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13/03/2005 - 16h07

Festival francês "descobre" o cinema e a música do Brasil

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MARÍA CARMONA
da France Presse, em Toulouse (França)

A música e o cinema brasileiros foram os protagonistas na noite de ontem da cerimônia especial de abertura do Festival de Cinemas Latino-Americanos de Toulouse, como parte da das homenagens que integram o evento cultural Ano do Brasil na França.

No belo palco do antigo Armazém de Cereais da cidade francesa, transformado sala de espetáculos, a Orquestra Nacional do Capitólio de Toulouse, dirigida por Stéphane Cardon, interpretou "O Descobrimento do Brasil" do compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos (1887-1959).

Trata-se de uma obra composta em 1937 --e da qual não há registro original gravado-- por Villa-Lobos especialmente para o filme homônimo de Humberto Mauro, que narra a epopéia dos navegantes portugueses que descobriram o Brasil. A partir dessa música, o maestro brasileiro compôs quatro suítes, que foram regravadas para a trilha sonora desta produção.

Três delas foram interpretadas pela primeira vez durante a apresentação da Orquestra do Capitólio. Um extraordinário poema épico musical, que foi recebido com estrondosos aplausos pelo público.

Muito pouco tocadas, essas suítes fizeram parte do programa do último concerto que Villa-Lobos apresentou, em 12 de julho de 1959, no Empire State Music Festival.

Depois do concerto, foi exibida a versão restaurada de "O Descobrimento do Brasil", de Humberto Mauro, cineasta brasileiro considerado como um pioneiro do Cinema Novo, que construiu a narração de seu filme com base nas cartas enviadas pelo escrivão Pero Vaz de Caminha ao rei Manuel 1º de Portugal.

Com uma linguagem cinematográfica muito sóbria, quase contemplativa, e pouquíssimos diálogos --em português e em tupi--, Mauro conta a viagem dos navegantes portugueses que em 1500 atravessaram o Atlântico para chegar ao Novo Mundo.

A travessia, a tragédia de uma nave perdida no mar, a angústia da viagem interminável por um oceano sem fim, a esperança ao avistar finalmente a terra e os primeiros contatos com os índios, são narrados pela música de Villa-Lobos tanto como pelas imagens de Humberto Mauro.

A trilha sonora do filme restaurado mostra a versão das quatro suítes gravadas em 1993 pelo maestro Roberto Duarte com a orquestra e o coro de Bratislava.

Com outra tonalidade, a música brasileira já havia sido apresentada ao público francês na noite de sexta-feira, numa prévia da animação musical que cerca os Encontros de Cinemas de América Latina de Toulouse, com uma batucada que percorreu as ruas do centro da cidade a cargo do conjunto de percussão Samba Resille.

O Brasil é eixo da retrospectiva do festival, dedicado ao diretor Walter Salles, e que irá também homenagear Julio Bressane, através da projeção de sete filmes.

Julio Bressane também preside o júri que vai conceder no próximo sábado o Grande Prêmio Flechazo, disputado por sete produções: "Vida de Menina", da brasileira Helena Solberg, "Cama Adentro", de Jorge Gaggero (Argentina), "La vida de Perón", de Sergio Bellotti (Argentina), "Las Mantenidas Sin Sueño", de Vera Fogwil e Martín Desalvo (Argentina), "Ronda Nocturna", de Edgardo Cozarinsky (Argentina), "La Sombra del Caminante", de Ciro Guerra (Colômbia), e "Sumas y Restas", de Víctor Gaviria.

Dentro da programação dedicada ao Brasil, Toulouse apresenta neste ano a sessão Carta Branca ao Anima Mundi, festival de cinema de animação realizado no Rio de Janeiro e São Paulo desde 1993, evento em que serão exibidos programa, uma seleção de filmes de animação que inclui longas-metragens, curtas-metragens e vídeos.

A programação deste festival em Toulouse inclui também, em colaboração com A Caravana do Cinema Brasileiro, uma seleção de documentários e um Panorama do Cinema Gaúcho, com vários filmes do diretor Jorge Furtado ("Ilha das Flores", "Houve uma Vez Dois Verões", "O Homem que Copiava" e "Meu Tio Matou um Cara", entre outros).

Especial
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