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22/11/2004
-
09h40
VALMIR SANTOS
da Folha de S.Paulo
O diretor teatral e dramaturgo Felipe Hirsch, 32, da Sutil Cia. de Teatro, anuncia para 2005 a sua primeira incursão no cinema: o longa-metragem "Insolação".
Hirsch catapultou como roteiristas dois nomes da nova geração de autores norte-americanos: o escritor Sam Lipsyte e o dramaturgo Will Eno. Deste, elogiado pelo veterano Edward Albee, ele montou em São Paulo "Temporada de Gripe" (2003).
O filme está em fase de captação (produtoras Dueto e Nós Outros). Deve ser rodado a partir de julho próximo, com previsão de estréia em outubro de 2006.
Foi a cenógrafa e cineasta Daniela Thomas, parceira em "Temporada de Gripe" e mentora de projetos recentes do encenador, quem o convenceu a procurar Eno, que lhe apresentou Lipsyte ("Venus Drive"), de circuito literário alternativo.
Hirsch nunca fez cinema. Queria um roteiro que falasse de amor, "roteiro pleno de razão e emoção, mas tão vazio e angustiante como uma obra eslava".
De fato, o universo de escritores russos e poloneses (Tchecov, Gombrowicz, Bunin, Schulz etc) serve como parâmetro. O enredo diz sobre um grupo de pessoas que se perde numa floresta em busca de uma cidade, levado por um professor. Diante da morte iminente, todos decidem viver aquela última noite e não racionar o que têm para sobreviver por mais alguns dias. Seria a tradução dos roteiristas para o que significa entregar o coração numa época de desesperanças. "Will e Sam têm um humor negro inteligentíssimo, mas capazes de emocionar a uma pedra", diz Hirsch.
O diretor pretende trabalhar "voyeuristicamente", dar ao público a sensação de observar uma intimidade. "Quando penso que amor, vazio existencial, solidão, ansiedade e paixão não podem ser calculados usando formas conhecidas, que nem a circunferência de uma árvore pode ser calculada a partir de um cilindro, que ela contém microespaços fractais que geram infinitos cálculos e que cada coisa contém seu universo, e que cada educação sensorial gerou uma percepção do amor, e que cada pessoa verá e sentirá o amor do seu jeito, eu percebo a complexidade dessa história simples e a disfunção das palavras escondidas nos silêncios, hesitações. O resto, como diria o príncipe, é "imagem'", discorre Hirsch.
O projeto inclui fotografia de Walter Carvalho ("Amarelo Manga"). O elenco trará atores da Sutil, mas ainda não está fechado.
De alguma forma, os espetáculos da primeira década da Sutil já acenavam para a tela grande. "Eles sugeriam cinema não pelas telas e projeções, e sim pela velocidade e liberdade dramatúrgica que a memória cria e que se relaciona diretamente com a sensação de um roteiro cinematográfico", diz. "A memória proporciona cortes de tempo e espaço bastante similares ao que se vê no cinema. Quando lembro do que amo no cinema (Bergman, por exemplo), brinco que lugar pra se fazer teatro é no cinema e lugar pra se fazer cinema é no teatro."
Em tempo: os cinco filmes prediletos, hoje, pelo encenador de "A Vida É Cheia de Som e Fúria" (2000): "Através de um Espelho" (Bergman), "Decálogo" (Kieslowski), "Viver" (Kurosawa), "Nostalgia" (Tarkovski), "Meu Tio" (Jacques Tati) e "Quanto Mais Quente Melhor" (Wilder).
Especial
Leia o que já foi publicado sobre Felipe Hirsch
Dramaturgo Felipe Hirsch vai ao cinema com "Insolação"
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da Folha de S.Paulo
O diretor teatral e dramaturgo Felipe Hirsch, 32, da Sutil Cia. de Teatro, anuncia para 2005 a sua primeira incursão no cinema: o longa-metragem "Insolação".
Hirsch catapultou como roteiristas dois nomes da nova geração de autores norte-americanos: o escritor Sam Lipsyte e o dramaturgo Will Eno. Deste, elogiado pelo veterano Edward Albee, ele montou em São Paulo "Temporada de Gripe" (2003).
O filme está em fase de captação (produtoras Dueto e Nós Outros). Deve ser rodado a partir de julho próximo, com previsão de estréia em outubro de 2006.
Foi a cenógrafa e cineasta Daniela Thomas, parceira em "Temporada de Gripe" e mentora de projetos recentes do encenador, quem o convenceu a procurar Eno, que lhe apresentou Lipsyte ("Venus Drive"), de circuito literário alternativo.
Hirsch nunca fez cinema. Queria um roteiro que falasse de amor, "roteiro pleno de razão e emoção, mas tão vazio e angustiante como uma obra eslava".
De fato, o universo de escritores russos e poloneses (Tchecov, Gombrowicz, Bunin, Schulz etc) serve como parâmetro. O enredo diz sobre um grupo de pessoas que se perde numa floresta em busca de uma cidade, levado por um professor. Diante da morte iminente, todos decidem viver aquela última noite e não racionar o que têm para sobreviver por mais alguns dias. Seria a tradução dos roteiristas para o que significa entregar o coração numa época de desesperanças. "Will e Sam têm um humor negro inteligentíssimo, mas capazes de emocionar a uma pedra", diz Hirsch.
O diretor pretende trabalhar "voyeuristicamente", dar ao público a sensação de observar uma intimidade. "Quando penso que amor, vazio existencial, solidão, ansiedade e paixão não podem ser calculados usando formas conhecidas, que nem a circunferência de uma árvore pode ser calculada a partir de um cilindro, que ela contém microespaços fractais que geram infinitos cálculos e que cada coisa contém seu universo, e que cada educação sensorial gerou uma percepção do amor, e que cada pessoa verá e sentirá o amor do seu jeito, eu percebo a complexidade dessa história simples e a disfunção das palavras escondidas nos silêncios, hesitações. O resto, como diria o príncipe, é "imagem'", discorre Hirsch.
O projeto inclui fotografia de Walter Carvalho ("Amarelo Manga"). O elenco trará atores da Sutil, mas ainda não está fechado.
De alguma forma, os espetáculos da primeira década da Sutil já acenavam para a tela grande. "Eles sugeriam cinema não pelas telas e projeções, e sim pela velocidade e liberdade dramatúrgica que a memória cria e que se relaciona diretamente com a sensação de um roteiro cinematográfico", diz. "A memória proporciona cortes de tempo e espaço bastante similares ao que se vê no cinema. Quando lembro do que amo no cinema (Bergman, por exemplo), brinco que lugar pra se fazer teatro é no cinema e lugar pra se fazer cinema é no teatro."
Em tempo: os cinco filmes prediletos, hoje, pelo encenador de "A Vida É Cheia de Som e Fúria" (2000): "Através de um Espelho" (Bergman), "Decálogo" (Kieslowski), "Viver" (Kurosawa), "Nostalgia" (Tarkovski), "Meu Tio" (Jacques Tati) e "Quanto Mais Quente Melhor" (Wilder).
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