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22/03/2005 - 09h15

PercPan aglutina Congo, Romênia e EUA

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THIAGO NEY
da Folha de S. Paulo

Um coletivo que utiliza instrumentos bizarros da República Democrática do Congo; uma fanfarra cigana da Romênia; o projeto experimental de um integrante de uma conhecida banda de rock dos EUA; uma banda de hip hop da Tanzânia. São essas as atrações internacionais do PercPan (agora rebatizado Tim PercPan), evento dedicado à percussão que neste ano --seu 12º-- acontece na terra natal Salvador e no Rio.

Idealizado desde seu início, em 1994, pela socióloga Beth Cayres, o festival será montado nos dias 7 e 8 de abril no teatro Carlos Gomes, e nos dias 9 e 10/4 no teatro Castro Alves, em Salvador.

De artistas internacionais, o PercPan terá Konono Nº1 (o do Congo), Fanfare Ciorcalia (a fanfarra romena), On Fillmore (projeto de Glenn Kotche, do Wilco) e X Plastaz (da Tanzânia). De brasileiros: Adriana Calcanhotto e convidados; Lucas Santtana; Marcos Suzano; Mônica Millet e grupos de samba de roda, com participação do ministro Gilberto Gil.

"A percussão não deixa de ser um movimento que aglutina muita gente. Não é à toa que esses grupos, geralmente, têm vários integrantes. É uma música do povo, está na rua", afirma Cayres.

Ainda não estão definidos preço de ingressos e ordem das apresentações. Além dos shows, o evento terá oficinas e encontros culturais.

A curadoria do festival é assinada, além de Cayres, pelo antropólogo Hermano Vianna e pelo jornalista espanhol Carlos Galilea, crítico do "El País".

Talvez o mais curioso grupo deste PercPan, o Konono Nº1 (ou Orchestre Tout Puissant Likembé Konono Nº1 de Mingiedi, seu nome completo) foi criado há 25 anos por Mawangu Mingiedi, músico virtuose do likembé, instrumento que se assemelha a uma caixa, construído com lâminas delgadas. O som é tirado comprimindo essas lâminas com o polegar --cada likembé é ligado a microfones feitos a partir de magnetos de antigas peças de automóveis, que por sua vez são conectados a amplificadores.

A Fanfare Ciorcalia vem de uma região isolada da Romênia, de ciganos, e é formada por 12 integrantes, que têm entre 20 e 80 anos. Já o americano On Fillmore tem, além de Kotche, o percussionista Darin Gray, num som que vai do pós-rock ao experimentalismo eletrônico. O X Plastaz mistura bongo flava (hip hop da Tanzânia) com ragga e pop indiano.

São artistas de várias partes do mundo que fazem música não-convencional, mas que, para Vianna, não vem acompanhada do pejorativo termo "world music". "Esse rótulo apareceu nos anos 80, quando o mercado internacional se abria para a produção do chamado Terceiro Mundo. Hoje a situação é diferente."

E segue: "Aprendemos a julgar essas músicas como julgamos qualquer outra. Não são músicas para se ter 'peninha' e achar boas porque são feitas por gente de países pobres. São músicas boas. Ninguém mais se espanta ao descobrir que há um importante movimento hip hop na África, como ninguém mais se espanta ao descobrir que há rock no Brasil, ou ao ouvir funk carioca num comercial na Alemanha. As coisas estão misturadas, e isso é saudável para a cultura planetária."

Especial
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