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06/09/2004 - 17h00

Filme sobre Al Qaeda mostra lado humano do grupo terrorista

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da France Presse, em Veneza

O filme "The Hamburg Cell", da diretora britânica Antonia Bird, mistura de documentário e drama sobre a atuação da chamada célula alemã da Al-Qaeda nos atentados de 11 de setembro de 2001, aceitou o desafio de humanizar os homens por trás dos atos terroristas.

Aparentemente conseguiu fazê-lo. O filme foi bem recebido pela platéia do evento. Entretanto, Bird afirma que seu objetivo é maior. A cineasta quer fazer uma reflexão profunda sobre o assunto, apesar de saber que para grande parte do mundo, e para os Estados Unidos, em especial, os protagonistas do seu documentário serão sempre conhecidos apenas como "os terroristas".

"As pessoas estão prontas para refletir sobre as atrocidades dos acontecimentos de 11 de setembro", disse Bird. "Eu acho que as pessoas querem saber agora o que estava por trás deles."

O produtor John Aukin espera que o filme - que estreou na televisão britânica na quinta-feira passada - seja exibido em breve nos Estados Unidos. "Até recentemente, diante da reação americana, eles não estavam interessados em discutir esta história", afirmou Aukin.

Entretanto, com o sucesso do filme 'Fahrenheit 9/11', de Michael Moore algo parece ter mudado neste panorama, segundo o produtor, que afirma que a mídia americana vem demonstrando interesse por "The Hamburg Cell". "Todos os dias recebemos convites para levar o filme para outro festival nos Estados Unidos. Então está claro que há interesse nele', acrescentou.

Usando informações dos serviços de inteligência e entrevistas com homens que estiveram nos campos de treinamento da Al Qaeda no Afeganistão e tiveram contato com os líderes do movimento, o filme britânico faz uma pintura viva dos autores dos atentados e da ideologia que os levou a realizá-los.

A obra fala sobre a vida e os pensamentos dos homens que formavam o grupo de Hamburgo, liderado por Mohammed Atta. Um deles era Ziad Jarrah, que veio do Líbano para estudar na Alemanha, que é interpretado no filme por Karim Saleh.

"Eu senti que era um papel difícil e uma grande responsabilidade", disse Saleh. "Busquei na minha própria história e passado, os elementos que poderiam ter levado Ziad Jarrah a fazer o que fez." Bird e o roteirista irlandês Ronan Bennett se orgulham da pesquisa acurada que fizeram para o filme, rodado em Hamburgo com um elenco árabe, a maioria muçulmana.

"Eu acho que o valor deste filme está na pesquisa que fizemos. Eu senti muita segurança no roteiro quando comecei a gravá-lo", disse Bird. Uma dificuldade óbvia para Bennet foi o fato de ser um outsider, com uma educação católica irlandesa, tentando entender o Islã. "Eu fui observar os muçulmanos, fiz perguntas simples sobre o Islã ... mas também estive com pessoas que foram aos campos de treinamento do Afeganistão e conhecem a mentalidade da Jihad", explicou.

O roteirista confessa que o que mais o impactou foi a idéia de grupo e solidariedade no Islã. Há uma cena no começo do filme em que Jarrah está isolado quando acaba de chegar à Alemanha e um muçulmano lhe diz para não ficar sozinho porque o mundo lá fora é hostil. Sozinho o indivíduo está isolado e vulnerável, mas junto com seus irmãos pode ser forte. "A atração do grupo é uma forte temática do filme", afirma Bennet.

O filme focaliza as pressões interna e externa que homens como Ziad Jarrah sofrem, assim como as exigências sociais e religiosas que transformam um grupo de estudantes na Alemanha nos autores do maior ataque terrorista da história.

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