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14/06/2005 - 09h33

The Kills e MC5 se encontram em festival em São Paulo

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THIAGO NEY
da Folha de S. Paulo

É como se o velho e o novo nunca tivessem se encontrado de forma tão natural. Totem do rock de garagem, o histórico MC5 fechou sua primeira apresentação no Brasil dentro do Campari Rock. Banda que faz parte do batalhão de infantaria do recente ressurgimento do rock de garagem, a dupla The Kills também está confirmada no festival.

É a chance única de assistir ao lendário MC5 em nova encarnação, e o The Kills, nome já estabelecido naquilo que foi batizado de "novo rock" após o aparecimento dos Strokes, em 2001.

Antes um quinteto surgido em Detroit nos anos 60, o MC5 excursiona atualmente com três de seus integrantes originais: o guitarrista Wayne Kramer, o baixista Michael Davis e o baterista Dennis Thompson. Eles vêm ao Brasil com um vocalista convidado --ainda não divulgado.

O Kills chega ao país também pela primeira vez, após o lançamento do elogiado "No Wow", o segundo disco, e de apresentações nos festivais Coachella (EUA, em abril) e Glastonbury (no dia 24 deste mês, na Inglaterra).

O festival acontece entre 12 e 14 de agosto, em São Paulo, em local a ser definido. As duas bandas se juntam à inclassificável dupla de DJs escocesa Optimo, à dupla franco-americana de rock Berg Sans Nipple, ao grupo de rock sueco Dungen e ao DJ/empresário escocês Alan McGee --a dupla eletrônica Fixmer & McCarthy está para ser confirmada.

Não é só. Treze nomes nacionais estarão no evento, entre eles Forgotten Boys e Cansei de Ser Sexy, talvez os dois shows mais animados e indispensáveis do rock/pop brasileiro hoje.

O festival terá um dia mais pop/eletrônico (12 de agosto), encabeçado por The Kills e Optimo, outro (13/8) mais rock, liderado pelo MC5, e o encerramento (14/ 8), com Alan McGee (dono do selo Creation, que lançou nos anos 90 bandas como Oasis e Primal Scream) como DJ.

Organizado pelo jornalista e promotor André Barcinski e pelo colunista da Folha Lúcio Ribeiro, o Campari Rock terá ainda palestras de artistas e festas espalhadas por oito clubes de São Paulo.

The Kills

Nome de ponta do novo rock de garagem que conta também com Yeah Yeah Yeahs e Strokes, o Kills é formado pelo inglês Jamie Hince (ou Hotel) e pela americana Alison Mosshart (ou apenas VV).

Em 2001, Hotel vivia em Londres, era um desconhecido guitarrista, enquanto Alison morava na Flórida cantando no também desconhecido Discount. Em uma viagem à Inglaterra, os dois se encontraram e, depois, passaram a trocar fitas, letras e filmes caseiros. E fizeram um pacto: iriam parar tudo o que estavam fazendo, formariam uma banda e se dedicariam exclusivamente a ela. E surgiu o Kills.

"Vivíamos muito distantes um do outro. Tínhamos quartos cheios de fitas que ninguém escutava, cheios de filmes que ninguém queria assistir, e escrever e compor era obsessão para nós", disse Hotel à Folha.

Outra obsessão dos dois --e o que os ajudou nessa união--, foi a paixão pela atriz/modelo Edie Sedgwick, presença constante na turma de Andy Warhol e do Velvet Underground nos anos 60, e da qual Hotel tem a biografia.

"Sempre acabo voltando para aquele livro, é muito inspirador, pois é a Nova York do final dos anos 60. O Velvet Underground não era apenas uma banda, não dá para dissociar a música de Warhol, de Ginsberg, da política, dos filmes da época... Era um caos criativo, sem regras. É o oposto do que ocorre hoje, em que as gravadoras se dedicam a absorver esse caos e transformá-lo em coisas simplórias, como vídeos da MTV, campanhas de marketing..."

A dupla é econômica ao extremo. Hotel fica na guitarra, VV leva os vocais. São amparados por uma bateria programada. "Não foi uma decisão planejada a de ser apenas nós dois. Falávamos sobre ter um tecladista ou um baixista na banda, mas estávamos tão entusiasmados do jeito que estava, e seria difícil encontrar alguém que se encaixasse no que queríamos fazer, pois não há nada formulado em nossa música."

É pouco, mas tiram muito daí. Costumam ser comparados a Sonic Youth, Royal Trux, Patti Smith, Velvet Underground. Gravaram dois discos: "Keep On Your Mean Side" (2003) e "No Wow" (05). "Não consigo descrever como soamos... Talvez como agonia, dor, alegria. "Keep on Your..." foi erroneamente descrito como uma celebração roqueira. Mas nós nunca nos afiliamos ao rock ou ao blues ou o que seja. Queremos ser uma banda que não se encaixa em nada, que caminha sempre para a frente. Por isso temos uma bateria eletrônica, pois não se encaixa em nada..."

Se para Hotel o Kills não se encaixa em nenhum rótulo específico, ele enxerga o rock atual com visões diferentes. "Uma vez que a porta foi aberta novamente para a música de guitarras, em 2001, apareceram uma enxurrada de bandas, como LCD Soundsystem, TV on the Radio, Electrelane. Uma coisa que não gosto é que, hoje, entrar numa banda de rock virou moda, um meio de ter uma carreira profissional de sucesso. Dá-se muito valor ao marketing, em fazer música que se encaixe nas rádios. Eu prefiro o caos."

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre o The Kills
  • Leia o que já foi publicado sobre o MC5
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