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27/02/2005 - 18h19

Montagem austríaca de "A Noviça Rebelde" mostra divisão do país sobre nazismo

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da Associated Press, em Viena

Os nazistas estão de volta à Viena, ao menos no palco. Só que desta vez não há dúvida de que eles são os "caras maus".

A última visão das relações do país com Hitler é vista através das melodias da lente melódica de "A Noviça Rebelde" --a primeira montagem completa na Áustria de um musical amada pelo mundo inteiro nas virtualmente desconhecido justamente no país onde se passa a história.

Depois de anos de negação, a Áustria oficial deixou para trás duas décadas de retratar a si mesma como uma vítima de Adolf Hitler para reconhecer seu papel chave no Holocausto.

No entanto, alguns austríacos permanecem sensíveis ao passado nazista de seu país, e na estréia de sábado --em alemão, com atores vestidos como soldados nazistas montando guarda na audiência, repleta de símbolos nazistas, e uma enorme suástica pendurada no palco --desencavou memórias dolorosas para alguns.

"É demais, é demais", disse uma mulher que recusou a se identificar, enquanto esperava na fila no sábado à noite. "Eu tinha 12 anos quando vi pela última vez essas coisas num teatro".

As aventuras musicais do Barão von Trapp, suas crianças e Maria, a governanta que se torna sua esposa e mãe de uma família austríaca, antes de fugirem dos nazistas, são familiares para incontáveis milhões de pessoas no mundo inteiro, principalmente por causa do filme de 1965, que ganhou cinco prêmios da "Academia", incluindo o Oscar de Melhor Filme.

Os sul-coreanos aprendem as canções como parte de suas lições de Inglês. Alguns jornais holandeses organizam viagens turísticas aos alpes onde a atriz Julia Andrews canta o verso "os montes estão vivos com o som da música". Estrangeiros pensam que a canção "Edelweiss", composta por Rodgers e Hammerstein, é o hino nacional da Áustria.

O musical, no entanto, é praticamente desconhecido na Áustria. Apesar de seu sucesso mundial, a combinação musica do kitsch e seu foco no lado escuro da história austríaca o manteve longe dos palcos locais, exceto por um breve período de uma paródia em um pequeno teatro há uma década.

O passado nazista

O governo pagou centenas de milhões de dólares em compensações às vítimas do nazismo. Políticos e líderes religiosos rotineiramente falam contra o anti-semitismo e outras formas de intolerância que alimentaram a ascensão de Hitler em seu país e na Alemanha.

No entanto, Joerg Haider impulsionou seu Partido da Liberdade para o governo em 2001 com uma retórica populista que algumas vezes tocava o anti-semitismo. E apesar de ter abaixado o tom de sua voz nos últimos anos, ainda é conhecido como um admirador de Hitler.

No ano passado, uma pesquisa mostra mostrou que um terço dos austríacos acredita que a era nazista teve aspectos positivos.

Na estréia de "A Noviça Rebelde", os aplausos refletiram a aprovação geral. "Foi do jeito que foi. Eu penso que é uma peça muito boa para as crianças e os adolescentes que não viveram aquela época", disse Sieglinde Fabigan, uma mulher de 60 anos, na saída do teatro.

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