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16/11/2004 - 09h38

Obra-testamento abre ciclo de Carlos Reichenbach no CCSP

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JANAINA FIDALGO
da Folha de S.Paulo

Não à toa, "Filme Demência", adaptação pessoal de Carlos Reichenbach, 59, para a lenda de Fausto, abre hoje a mostra dedicada a ele no Centro Cultural São Paulo --a retrospectiva marca a inauguração do sistema dolby digital da sala Lima Barreto.

"Filho preferido" do cineasta, o longa-metragem de 1986 é seu "acerto de contas" com o pai, morto quando ele tinha 13 anos.

"'Filme Demência' é meu testamento. Está tudo lá. Para me conhecer, o assista."

Apesar de considerá-lo seu melhor filme e o mais representativo, Reichenbach diz ter sido a produção mais complicada. Durante as filmagens houve três paradas por falta de dinheiro e, da equipe inicial de 40 pessoas, sobraram 12.

Anagrama de filme de cinema, "Filme Demência" aborda o mito de Faetonte, filho de Apolo que perdeu o "carro de fogo" herdado do pai. Coincidências à parte, Reichenbach, filho de um industrial gráfico, viu sua família perder todos os bens.

"Ironicamente, conta a história do herdeiro de uma fábrica de cigarro que vai à falência", diz.

Retrospectiva parcial

"O Cinema de Carlos Reichenbach" mescla os antigos "Esta Rua Tão Augusta" (1966/68), seu primeiro curta, e "Extremos do Prazer" (1984) a filmes mais novos, como "Garotas do ABC" (2003).

Poucas vezes exibido, "Extremos do Prazer" marca a saída do cineasta da Boca do Lixo.

"Tenho a impressão de que esta é única cópia, é uma que foi para Europa. Brinco que deixava "Liliam M." debaixo da minha cama, porque o produzi sozinho. É um dos meus preferidos. Era audacioso para época", lembra o diretor.

Ressaltando o fato de a mostra ser parcial e ter sido programada a toque de caixa, Reichenbach diz que para organizar uma completa é preciso conseguir cópias sem cortes, com boa qualidade, e a autorização dos produtores.

"Esta não é integral, é com alguns dos filmes essenciais. Para fazer uma integral, teríamos de reunir todos, em especial "Amor, Palavra Prostituta". Não existe cópia integral dele em 35 mm. Só na Cinemateca da Bélgica, onde foi premiado", afirma o diretor.

Outro filme indispensável na opinião do cineasta, não exibido desta vez, é o curta sobre contracultura "Sangue Corsário".

"Mostra é mostra, tem que ver o máximo possível. Eu sou infartado. Depois que isso acontece, você fica preocupado em não perder tempo. Fica para o futuro, para quem for recuperar meu trabalho. Estou centrando esforços nos filmes que tenho chance de fazer."

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