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23/08/2004 - 04h02

Dois longas concentram troféus em edição irregular de Gramado

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SILVANA ARANTES
Enviada especial a Gramado

A premiação do 32º Festival de Gramado, ocorrida no último sábado, exprimiu a irregularidade da competição de filmes brasileiros --dos cinco títulos selecionados, apenas dois rivalizavam em qualidade na disputa pelos prêmios ("Vida de Menina", de Helena Solberg, e "Filhas do Vento", de Joel Zito Araújo).

O júri oficial repartiu entre os dois longas quantidade idêntica de troféus (cinco para cada um). Solberg ficou com o Kikito de melhor filme, e Zito Araújo, com o de melhor diretor.

"Vida de Menina" trata da experiência de uma jovem de descendência inglesa na extrativista Diamantina (MG), no final do século 19. O filme foi premiado também pelo roteiro (de Solberg e Elena Soárez), baseado no livro "Minha Vida de Menina", de Helena Morley; fotografia (Pedro Farkas), direção de arte (Beto Mainieri), trilha (Wagner Tiso), além do troféu do júri popular.

"Filhas do Vento" é uma história original sobre a trajetória de duas gerações de uma família negra no interior de Minas Gerais. Além de melhor direção, ganhou nas categorias ator (Milton Gonçalves), atriz (Léa Garcia e Ruth de Souza), ator coadjuvante (Rocco Pitanga), atriz coadjuvante (Taís Araújo e Thalma de Freitas) e foi eleito pela crítica como melhor filme brasileiro.

O júri reconheceu os esforços de produção de dois outros concorrentes, premiando a montagem de Luelane Loiola em "O Quinze", dirigido por Jurandir Oliveira, e dando o Prêmio Especial, cuja justificativa ressaltou a qualidade de finalização, a "Araguaya - A Conspiração do Silêncio", de Ronaldo Duque. "Procuradas", de Zeca Pires e José Frazão, não foi nem lembrado na premiação.

Na competição latina, o uruguaio "Whisky", de Pablo Stoll e Juan Pablo Rebella, levou os troféus de melhor filme dos júris popular e oficial e o Kikito de melhor atriz (Mirella Pascual).

O argentino "Vereda Tropical" ficou com os prêmios de direção (Javier Torre) e ator (Fabio Aste, que interpreta o poeta Manuel Puig). O júri da crítica escolheu o cubano "Suite Habana", de Fernando Pérez (também Prêmio Especial do júri oficial).

O melhor documentário foi "O Cárcere e a Rua", de Liliana Sulzbach. O melhor curta-metragem foi para "Momento Trágico", de Cibele Amaral.

O secretário do Audiovisual do MinC (Ministério da Cultura), Orlando Senna, subiu ao palco para entregar um troféu e fazer um "pronunciamento". Em fala breve e de improviso, Senna fez referência ao projeto do ministério de criar a Ancinav (Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual), afirmando: "Depois de um início conturbado, entramos num caminho de serenidade e discussão mais inteligente".

A atriz Bete Mendes leu na cerimônia "Carta de Gramado", afirmando que "a criação da Ancinav é demanda histórica do cinema brasileiro".

Durante a tarde de sábado, o assessor especial do MinC, Sérgio Sá Leitão, falando como ministro interino, rechaçou críticas do vice-presidente da MPA (Motion Picture Association, reunião dos sete maiores estúdios dos EUA) ao projeto da Ancinav e à atuação do governo brasileiro no combate à pirataria audiovisual.

"Não é com ameaças, com terrorismo, com ultimatos que poderemos construir um ambiente propício ao desenvolvimento da atividade audiovisual no Brasil, desenvolvimento do qual as empresas estrangeiras que atuam no país também se beneficiarão."

Solot declarou em Gramado que os EUA poderão adotar sanções (eliminando benefícios fiscais à importação de produtos brasileiros) caso o governo não tome medidas concretas contra a pirataria audiovisual no Brasil, até o prazo de 6/10. A MPA estima sofrer perdas anuais de US$ 800 milhões no Brasil com pirataria. As sanções teriam igual valor.

A jornalista Silvana Arantes viajou a convite da organização do Festival de Gramado

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