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17/12/2004 - 12h52

Cinema no fim de semana? Veja a crítica de 23 filmes em cartaz em SP

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RICARDO FELTRIN
Editor-chefe da Folha Online

Abaixo, seguem 23 "minicríticas" de filmes em cartaz nos cinemas de São Paulo. Vale lembrar sempre que, como toda crítica, trata-se de uma opinião subjetiva, uma vez que é baseada no gosto pessoal da reportagem. De qualquer forma, vale como dica para você decidir o que vale a pena assistir neste final de semana. A lista a seguir vai do filme mais indicado para o menos indicado.




Peões (idem) - Um dos melhores filmes de 2004, pelas mãos do já veterano e brilhante documentarista Eduardo Coutinho ("Edifício Master"). O mosaico de personagens é perfeito, simples e divertido. Nossa sugestão é que você assista a "Peões" antes de "Entreatos" (João Moreira Salles), uma vez que são obras quase complementares.

O Sétimo Selo ("Det Sjunde Inseglet") - Nenhuma pessoa que realmente gosta de cinema pode se abster dessa histórica e grandiosa obra de Ingmar Bergman. Nota 10 também para a qualidade da fita que está sendo exibida em São Paulo, agora somente no Cine Segall.

Antes do Pôr-do-Sol ("Before Sunset") - A grande qualidade de "Antes do Pôr-do-Sol" é a ausência completa de lugares-comuns, sempre presentes nas comédias românticas --sejam britânicas, sejam norte-americanas (caso desta). Além disso há a impressionante atuação dos protagonistas Ethan Hawke e Julie Delpy. Um filme curto (95 min), doce e envolvente, com final inesquecível.

Os Sonhadores ("The Dreamers") - A reconstrução de maio de 68 em Paris é sobreposta pela relação pouco convencional entre irmãos gêmeos e uma terceira pessoa --um rapazola norte-americano (aliás, intencionalmente chato). Aos poucos, o público vai descobrindo como é cada personalidade dentro do filme. Ao final, Bernardo Bertolucci consegue reunir aquele microcosmo (familiar) às mudanças de mentalidade e comportamento de toda uma geração. Muito, muito bom.

Para Sempre Lilya ("Lilja 4-Ever") - A versão poética e cinematográfica do sofrimento de uma adolescente lançada à própria sorte, mas sem o choramingo comum desse tema, sempre presente no cinema. Não bastasse a delicadeza de algumas cenas (como a dos anjos, ao final), que certamente ficarão imortalizadas na memória do público, ainda há uma trilha sonora pesada e sensacional. Vale a pena ver e rever.

Sob o Céu do Líbano ("Le Cerf-Volant") - Um drama amoroso inusitado na fronteira de Israel e Líbano, com um final absolutamente surrealista e surpreendente. Fora isso, faz breve crítica à política de assentamento e anexação israelense. Mas bem de leve...

Zatoichi (idem) - Nem sonhe porque não há qualquer semelhança com "Kill Bill - vol. 1" --o que muita gente espera quando vai ao cinema. Mesmo assim, é uma divertida aventura do samurai ancião contra as gangues que aterrorizam o Japão. O final com "moral da história" é muito engraçado.

Contra Todos (idem) - Tem violência? Tem. Tem sexo? Tem. Tem qualidade? Demais. A química dos atores agarra o público. Por minutos, parecem deslizar na tela, com seus personagens sofridos e seus mundos cheios de vida e dor: Leona Cavalli, Giulio Lopes, Silvia Lourenço estão acima de qualquer crítica. "Contra Todos" tem a força dos melhores filmes nacionais dos últimos anos, como "Amarelo Manga" e "Cidade de Deus", entre outros.

Entreatos (idem) - O grande valor desta obra é o ponto de vista encontrado pelo diretor João Moreira Salles (do ótimo documentário "Nelson Freire"). Salles por vezes deixa de lado a política e mira --e acerta em cheio-- apenas no lado humano do líder, causando grande impacto no público. É quase inevitável sair do cinema achando que "Entreatos" é também uma excelente propaganda positiva para Lula. Mas é impossível negar a sensação de que tudo que acabamos de ver é realmente "a vida como ela é" de um homem simples. Antes da posse, bem-entendido.

Uma Amizade Sem Fronteiras ("Monsier Ibrahim et les Fleurs du Coran") - Uma história de amizade e tolerância entre duas culturas (muçulmana e judaica), personificadas pelo "gigante" Omar Sharif e pelo jovem Pierre Boulanger. O resultado é uma sublime história de amor, de pai (postiço) para filho.

Nathalie X (idem) - Deliciosa "semi" comédia romântica com uma deslumbrante Fanny Ardant ("Callas Forever") no papel de esposa preocupada com a distância carnal de seu marido (Gérard Depardieu). Some-se a isso uma linda garota de programa (Emmanuelle Béart) contratada por Ardant e espere um final nada previsível. Um filme extremamente "sexy".

