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15/06/2005 - 10h43

"Jackson deve ter molestado outros", diz jurado do caso

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SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S. Paulo, da Califórnia

"Eu acho que Michael Jackson provavelmente molestou (sexualmente) outros garotos", disse Raymond Hultman, 62, até ontem conhecido como "jurado número um" no julgamento.

A Folha conseguiu levantar os nomes e identificar oito dos membros do júri que inocentou Michael Jackson de dez acusações na tarde de anteontem, a mais grave delas a de ter molestado um garoto de 13 anos que se recuperava de um câncer.

Desde o final do julgamento e da entrevista coletiva oficial, o grupo vem descumprindo a ordem de silêncio imposta pelo juiz Rodney Melville, segundo a qual todos estão proibidos de falar sobre o caso, inclusive com a imprensa, por mais um ano e meio.

A determinação foi relembrada aos 12 membros pelo juiz Melville assim que o veredicto foi lido. Em vão. "Eu não posso crer que este homem dorme na mesma cama (com menores de idade) 365 dias seguidos e não fez nada mais do que assistir televisão e comer pipoca", disse Hultman ontem.

"Para mim, isso não faz nenhum sentido, mas também não faz com que ele seja culpado das acusações que foram apresentadas neste caso, e era baseados nelas que nós tínhamos de tomar nossa decisão", completou.

Raymond Hultman, cabelos e bigode brancos, engenheiro civil casado há 13 anos, com 4 filhos e morador de Santa Maria, a cidade californiana que sediou o julgamento, afirmou que, no início das deliberações --que duraram 33 horas, divididas em sete dias úteis--, apenas ele e dois outros jurados achavam que Michael Jackson era definitivamente culpado, mas que a maioria depois os convenceria que os indícios de prova não eram fortes os suficiente para condenar Jackson nas acusações sobre as quais eles tinham de tomar uma decisão final.

"Isso não quer dizer que ele seja um homem inocente. Ele só não é culpado dos crimes dos quais foi acusado (nesse caso)". As declarações foram dadas durante a noite de segunda para jornalistas credenciados na corte e repetidas ontem, na CNN e em alguns programas de TV noticiosos matinais. "O que eu não quero é dar a impressão de que foi uma decisão fácil", disse Hultman. "Nós discutimos as questões e chegamos a um veredicto que aponta para dúvida razoável [de que o músico seja culpado]."

Para Hultman, a promotoria apresentou indícios de prova fortes o suficiente para apontar um padrão de comportamento inapropriado de Michael Jackson com outros garotos, mas não com o então acusador. O que o incomodou particularmente foi saber que o vídeo em que menino em questão dá seu primeiro depoimento aos policiais foi feito depois de ele ter falado com dois advogados e um psicólogo.

"As coisas poderiam ser totalmente diferentes se a família não tivesse procurado os advogados antes", disse. "Mas não tenho nenhum problema com a decisão que tomei", resume. "Tenho, sim, com o comportamento de Michael Jackson, espero que ele reconheça que é um problema sério. Eu aprendi muito com este caso, espero que ele também."

Com ele concorda o presidente do júri, Paul Rodriguez, 63, um conselheiro de escola aposentado até então identificado como jurado número dois. "Os jurados estavam muito preocupados com o fato de que Michael Jackson dorme com menores", disse ele. "Esperamos que ele não faça mais isso, que ele aprenda que (os menores) devem ficar com suas famílias ou nos quartos de hóspedes ou seja lá como isso é chamado lá [em Neverland] e que ele seja mais cuidadoso na maneira como se porta perto de crianças."

Os jurados são unânimes também na estranheza em relação a Janet Arvizo, a mãe do então acusador, e seus testemunhos. "Quando ela olhou para nós, apontou os dedos algumas vezes e disse "Você sabe como nossa cultura é", piscando para mim, eu pensei, "Não, nossa cultura não é assim'", disse Rodriguez, de ascendência latina, como Arvizo. A mãe do menino deu nos nervos também de Eleanor Cook, 79, a jurada número cinco: "Odiei profundamente quando ela fez isso e pensei, "Não aponte seu dedos para mim, senhorita!'".

Para ela, a mais velha do grupo, que morou em Santa Maria sua vida inteira, é avó e teve um membro da família condenado por ofensas sexuais, foi o clima de atuação do testemunho da mãe que a incomodou. "No documentário [feito pelo time de Michael Jackson para refutar as acusações e depois exibido no julgamento], ela aparecia atraente, com maquiagem", lembra. "Quando veio testemunhar, estava com o cabelo desgrenhado, como a Madre Teresa depois de uma chuva. Ela estava tentando fazer com que tivéssemos dó."

Tom Sneddon, o promotor do caso, cujo mandato termina no ano que vem, disse ontem que "provavelmente não desistiu" de provar que Michael Jackson é pedófilo: "Nós vamos examinar qualquer outro caso que chegue aqui sobre esse assunto".

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