Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
12/05/2005 - 09h52

Bienal Internacional do Livro do Rio recebe 16 escritores franceses

Publicidade

LUIZ FERNANDO VIANNA
da Folha de S.Paulo, do Rio

Nossa metrópole literária até a primeira metade do século 20, a França contemporânea é uma pálida referência para autores e leitores brasileiros. Para conquistar ao menos uma parte do terreno perdido, uma delegação de 16 escritores franceses aporta no país para a 12ª Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, que começa hoje no Riocentro.

O país de Balzac, Victor Hugo, Flaubert e Proust é o homenageado do evento. Segundo o presidente do Snel (Sindicato Nacional dos Editores de Livros), Paulo Rocco, a escolha foi anterior ao lançamento do Ano do Brasil na França, a extensa programação que acontece em cidades francesas ao longo de 2005.

"Foi uma escolha lógica, porque já tínhamos homenageado Portugal, Espanha e Itália, que também têm origem latina. E os livros em língua francesa ainda estão em segundo lugar entre os mais traduzidos no Brasil", explica Rocco, sublinhando que a supremacia da língua inglesa é incontestável.

A esquadra que está chegando é diversificada. Há de Lolita Pille, 22, que se tornou fenômeno em seu país (e aqui) ao contar suas aventurais sexuais e entorpecentes em "Hell", a Michel Butor, 79, um dos expoentes nos anos 50 do nouveau roman.

Há best-sellers consolidados como Marc Levy, apelidado de "Dan Brown francês" por ter desbancado "Código Da Vinci" do topo da lista dos mais vendidos na França com o seu "Da Próxima Vez". E há apostas de renovação estética como Marie Darrieussecq, de "Porcarias", e Martin Page, de "Como me Tornei Estúpido".

A excursão permite aos brasileiros conhecer um pouco desses autores, e dá a estes, no sentido inverso, a chance de conhecer uma realidade diferente da francesa. "Eles deviam ouvir mais os próprios pensadores, como Sartre, que escreveu há muito tempo: "De agora em diante, as bocas falam por elas mesmas". Eles são muito fechados na própria cultura, autocentrados", opina a crítica literária Beatriz Resende.

Para ela, a França não deixou de ser o centro literário do mundo simplesmente por uma questão socioeconômica --a hegemonia norte-americana. Os grandes escritores do passado teriam se tornado uma espécie de cânone, e os novos autores não estariam conseguindo se libertar das amarras.

"Balzac escrevia sobre o cotidiano, coisas banais. E o presente da Europa hoje são migrantes, negros, misturas. A Inglaterra hoje é Hanif Kureishi, um escritor de origem indiana. Como ele diz, sem mistura não dá", diz Resende, que não vê essas misturas sociais e estilísticas acontecendo tanto na França. Por isso, considera interessante quem se arrisca a falar do presente. "É preciso engolir Lolita Pille", brinca.

Alguns dos escritores que estão chegando ao Rio não se encaixam tão bem em um cânone. Hafid Aggoune, por exemplo, tem as misturas no sangue: o autor de "Os Amanhãs" é francês com antepassados africanos e espanhóis.

Serge Patient nasceu na Guiana Francesa e, tanto na literatura quanto na militância, tem como temas principais a escravidão e a cultura negra. Já Stéphane Heuet teve a coragem de adaptar o clássico "Em Busca do Tempo Perdido", de Proust, para a linguagem dos quadrinhos. As edições têm feito sucesso entre gibizeiros e acadêmicos.

Outro destaque é o fotógrafo cego Evgen Bavcar, esloveno radicado na França que construiu uma obra impressionante apesar (ou por causa) da sua deficiência.

"A vinda dos franceses tem mão dupla. Estão chegando editores e agentes que poderão levar livros de autores brasileiros. Queremos reforçar nossa presença lá", ressalta Paulo Rocco.

A despeito da maciça presença francesa, o maior nome da bienal é americano: Tom Wolfe. O australiano DBC Pierre, o irlandês Colm Tóibin e o inglês Oliver Sacks são outros fortes nomes "anglos".

Da Noruega, vem o principal autor do país: Lars Saabye Christensen; da Espanha, José Ovejero; e do mundo luso, a portuguesa Dulce Maria Cardoso e o angolano José Eduardo Agualusa. Estarão na companhia de 230 escritores brasileiros, como Luis Fernando Verissimo, Jô Soares e Ferreira Gullar, colunista da Folha.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre a Bienal Internacional do Livro do Rio
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página