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26/05/2005 - 12h16

Preconceito ainda é enorme, diz editora da "G Magazine"

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CAMILA MARQUES
da Folha Online

Público fiel e vendas crescentes. Estes seriam dois dos ingredientes necessários para qualquer revista garantir anunciantes, certo? Não necessariamente. Apesar de um público fiel e o crescimento das vendas a cada ano, a revista "G Magazine", voltada para o público gay, enfrentas há oito anos lutas diárias para convencer alguém a anunciar em suas páginas.

"Se eu desistisse por causa do não, nem o número 1 teria saído", disse à Folha Online Ana Fadigas, editora da revista desde o lançamento, em 1997. Segundo ela, a batalha para captar anunciantes não ligados ao ambiente gay (saunas e casas noturnas, por exemplo) é difícil e acaba sempre no "corpo a corpo".

Divulgação
Ana Fadigas, editora da "G Magazine"
Ana Fadigas, editora da "G Magazine"
"Depois de muita conversa, eles [anunciantes] acabam vindo até a redação, conhecem nosso trabalho, vêem nossa seriedade e comprometimento. Só então topam ou perdem, mesmo que em parte, o medo de anunciar numa revista voltada para homossexuais."

O mesmo ocorre com as personalidades ou atores convidados para ser capa. Na avaliação da editora, que há 27 anos trabalha com revistas, a abertura social para o movimento GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros) deu passos "gigantescos" nos últimos anos. Um exemplo é a parada gay de São Paulo já ser a maior do mundo em público e, segundo ela, com espaço para crescer.

"Por trás das cortinas dessa festa, da queda do preconceito apregoada por tantos, coisa que sem dúvida é importante, as coisas acontecem muito mais lentamente", diz.

Ana diz que as dificuldades vivida pela "G Magazine" refletem como a engrenagem funciona na realidade.

"Mudar a cultura é algo que ocorre devagar, mesmo. Melhoramos 1.000%, mas ainda faltam mais 3.000%. Eu jamais imaginaria, há três ou quatro anos, um personagem gay de destaque na novelas das oito, quanto mais no 'Big Brother'. Isso é uma vitória."

Sobre o preconceito, Ana considera importante a mídia divulgar casos de homossexuais que conseguem vitórias em partilhas de bens, por exemplo, ou de casais de lésbicas reconhecidas pela Justiça. Ela diz que parece óbvio o destaque para tais histórias, mas que no passado não era bem assim.

"Só assinei o primeiro editorial da 'G' porque simplesmente nenhum dos jornalistas que convidei aceitou. Aliás, quando contei a amigos o plano da revista, ouvi comentários preconceituosos, me perguntavam por que eu queria mexer com esse público. Hoje, ainda bem, tudo é diferente. Sem a mídia, a discussão perderia força".

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