectível pergunta: "Fritas acompanham o pedido?".
Avaliação:
Super Size Me - A Dieta do Palhaço (Super Size me)
Direção: Morgan Spurlock
Produção: EUA, 2004
Quando: a partir de hoje nos cines Bristol, Cinearte e circuito
Leia mais
Diretor encara um mês de McDonald's
"Super Size Me" é "Fahrenheit" da fast food
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da Folha de S.Paulo
Para o bem e para o mal, "Super Size Me", o controvertido filme de Morgan Spurlock, é o "Fahrenheit 11 de Setembro" da indústria de fast food e a (conseqüente? é o que defende o filme) epidemia de obesidade dos EUA.
Para o bem porque se trata de assunto controverso, que as grandes corporações de Hollywood evitam por motivos óbvios: da fast food vendida nas entradas das salas de exibição vem parte importante do faturamento do negócio cinematográfico.
Para o mal porque, assim como a irresistível lambada fílmica que Michael Moore dá na Era Bush, tem momentos importantes de manipulação. Um emblema desse esquema de distorcer a verdade com objetivo "nobre" não está no filme. É um fac-símile da carta que Spurlock manda para o McDonald's pedindo entrevista.
Está no site australiano (www.mcdonalds.com.au) da rede e é um primor de enrolação. "Estou impressionado com o trabalho realizado pelo McDonald's juntamente de suas franquias para produzir e oferecer alternativas saudáveis para os clientes. (...) Como mencionei no telefonema, estamos fazendo um filme que abre a porta para o exame mais honesto e complexo desta questão até agora e acredito que seu envolvimento mostrará o que as pessoas já estão testemunhando: que o McDonald's está comprometido com o futuro saudável da América".
O que se vê, no entanto, é um diapasão de um lado só, que pode ser resumido assim: por 30 dias, o diretor resolve só se alimentar no McDonald's, fazendo as três refeições em alguma loja da rede. Contrata três médicos para acompanhá-lo. O resultado é ganho de peso, estouro nos níveis de colesterol, sintomas depressivos, baixa na libido e problemas no fígado, que ganha "consistência de um patê", como diz um dos médicos.
Ele prova sua tese: só se alimentar de hambúrgueres, sorvetes e refrigerantes faz mal. De quebra, consegue bons momentos, como quando mostra o calculado apelo junto às crianças que essas redes têm. Não é pouco, mas não é muito mais do que isso.
Uma coisa é certa: manipulativo ou não, depois de assistir a este documentário é provável que você passe a sentir eriçamento de pêlos da próxima vez que ouvir a indefectível pergunta: "Fritas acompanham o pedido?".
Avaliação:
Super Size Me - A Dieta do Palhaço (Super Size me)
Direção: Morgan Spurlock
Produção: EUA, 2004
Quando: a partir de hoje nos cines Bristol, Cinearte e circuito
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