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15/09/2004 - 07h30

Editores criticam escolha de 2.000 livros para programa de governo

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LUIZ FERNANDO VIANNA
da Folha de S.Paulo, no Rio

Embora aguardado desde maio, o resultado da primeira etapa do programa Fome de Livro, um dos principais do Ministério da Cultura, provocou surpresas na semana passada. Os 2.016 títulos escolhidos --num universo de 23 mil-- foram divulgados apenas no site da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), sem informes à imprensa. E com o nome Programa Livro Aberto.

"Essa é a rubrica para a qual eu posso gastar o dinheiro em 2004. É uma questão burocrática. Em 2005, mudaremos para Fome de Livro", explica o presidente da FBN, Pedro Corrêa do Lago.

Segundo ele, a divulgação do resultado foi a adequada. "Nunca pensamos que a lista fosse uma notícia. Na minha opinião, é notícia quando influencia o mercado editorial. Esta aqui é notícia por falta de outras notícias. Na verdade, a Biblioteca estar comprando 130 exemplares de 2.000 títulos é ridículo", afirma.

Adquiridos por cerca de R$ 5 milhões, os livros serão distribuídos para bibliotecas públicas. Só após as eleições municipais serão anunciadas que cidades receberão os lotes. Das 323 editoras inscritas, 176 tiveram livros selecionados. Pouco mais de 50% dos títulos (1.051) ficaram com as dez primeiras colocadas.

"Foi um avanço ver várias [34] editoras nossas na lista, mas a concentração ainda é muito forte", diz Cristina Warth, vice-presidente da Libre (Liga Brasileira de Editoras), que reúne pequenas e médias editoras.

Filiadas à Libre, a Códex e a Nova Alexandria foram as primeiras a questionar o resultado. Elas não tiveram nenhum livro selecionado, o que significa que estarão de fora também das próximas compras do programa (previstas para 2005 e 2006). Os editores de ambas enviaram e-mails à FBN. Alberto Quartim de Moraes, da Códex, pretende encontrar-se nesta semana com Corrêa do Lago.

"Não me sinto preterido, me sinto esbulhado. Acho que, por causa do excesso de livros, não entraram no mérito dos títulos que propusemos.

Quem não tem competência não se estabelece. Trombetear um programa e não
saber operacionalizar pega muito mal", critica Quartim.

Corrêa do Lago vê as queixas como casos isolados. Ele ressalta que uma comissão estabeleceu proporções para a seleção dos livros (30% de ficção; 30% de não-ficção e 40% de infanto-juvenil) e subgrupos dentro das categorias.

"Se eu só posso escolher 20 de um subgrupo, pode-se conceber que não tenha entrado "O Mito do Estado", do Ernst Cassirer", diz Corrêa do Lago, citando um dos títulos da Códex. "Se ele inscreveu 30, podia esperar que entrassem de 2 a 3. Zero para 2 não está distante. Uma editora que não tem um cardápio tão variado corre mais perigo de não ter livros comprados", completa.

Carlos Augusto Lacerda, presidente da FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil) e editor da Nova Fronteira (93 títulos escolhidos), também diz não saber quais foram os critérios de seleção. Para Corrêa do Lago, "os critérios estão abertos".

"Os livros foram escolhidos em função das notas dadas, da pertinência deles para uma biblioteca pública e dos preços. O trabalho foi feito com a maior transparência", afirma ele.

O presidente da FBN lembra que uma comissão com representantes de entidades como a Libre, o Snel (Sindicato Nacional dos Editores de Livro) e a CBL (Câmara Brasileira do Livro) acompanhou todo o processo.

Foi essa comissão que, reunida em 3 de setembro, rejeitou a lista apresentada porque havia títulos repetidos --três edições diferentes de "O Menino Maluquinho", de Ziraldo, por exemplo. Foram feitas correções para a lista final.

O júri que deu notas para os livros reuniu 55 pessoas, entre intelectuais, educadores e jornalistas. A nota máxima era 5, mas títulos que receberam entre 4,6 e 4,9 também foram selecionados, por causa dos critérios de proporcionalidade e dos preços.

"A Ediouro, por exemplo, leva vantagem, porque tem muitos clássicos baratos. Mas não queremos fazer algo vagabundo. Alguns livros mais caros que consideramos importantes foram incluídos", diz Corrêa do Lago.

A ambição do Fome de Livro é não deixar nenhum município sem biblioteca até 2006.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o programa Fome do Livro
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