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20/03/2005 - 10h29

Venda de DVDs musicais cresceu 1.340% nos últimos cinco anos

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LUIZ FERNANDO VIANNA
da Folha de S.Paulo, no Rio

Quem quis, em dezembro passado, comprar o disco-de-fim-de-ano de Roberto Carlos teve de levar para casa também o DVD e pagar entre R$ 60 e R$ 70 pelo kit. A estratégia da Sony Music para o Rei foi a prova mais clara de quem é o novo soberano do mercado fonográfico: o DVD.

Se os números realmente não mentem, a coroação se justifica. Nas lojas brasileiras desde 1997, o disquinho que une som e imagem cresceu, nos últimos cinco anos, 1.340%: de 500 mil unidades vendidas em 2000 para cerca de 7,2 milhões em 2004, segundo estimativa do mercado --os números do ano passado ainda não foram divulgados pela Associação Brasileira de Produtores de Discos.

Já os CDs caíram 43% no mesmo período: 93 milhões para cerca de 53 milhões. Uma queda decisiva para que o mercado nacional de discos encolhesse 25% nesta década. O Brasil era o sétimo no ranking mundial em 2000 e hoje, segundo informações extra-oficiais, estaria em 15º.

No entanto, quando o assunto é só DVD, o país, nono em 2003, já disputa o quarto lugar com o Reino Unido --atrás de Japão, EUA e Alemanha. Há dois anos os DVDs respondiam por 15% do faturamento das grandes gravadoras; Hoje, já cobrem 27%.

"O Brasil teve, no ano passado, uma taxa de crescimento de 100% [em vendas de DVDs], uma das maiores do mundo. O consumidor está mostrando que quer, cada vez mais, a imagem ligada à música", acredita Alexandre Schiavo, principal executivo da agora Sony BMG, a empresa surgida da fusão das multinacionais.

Há números que impressionam: com 350 mil cópias, o DVD de Ivete Sangalo é o mais vendido pela Universal, a maior das multinacionais, em todo o mundo; o "Ao Vivo" do Fundo de Quintal já vendeu mais DVDs do que CDs (80 mil a 70 mil). Este fato raríssimo explica-se: entre os artistas populares, muitos dos CDs comprados são piratas, murchando as estatísticas oficiais.

Ao menos por enquanto, é bem mais difícil piratear DVDs do que CDs. E a pirataria é o inimigo número 1 das gravadoras --cerca de um terço dos CDs produzidos no mundo seria pirata, segundo a IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica).

"Existem os DVDs 5 e 9. O primeiro é só o show e é o que os piratas conseguem copiar. O segundo vem com extras, making of. Os consumidores de DVD buscam qualidade e querem o produto completo", diz José Antonio Eboli, presidente da Universal Music.

O lançamento simultâneo de CD e DVD, como se deu com Roberto Carlos e acontece com os bem-sucedidos "Acústico MTV" e "Ao Vivo MTV", é uma tendência que vai se confirmando. E um dos motivos é a pirataria.

"É melhor lançar os dois porque, senão, o pirata pega o áudio do DVD e fica com a matriz, já que não teremos um produto para competir", explica Eboli.

Além da simultaneidade, já se busca a superposição. O mais recente disco do U2, "How to Dismantle an Atomic Bomb", foi lançado de duas formas pela Universal: só o CD e o CD mais um DVD com 40 minutos de extras. Segundo Eboli, o kit já vendeu o dobro (100 mil cópias) do CD isolado.

Já a Warner põe nas lojas em abril 21 caixinhas contendo um CD e um DVD de artistas como Daniel e Barão Vermelho. "Queremos popularizar o formato, para atingir mais a classe B e C. O preço vai ficar muito mais em conta", afirma Marcelo Maia, diretor de marketing da empresa.

Todos os executivos negam que haja um processo de substituição do CD pelo DVD. Eles garantem que há espaço para os dois e lembram que a venda de CDs, que vinha caindo vertiginosamente, teve um pequeno crescimento em 2004 (em torno de 1%). Mas, na prática, os investimentos em DVDs se tornaram prioridade.

"O CD está desacreditado. Desde 1999, este é o primeiro ano em que não tenho nenhuma reedição agendada", diz Charles Gavin, baterista dos Titãs e responsável pela transformação em CD de cerca de 350 LPs. Os Titãs devem gravar um DVD em 2005 na série "Ao Vivo MTV".

João Marcelo Bôscoli, da independente Trama, tem uma visão bem diferente da de seus colegas.

"O mercado está olhando o DVD como substituto do CD sim, o que é um erro. O Super Áudio CD e o DVD Áudio poderão até substituir o CD, mas o DVD é substituto do VHS. Não podemos perder uma mídia que é exclusiva da música. Eu quero recuperar o prestígio do CD, porque tenho responsabilidade sobre a sustentação do negócio. Os diretores de multinacionais querem só mostrar bons números para as matrizes", critica Bôscoli.

Ele prevê uma saturação do formato se as produções continuarem no rumo que estão. Há uma enxurrada de DVDs que resultam de shows em que os artistas cantam seus sucessos. Como soa repetitivo lançar um DVD atrás do outro com o "melhor da carreira", seria bom pensar em alternativas.

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