Whisky (idem) - Era uma vez dois irmãos judeus. Um pão-duro e batalhador, o outro bem-sucedido e bon-vivant. A visita de um deles ao outro vai alterar todos os destinos nessa história de Juan Rebella. O filme já havia feito muito sucesso na Mostra BR de Cinema. Só está em cartaz em um cinema, o Top Cine.

A Voz do Coração (Les Choristes") - Crianças em um orfanato. Um professor bonzinho. Um diretor nervosão e violento. Tinha tudo para ser mais um filme-clichê sobre o abandono infantil e o amor desapegado de adultos conscientes, certo? Mas não é. É uma obra maravilhosa, além de ser coroada por uma música sacra quase celestial. Corra, porque só está em cartaz no cine Segall e vai sair do circuito muito em breve.

Os Incríveis ("The Incredibles") - Um herói pançudo e decadente, uma mãe elástica que (literalmente) se desdobra, filhos problemáticos e um vilão carente. "Os Incríveis" é uma excelente diversão para toda a família. Tente ver a versão legendada (ver horários no Bristol, Higienópolis, Market Place e no Metrô Santa Cruz).

O Expresso Polar ("The Polar Express") - 1) Desconsidere as críticas que dão apenas uma estrelinha para esse filme, porque ele merece muito, muito mais que isso; 2) Não faça a bobagem de assistir à versão dublada, porque não há ninguém no mundo à altura para dublar Tom Hanks;
3) Tente sentar bem no meio de uma das primeiras cinco fileiras (isso mesmo), para aproveitar ao máximo os efeitos "180 graus" de algumas cenas dessa aventura natalina; 4) Segure o queixo; 5) Boa viagem.

Lutero (idem) - O único "defeito" do filme --se é que podemos chamar de defeito-- é o fato de acabar cedo demais. Ou seja, não se aprofunda no pós-cisma cristão. Provavelmente essa não era mesmo a intenção, dado o nome do filme. Tirando isso, traça um grande e apaixonado perfil de Martinho Lutero, grande responsável pela maior cisão religiosa de todos os tempos. Graças justamente ao momento onde o filme pára, "esquece-se" o antisemitismo do personagem. Mas aproveite, porque ainda está em cartaz na confortável sala 3 do Bristol.

O Abraço Partido ("El Abrazo Partido") - Poderia ser mais um filme sobre gente querendo fugir da crise argentina, mas tem a enorme vantagem de ter um enredo humanista e estar crivado de personagens envolventes. A cena final é uma das mais simples e belas dos últimos tempos no cinema.

Jornada da Alma ("Prendimi l'Anima") - Perdeu-se uma grande oportunidade de fazer um bom filme sobre Carl Jung (1875-1961), que bem poderia ser baseado na biografia "Memórias, Sonhos e Reflexões". Ao mesmo tempo, também não se realizou um grande perfil de Sabine Spielrein, a paciente de Jung retratada no filme. É um filme "quase" bom.

Má Educação ("La Mala Educación") - É aquele caso típico de filme que sempre arrasta enormes filas à Mostra, lota a sala nos primeiros dias no circuito comercial e, no fim das contas, deixa no ar uma desagradável dúvida: "Tanto alvoroço para isso?" É, no máximo, um filme mediano de Almodóvar. Chega até a ser cansativo. Não é nem um pouco cativante. Agora entendemos porque em junho, em Madri, as salas que exibiam "La Mala Educación" estavam às moscas.

Dança Comigo? ("Shall We Dance"?) - Um filme descompromissado, sem dúvida, feito para divertir, e não fazer pensar. Inevitável não perceber mais uma vez o quanto Jennifer Lopez é linda, dança bem, mas é péssima atriz. Também impossível não ver qualidades na atuação de Richard Gere --que já havia mostrado seu lado (bom) dançarino em "Chicago". Pode ir, levando pipoca e "refri".

Alfie (idem) - Remake tolo e sem sal em que o personagem garanhão não pára um só momento de conversar com a câmera. Quem aprende a lição, ao final da fita, não é o personagem, mas o público: da próxima vez pense duas vezes antes de entrar no cinema.

Cleópatra (idem) - Um filme insosso, com personagens chatos de galocha. A começar pela irritante protagonista, Norma Aleandro. Some-se tudo isso a um desastrado uso de metalinguagem em momento absolutamente impróprio. Aí tudo deixa de ser chato e passa a ser idiota. Não perca seu dinheiro com essa asneira argentina.

Sobrevivendo ao Natal ("Surviving Christmas") - Imagine um filme bem estúpido. Agora multiplique por um protagonista canastrão chamado Ben Affleck. Tempere com uma "mocinha" linda, mas sem talento algum, chamada Christina Applegate, que não cansa de fazer bobagens na carreira (como "View From The Top", entre outras). Acrescente a isso um roteiro idiota, uma história "monga" e inverossímil, recheada com diálogos deprimentes e pobres. Ok? Pois "Sobrevivendo ao Natal" é beeeem pior que tudo isso. Fuja! Fuja! Salve-se quem puder dessa bomba natalina!

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