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15/02/2005 - 10h08

Defesa de Michael Jackson tem celebridades e brasileiro

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SÉRGIO DÁVILA
Enviado especial a Santa Maria

A defesa de Michael Jackson mostrou sua força ao elencar um "dream team" de possíveis testemunhas favoráveis, que vão do músico Stevie Wonder à atriz Elizabeth Taylor, passando pelo produtor musical Quincy Jones, membros da família do ator Marlon Brando, o jogador de basquete Kobe Bryant e até o artista plástico brasileiro Romero Britto.

Aaron Lambert/AP
Michael Jackson
No total, o advogado Thomas A. Mesereau Jr. leu para os candidatos a júri 155 nomes, num procedimento de rotina que reabriu o julgamento do astro pop na manhã de ontem, em Santa Maria, na Califórnia. Na lista da promotoria, chamava a atenção apenas o nome da enfermeira Debbie Rowe, ex-mulher de Jackson.

A escolha do júri do que a mídia vem chamando de "o julgamento do século" recomeçou depois de uma semana de intervalo com uma preleção do juiz, Rodney Melville, sobre a importância do caso.

"Quantos de vocês estão se sentindo nervosos nesta manhã?", perguntou ele. "Se são como eu, muitos. E olhe que faço isso há 18 anos." Sentados na platéia da pequena corte, que lembra uma agência bancária brasileira, com suas madeiras escuras e luz fria, estavam 113 candidatos, dos 243 que foram pré-selecionados entre 500 cidadãos americanos convocados.

Agora, no processo que o jargão jurídico norte-americano chama de "voir dire" (em francês, literalmente "ver dizer", no sentido de mostrar a verdade), que os americanos pronunciam "voár dáier", defesa e promotoria podem questionar de cinco a dez minutos cada jurado potencial e ambos os lados podem recusar até dez deles "peremptoriamente" --ou seja, sem explicar o motivo-- e um número ilimitado caso provem que há parcialidade do candidato.

É o que tentarão estabelecer nas próximas semanas, para chegar aos 12 titulares e oito reservas que decidirão o destino de Michael Jackson. Ontem, apenas um deles foi dispensado, um homem de 81 anos, por problemas de saúde.

O músico, 46 anos, pai de três filhos, está sendo acusado de ter usado substância tóxica para embriagar um adolescente e de ter abusado sexualmente dele entre fevereiro e março de 2003, quando a suposta vítima tinha 13 anos e sofria de câncer, e de ter detido o menino e sua família contra sua vontade em pelo menos uma ocasião em Neverland, seu rancho perto de Santa Maria, cidade três horas ao norte de Los Angeles, na Califórnia. Ele nega todas as acusações. Se condenado, pode ficar até 20 anos preso.

A linha da defesa no questionamento dos candidatos se baseou no tripé criança-relação com poder-imprensa, já que a acusação deve se basear no testemunho de um menino hoje com 15 anos e em depoimentos de policiais que revistaram o rancho de Jackson, e o resultado será certamente influenciado pela repercussão que o caso vem tendo na mídia.

Ao entrevistar os três primeiros candidatos, o advogado do músico se mostrou interessado em saber o que estes achavam da influência da mídia no sistema judicial e por quais fontes se informavam, chegando mesmo a perguntar que jornais assinavam e à qual emissora assistiam, se na TV aberta ou paga. Ouviu respostas como: "A imprensa é parcial, e o público tende a acreditar no que ouve, em vez de pensar" (jurado número 110, um trabalhador autônomo de 42 anos).

"Defesa! Defesa!"

Os primeiros 18 candidatos a sentarem na ala reservada ao júri definitivo se mostraram mais do que favoráveis a colaborar, o que é incomum num caso como esse, que pode durar até seis meses e pelo qual o governo paga US$ 17 (R$ 44) por dia para selecionados --e as empresas não são obrigadas a manter o salário do escolhido, a não ser que ele seja funcionário público. É o fator celebridade. Terminado o julgamento, os 12 jurados serão liberados a falar --e falar valerá dinheiro para editoras de livros, emissoras de TV e estúdios de cinema, além das entrevistas para tablóides.

O músico chegou à corte da cidade californiana às 8h06 (14h06 de Brasília) cercado por seis seguranças negros, vestidos com ternos negros e óculos escuros, em dois furgões pretos, de vidros escurecidos. O que segurava um guarda-chuva abriu a porta ao músico, que também vestia preto, com uma faixa no braço esquerdo, chapéu e um colete vermelho. Ao deixar um dos carros, acenou e fez o vê de "vitória" para cerca de 30 fãs que o esperavam na porta com cartazes e um grito de guerra típico do basquete americano: "Defesa! Defesa!".

Era o sinal mais evidente do que deve ser o "julgamento do século": a final de um campeonato multimilionário, em que será vencedor o lado que conseguir entusiasmar mais a platéia --no caso, os 12 jurados, que começaram a ser escolhidos ontem.

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