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04/09/2004 - 11h42

"A Paixão Segundo Martins" ilumina o maior dos pianistas brasileiros

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RICARDO FELTRIN
Editor-chefe da Folha Online

Além de ser um dos mais belos documentários sobre músicos já realizados no cinema, "Paixão Segundo Martins" também poderia ser definido como uma história de amor ou mesmo um drama.

É a história de amor de João Carlos Martins por Johann Sebastian Bach e pianos. É o drama de um pianista em permanente luta contra o destino e a dor, que teimam em maltratar seus bens mais preciosos, suas mãos.

Há várias qualidades que tornam imprenscindível essa produção franco-alemã de Irene Langemann sobre o maior pianista brasileiro de todos os tempos. Sim, ele foi superior ao que Nelson Freire é, embora os estilos sejam totalmente diferentes.

A primeira qualidade é o personagem em si. João Carlos Martins é uma figura tão carismática e brilhante que qualquer período de sua vida poderia ser transformado num documentário em separado.

Suas idiossincrasias durante as gravações; seu jeito louco de ensinar; sua obsessão em treinar ao teclado até 20 horas por dia, inclusive sábados, domingos e feriados; seu prazer pessoal pelo timbre dos pianos Baldwin (e não pelos Steinway); sua coragem em enfrentar tratamentos médicos dolorosíssimos para continuar a tocar mais um pouco... tudo isso poderia ser um filme novo sobre a vida do músico.

A segunda qualidade é a trilha sonora. Afinal, estamos falando não só de um pianista genial, mas também de Bach (1685-1750) --o divisor de águas da música, o engenheiro barroco que não apenas bem temperou o cravo, mas toda a história e significado da composição.

Sem Bach, João Carlos Martins talvez não existisse.

Por fim, o maior dos atrativos do filme: a sinceridade do músico, a forma com que ele abre sua vida e seus sentimentos à câmera, bem como assume seus erros, como o envolvimento de sua empresa Pau Brasil numa das campanhas eleitorais de Maluf, ou seu fracasso emocional em vários casamentos. Nada é omitido.

Ao final, o filme emociona a platéia, que vê como o pianista ainda sente mais dor com o massacre político a que foi submetido do que com as terríveis infiltrações de botox na palma para recuperar movimentos dos dedos de uma só mão, porque a outra já estava "morta".

João Carlos, então, reivindica justiça não para si, mas para sua obra. E mais que qualquer pessoa, é a música que o absolve. O Brasil ainda deve reconhecimento ao seu talento, significado e obra.

A Paixão Segundo Martins
Direção:
Irene Langemann
Produção: Alemanha, 2004
Com: João Carlos Martins
Quando: nos cines Frei Caneca Unibanco Arteplex 5 e Cinearte 1

Especial
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