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16/05/2005 - 19h49

Cannes só reflete visão do homem branco, diz cineasta indiano

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da France Presse, em Nova Delhi

O chamado cinema de Bollywood começa a abrir espaço nos cinemas do Ocidente, mas ainda não conseguiu chegar aos grandes festivais, porque continua sendo tradicional demais, exagerado e vazio, segundo críticos indianos.

Inegavelmente, o cinema produzido em Mumbai (apelidado de Bollywood), cheio de romances, cenas de ação em cenários de palácios "kitch" e ao ritmo de canções populares, danças lânguidas e lutas ardentes, tem o seu público.

Em Nova York, o Lincoln Center organizou, em abril passado, um festival dedicado ao ator Amitabh Bachchan, o De Niro indiano, enquanto as canções de Bollywood viraram moda nas discotecas há dois anos.

Em Paris, o Centro Pompidou apresentou em 2004 a maior retrospectiva dedicada ao cinema indiano na França, na qual o cantor "Pascal of Bollywood" virou um sucesso, com suas canções 'disco-hindi'.

Entre 17 e 22 de maio, Madri sediará a quarta edição do festival ImagineIndia, em que serão exibidos 36 filmes, documentários e videoclipes, antes de uma turnê por outras cidades espanholas.

No entanto, o cinema indiano continua enfrentando problemas para chegar ao grande público ocidental e entrar nos grandes festivais.

A presença da atriz indiana Nandita Das no júri do Festival de Cannes, cuja inauguração foi anunciada pela belíssima Aishwarya Rai não fazem esquecer da ausência do cinema indiano em qualquer das seções, apesar de cinco filmes asiáticos estarem na disputa pela Palma de Ouro.

"O cinema indiano é capaz de ir a Cannes?", questiona o jornal "Times of India".

O país é o primeiro produtor de filmes do mundo, com mais de mil longas-metragens ao ano e um orçamento de cerca de 57 bilhões de rúpias (US$ 1,3 bilhão) em 2004.

Mas a brecha cultural continua sendo muito grande, particularmente em relação ao Ocidente.

"Nossos filmes não interessam no exterior simplesmente porque não fazemos um bom cinema. Repetimos as mesmas histórias e não temos nada de excepcional para mostrar", declarou o diretor Sudhir Mishra ao "Times of India".

Para outros, são os festivais os que teriam que se adaptar à realidade, pois estes filmes batem recordes mundiais de público na Índia (3,1 bilhões de ingressos vendidos em 2004), e seus astros são endeusados.

"Cannes, como todos os festivais, é um clube onde só prevalece o julgamento do homem branco, que acredita saber, a todo o momento, como dirigir o mundo, inclusive o cinema. Mas aqui tenho um público de mais de um bilhão de pessoas", declarou o diretor Mahesh Bhatt.

A falta de visibilidade também é outro fator. Enquanto os grandes festivais insistem com freqüência nos filmes independentes, o cinema autoral é quase inexistente em Bollywood. Na Índia, os filmes regionais de pequeno orçamento não encontram distribuidores.

"Assim, o mundo acredita que a Índia se limita a este tipo de cinema", feito em Bollywood, lamentou o diretor Rohit Sharma em declarações ao "Times of India".

Ausente das seleções, o cinema indiano está presente no mercado do filme de Cannes pelo terceiro ano consecutivo, com 70 longas-metragens, sinal de abertura, mas também de atraso.

"Somos incapazes de introduzir nossos filmes nestes festivais. Bollywood ainda não tem lobby, é preciso que nos organizemos para estarmos mais presentes nestes festivais", avaliou Ravi Chopra, o produtor mais importante de Bollywood.

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